quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FELIZ ANO NOVO...


Imagem - Bruna Wolforever


FELIZ ANO NOVO...


Aí está o novo ano...
chega frio e deslumbrado
pleno de oportunidades
de ser feliz ou infeliz
bom ou mau
ou nem por isso...

A génese foi lá no fundo
no começo do tempo...
demorou a chegar
e não será o último
fazendo futurologia...
haverá muita noite, muito dia
muita tristeza e alegria
haverá um novo horizonte
para pintar auroras e poentes
sóis vibrantes, madrugadas...
sonhos levados da breca
palhaçadas
e mais esperanças goradas
crises e hipocrisias
eleições
maçadas
cantorias...
Porra!!!
será que não vai haver
nada de realmente novo?
novinho em folha?
assim, tipo, um rebento
num velho tronco?
uma nascente inesperada
numa fenda oculta da vida?
vento
quartzo hialino
vontade de cantar
e de agarrar o momento
e de abraçar o destino...?

r.r. | Rosa Ralo

PARA, ESCUTA E AMA!


Para, escuta e ama!


Nunca gostei de espezinhar
Aqueles que são mais fracos
Nem eles de mim iriam gostar
Se os arrumasse como sacos

Vejo por aí muita gente letrada
Com ímpetos de só fazerem mal
Olvidam a pobreza envergonhada
E eu lembro que a ela podia ser igual

Agora que o ano velho se está a ir
E cada vez o novo está mais perto
Chamo a atenção para esse sentir
Para que o vosso amor seja desperto

Despertai o amor que há em vós
Dai um pouco pelos outros
Pelos fracos darei sempre a voz
Nem que digam que é de loucos

Quero ser louco assim
Quero viver esta loucura
Revejo as flores do meu jardim
Para elas um ano de Boaventura

São os meus desejos especiais
Para o ano que se vai iniciar
Não haverão anos iguais
Mostrem neste o vosso amar

Amem-se pois dessa maneira
Façam algo pela vizinhança
Lembrem-se que uma brincadeira
Pode ser espaço de esperança.

Armindo Loureiro 

LAMPEJOS DE LUAR


Imagem - Google


LAMPEJOS DE LUAR


Despeço-me do ano
Entre lampejos de luar
Espelhados em meu olhar
Afogueado d´azul...
Meu espirito lúcido?!
Dissipando o prelúdio,
No mar ofegante!...
Seu verdadeiro fôlego!…
Elevado no mundo,
Ávido, profundo,
Feito eterno petiz...
Que expande feliz
Do seio fecundo,
Pedindo aos Céus
De ora em diante:
Mil chuvas de bênçãos;
Centelhas de esperança;
Mil hortos em flor…
Mil anjos de luz cantando,
Um fraterno cosmos 

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

QUE O NOVO ANO SEJA O MEU E O TEU SUCESSO!


Imagem - Beautiful Word, Nature, Love, Art.


QUE O NOVO ANO SEJA 

O MEU E O TEU SUCESSO! 


Que o Novo Ano nos traga a paz, a justiça e o amor;
Que tenhamos consciência e a mente aberta à humanidade;
Que façamos com dignidade o bem maior;
Que amemos o próximo e a todos num laço real de amizade.

Que o Novo Ano não seja mais um ano em branco ao progresso;
Que tenhamos todos a coragem e audácia de bem dizer;
Que façamos com humildade e diplomacia o tempo ser;
Que vivamos respeitando estratos ou estatutos, os que houver;

Que sejamos o bem maior, em todo o sentido lato da palavra, e sempre.
Porque podemos sempre ser mais e melhores;
Porque está nas nossas mãos a vida que temos e queremos dar;
Porque há luz que abrange todos e nela podemos não só sonhar…
Sobretudo realizar;

Porque a vida é um milagre, sejamos gratos e maiores;
Porque eu e tu somos nadas… juntos somos mais e melhores;
Porque a felicidade se constrói, em pequenos nadas, hoje para o sempre.
Que o Novo Ano seja o meu e o teu sucesso.

Obrigado amigo por estares a meu lado
Que a vida te sorria sempre.
Acredita que te amo e que serás sempre
O meu pilar e o que tenho de melhor ao lado.

