EFEMÉRIDE - ANTERO DE QUENTAL


ANTERO TARQUÍNIO DE QUENTAL



Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.


Soneto de Antero de Quental (manuscrito) 


Homenagem de José Manuel Cabrita a Antero de Quental


Toda a humanidade se questiona constantemente. Questiona-se quanto aos mistérios do universo. Questiona-se quanto às origens da vida. Enfim, vive perguntando PORQUÊ?
Também o poeta Antero de Quental não foi excepção; apesar da sua grande capacidade mental e conhecimento, pautou a sua vida numa busca constante de respostas às suas inquietações sobre as capacidades e atitudes divinas.
Entende-se nalguns poemas seus uma quase assumpção da figura de Ateu mas sempre expectante que surgisse uma luz a contrariar as suas ideias.
Morreu sem ver esclarecidas as suas dúvidas existenciais.
Dedico-lhe dois sonetos que pretendem reflectir a sua luta interior de um sentimento constante de desacreditar nos valores que a sociedade lhe transmitia.


DÚVIDAS EXISTENCIAIS DE ANTERO DE QUENTAL


Eterno insatisfeito m’interrogo,
Deixando que a ciência me responda,
Tudo o que ela saiba e nada esconda,
Que seja desta mente o desafogo!

Se a terra é achatada ou é redonda?
Se as origens são como eu advogo?
Onde todo este chão já foi um fogo,
E hoje é vegetação e é mar e é onda…

Que pela evolução seja explicada,
Toda a forma de vida anunciada
Sem a intervenção de algo divino!

É esta ansiedade que me aflige,
O querer ter razão que a mente exige
E me traz em constante desatino…

 José Manuel Cabrita Neves


DÚVIDAS EXISTENCIAIS DE ANTERO DE QUENTAL (II)


Duvidosa existência no meu crer,
Serás talvez apenas invenção…
Alguém justificando a criação,
Te deu, numa palavra, a conhecer!

És a paz, o amor, és o perdão,
Sempre solicitado a interceder,
Porém como ninguém te pode ver,
Simplificando, és imaginação!

Sentindo precisar de um salvador,
A quem possa pedir algum favor,
Criou a humanidade essa figura!

Não pode assim o homem recorrer,
A essa divindade, sem esquecer,
Que é o seu pensamento a criatura!...