SONETOS: "AS RAÍZES DA POESIA"
Autores: Vitor Castanheira e Ró Mar.
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I
É sobre a poesia que eu me deito
Entre lençóis que são palavras virgens
Cobertas com o trato do meu feito
Que em sonhos voltam sempre ás origens
Dedicados às estrelas que iluminam
E beijam o meu rosto enluarado
Que ri da pequenez e me fascinam
Com que vai soletrando este meu fado
Porque sou forte: digo-me um poeta
Arrojado até cínico ou mordaz
Desfaço a trama sem ter preconceito
E parto eu mesmo à minha descoberta
Faço-me na aventura ao ser capaz
De num poema voar, sempre a direito.
© ARIEH NATSAC
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II
"De num poema voar, sempre a direito,"
Aflorando a raiz da existência
Num momento de luz a preceito
Escrevo a verdadeira essência;
Tudo o que me vai n' alma ao ritmo
Do vento, inspirado pela musa,
Tem encanto redobrado do intimo
E do infinito na vida Lusa.
Numa breve melodia descrevo
O que foi, o que é e o que será meu e teu,
Sempre a voar p'la natureza a eito;
E sem querer as sílabas são relevo,
Que voa p'los telhados até ao céu,
Da transparência que há em meu peito.
© Ró Mar
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III
"Da transparência que há em meu peito"
Todos podemos ver à claridade
A qual guardo com todo este meu preito
Despontando na luz da minha idade
Sou um misero ponto do universo
Que passa no terreiro desta vida
Resguardo em cada dia mais adverso
Querendo ter sob o céu minha guarida
Faço em tantas palavras horizonte
Como se elas fossem fresca fonte
De silabas bebidas sem ter hora
Aonde tanta boca vai beber
A delícia mesclada de prazer
Como querendo ter esta senhora.
© ARIEH NATSAC
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IV
"Como querendo ter esta senhora"
Em seu viver, como se fosse cura
Para todos estes males d' agora,
Que vão espantando a secura...
Duma humanidade desprovida
De essência e dom pra fazer poesia
Do nada; acrescentar mais luz à vida
Sem querer ser mais do que a melodia;
Todos a querem possuir e viver
Nela, mas, ela não se deixa iludir
Por qualquer ser que diz ser um poeta;
A semente que nasce em cada ser
Tem raiz nos imortais e pra coexistir
Connosco a colhemos violeta.
© Ró Mar
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V
"Connosco a colhemos violeta"
No teu jardim repleto de sol posto
Com odores que embelezam sendo a meta
Aonde poderei marcar teu rosto
Voo à tua volta como abelha
E vou sugando o néctar do prazer
Com olhar desse fogo qual centelha
Que me trava desejo em te colher
Mas quando a noite cai e a solidão
Me vem servir de manto e me cobriu
Dessa sorte aziaga que em mim corre
Sinto o vento tombar em rude chão
As pétalas que abalam em desvario
E sendo um dia a mais que vai e morre.
© ARIEH NATSAC
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VI
"E sendo um dia a mais que vai e morre"
É um triste destino que consome
Todos os que persistem em subir a torre
Sem escalar dia-a-dia o que some...
É degrau a degrau, um passo à vez
E de vez enquanto, que o subir
Tem o seu préstimo e solidez,
Pra ousar ao ultimo degrau ir;
Vem à ideia a borboleta a voar
Sem destino, de que serve as asas
Se a alma não as acompanhar?
O que importa mais um dia viver
Quando os sentimentos são as casas
Desabitadas da raiz por nascer?
© Ró Mar
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SONETOS: "AS RAÍZES DA POESIA"
Autores:
ARIEH NATSAC [Vitor Castanheira]
https://www.facebook.com/vitor.castanheira
Ró Mar
https://ro-mar-poesia.blogspot.com
ARIEH NATSAC [Vitor Castanheira]
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Ró Mar
https://ro-mar-poesia.blogspot.com
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Sonetos Do Universo | 2020/08/06