® RÓ MAR

ÉS GENTE...




ÉS GENTE...


Hoje,
toca-me,
a fome,
toca-me,
a sede,
toca-me, 
tudo o que
me dói,
toca-me, 
tudo o que,
me mente,

hoje,
toca-me,
a distância,
toca-me,
a ignorância
toca-me, 
tudo o que,
morre,
e cuja morte,
é indiferente,

hoje,
toca-me,
a minha,
falência,
toca-me,
a minha, estúpida,
inteligência,
toca-me,
tudo o que,
o que não,
quero,
menos,
esta, 
impaciência,
quase,
prepotente,

de voltar,
a viver,
de voltar 
a sorrir,
de voltar,
a amar, 
de voltar,
a dizer,

Amo-te,
Rosa,
mesmo, 
imperfeita.

és,
gente...

rosamar

SENTARAM-SE À MESA


SENTARAM-SE À MESA


Marcaram um encontro,
sentaram-se e puseram-se a falar.
Tiraram as flores do centro,
dispensaram os pratos e os talheres.
Jogaram a fome à mesa –
viam-se corações desfeitos em pedaços
e as lágrimas que molharam a toalha.
Saciaram a fome incontida
pelos sonhos desfeitos em palavras.
Juntaram as forças que não tinham,
levantaram-se e deixaram aquele lugar
e a mesa vazia que guardava em segredo
o silêncio daqueles pedaços.

Saíram da sala 
carregaram a carne cansada 
e as forças que se perderam.
Agarraram-se como podiam
à procura do conforto negado pela comida. 
Sentiram frio, entregaram-se ao calor dos corpos
que a noite aquecia.
Esqueceram-se das palavras deixadas para trás
porque nada diziam, apenas sentimentos
se faziam sentir.
Rejeitaram os prazeres do jantar
abriram as portas ao amor que os prendia.

Fernando Figueirinhas

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

NATAL RURAL




NATAL RURAL 


Vês, ó Maria, como temos economia?
Não nos importa, pois, vivermos como pobres
Pois não nos falta nem saúde nem alegria
E somos tão felizes como são os nobres:
Temos o ar dos campos, o fresco da verdura,
Temos a vida sossegada desta aldeia,
Temos connosco os animais e sua ternura
E à noite sobre a mesa a luz duma candeia.

Vês, ó Maria, como é possível a harmonia?
Não importa se é pura a água da ribeira,
Pois temos toda a luz do sol durante o dia
E à noite não nos falta o lume da lareira.

Sobre a cidade não há estrelas a brilhar
Nem se ouve p´ la manhã da cotovia o canto 
E à nossa porta o galo vem-nos despertar
Neste Natal que temos e qu´ é nosso encanto!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

BOM NATAL!


Foto do autor - Penafiel


(BOM NATAL!)



Natal é amor. Só pode ser. Não pode ser nada mais.
Mas, se pode ser mais, é mesmo muito pouco mais.
Natal é nascimento. 
Que nascimento não deriva de amor

ou não dá origem a um amor?
Natal é celebração de aniversário de um nascimento.
Que aniversário não celebramos por amor a alguém
ou pelo amor que alguém nos tem?
[Por amizade também – mas ela é, também,
um derivado de amor]
Natal é amor, sim. E é o que vem depois do desamor,
que, depois de um, há um novo amor que nasce,
mesmo que não num dia vinte e cinco,
mesmo que não num mês Dezembro,
mesmo que não se acredite, ou não se perceba,
que o Natal é isto, sim.
Sim, é isto o Natal. E é reencontro após saudade,
abraço com braços e peito após um com almas longe,
reconciliação após desavença,
importância após indiferença,
atitude após inércia,
carinho sem presente após presente sem carinho,
e qualquer outra coisa melhor que nasça
depois de outra pior que, por fim, desvaneça.

Se não é, que a humanidade do Homem renasça,
e que se venha, de novo, a dar à luz o bem de todos.

Sérgio Lizardo

BOAS FESTAS


Imagem -  Celebrate Life Gallery - Dave & Debra Vanderlaan 


Boas Festas


eu não saberia rezar
sem cantar...
talvez ninguém oiça
esta minha voz
judia e moura
oscilante
entre minguantes de lua
flamenco dolorido
e cante alentejano...
alma perdida
por planícies, praias e rocha
horizontes vermelhos
cigana de Deus
esse Deus que não partilho
porque guardo comigo mesma
porque só ele me apara
na derrocada de mim...

BOM NATAL...


Bom Natal…


Demos graças ao nascimento
De Ti ao meu Menino Jesus
Foi graças a esse momento
Que em mim se ascendeu a luz

A luz que me alumiou
Para a vida que tenho agora
Fostes Vós quem me amou
E me destes uma boa hora

Por isso que seja sempre Natal
Nos homens de boa vontade
Que o dia seja sempre igual
Para do Natal haver saudade

São estes pequenos momentos
Que temos que sempre recordar
Acabem-se com os tormentos
De quem não tem quem os amar

Agora para isto terminar
Quero a todos desejar
Um Natal onde o amar
Não seja questão do rimar!

Bom Natal a todos os amigos
Deste amigo incondicional
Às vezes não sei o que digo
Mas o que digo é bom sinal

Armindo Loureiro 

FELIZ E SANTO NATAL


Imagem - Merry Christmas - Mila Marquis


FELIZ E SANTO NATAL


Mais um ano se passou
e outro está a chegar,
com rabanadas e polvo
para comer ao jantar.

Estou aqui de passagem
para a todos desejar,
tenham um Natal alegre
e muito amor para partilhar.

Aqui deixo um abraço
recheado de amizade
um baú cheio de beijos
um coração com saudade.

Margarida Fidalgo

NATAL... ESPERANÇA E PAZ


NATAL...

ESPERANÇA E PAZ


O céu beijou a terra com amor
E a terra comovida estremeceu,
Uma estrela brilhou com mais fulgor
E logo em Belém Jesus nasceu.

Na paz e na humildade do lugar,
Entre os animais, chegou por bem,
Anjos e querubins vieram cantar,
Cânticos de louvor a sua mãe.

Gozavam nos palácios os tiranos,
Corriam pelo os montes os pastores,
Dormiam os carrasco e profanos,
Enquanto que do céu choviam flores.

O templo do Senhor se profanava
Com montes de heresias, vendilhões,
Enquanto que o sultão se banqueteava
No harém com luxuria e ilusões.

O povo que da terra colhe o pão
Regado com suor e muitas dores,
Ergueu-se para Deus numa oração
Com fé, amor e preces de louvores.

Este foi o Natal do bom Jesus,
A todos nós assim quis mostrar,
Que é nosso Salvador, morreu na cruz,
Assim com muito amor nos veio salvar.

Abílio Ferradeira de Brito

POR SER NATAL...


Por ser Natal…


Hoje pensando bem
Não sei o que estou a fazer
Martelo letras como convém
Será que ao ler sentirei prazer?

Se calhar nada sentirei
Mas contudo quero continuar
Porque às palavras meu amor dei
Para que delas pudesses gostar

Escrevo-te assim desta maneira
Ao correr dos meus dedos
Gosto muito da brincadeira
E de ti escondo meus medos

O medo de tu não me leres
Pelo menos como gosto de ser lido
Ao correr das linhas os teus prazeres
Serem a imagem do amor prometido

Queria olhar para o teu olhar
Queria vê-lo em mim reflectido
Para saber se me queres amar
Ou se já não sou por ti querido

Se calhar nada disso acontece
Pois o tempo já tudo apagou
Mas contudo vem, tu aparece
Vive por aqui quem já te amou

Nunca me faças a desfeita
De aqui não passares o olhar
Um olhar sempre se ajeita
Quando a dona nos quer amar

Armindo Loureiro 

sábado, 20 de dezembro de 2014

NATAL (I)




NATAL (I)


Caem farrapos de neve,
De branco, as folhas cobrindo…
E numa passagem breve,
Uma aragem fria e leve,
Da branca serra vem vindo…

Arde um madeiro imponente,
No chão de cada lareira,
Onde a brasa acesa e quente,
Acalma o frio que se sente,
Que pelas frestas se esgueira!...

É o Inverno a rigor,
Sempre a si próprio igual,
Que no frio, trás o calor
Dos corações com amor,
A celebrar o NATAL!...

© José Manuel Cabrita Neves

NATAL



Poema e Imagem de Paula Delgado


O DEBATE DA LAPINHA




GLÓRIA A DEUS, DIGNO DE UM AMOR PROFUNDO 
E PAZ AMIGA A TODOS OS SERES DO MUNDO!

 O DEBATE DA LAPINHA


Muito perto de Belém
Fica a Casa do lamento
A quem a muitos convém
Dar nome de Parlamento.

Parlamento, pela grei,
É tribuna de verdade
Ali nasce toda a lei 
Num berço de raridade.

Os eleitos da Nação
Brilhantíssimos alunos
Assumem digna função
Na qualidade de tribunos.

Em todo e qualquer problema
Da vida da cidadania
Debate-se tema a tema
Na melhor democracia.

Nesta quadra de Natal
O que talvez mais convinha
Era fazer tal e qual 
Ao debate da Lapinha.

Falam os progenitores
Que deram vida à criança:
- Ai José, dos meus amores,
Onde puseste a Esperança?

José, de olhos reféns,
Apontou para o Menino:
- Ó Maria, aqui a tens,
É este o nosso destino!

Diz Maria, desolada
Sem cobertores nem pão:
- Ó José, não temos nada,
Qual a melhor solução?

E José, imperturbável
Olhando ao longe a ribeira:
- Temos água admirável,
Palha e leite mesmo à beira.

Respondeu logo o boi bento,
Cheio de brio e enfeite:
- Dou a minha para alimento
E tu, vaca, dás o leite…

Disse o pastor do cajado:
- Já dei ao Menino um beijo
E trago no alforge guardado
Um naco de pão com queijo.

- Junta-te a mim, diz o bento,
Bafejemos a manjedoura 
Pro Menino o aquecimento
E um sorriso a cada hora.

Não reza a história dos fracos
E os fortes só vêm riqueza
Mas têm a alma em cacos
E um coração de pobreza.

Em toda a santa Lapinha
A luz do amor renasceu
E num hossana, em ladainha,
A Esperança à terra desceu.

Neste Natal benfazejo
Brilhe na terra mais Luz
Num só e único desejo:
José, Maria e Jesus!

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA

O ESPÍRITO DO NATAL (2014)



 

O ESPÍRITO DO NATAL (2014)


Estava escuro. 
Havia uma necessidade acima de qualquer desejo.
Pensaram num bem maior, talvez num ser.
Faltava encontrar aquilo ou aquele que os transcendia.

Encontraram símbolos, longe do que queriam,
mas havia um sentido apesar de equivocado. 
Jamais pensaram que outro igual nascesse, 
que de imenso se tornasse o mais pobre dos iguais. 
Fez-se luz na imensa escuridão, 
que escolheu o estábulo para nascer,
forma humana onde o Ser se escondeu -
acendeu-se a luz indiferente à condição
que a muitos envolvia.
Vieram pobres e reis para ver o símbolo
realidade do sonho que foi até àquele dia –
todos se ajoelharam perante Aquele que nascia.
Aniquilaram-se as desigualdades,
o Amor vencia.
Passou a haver igualdade na descoberta
que movia o espírito para a transcendência.
Riqueza e pobreza conviviam 
como coisas limitadas ao tempo passageiro
onde o amor as suprimia.
Houve um primeiro onde há a razão
para todos assim serem.
Há um Natal que sempre se repete
enquanto houver amor 
capaz de transbordar para outro igual
semelhante ao maior.

Fernando Figueirinhas

UNA FLOR QUE NOS LAMPEJA!


    Imagem - Beautiful world. Nature, love, art.



        UNA FLOR QUE NOS LAMPEJA!


        Tocam as doze… os sinos lá, na Igreja,
        Una flor que nos lampeja!
        É estrela alva que a todos nós sobeja;
        Luz que ilumina o que tão se deseja!

        Paz e amor… o que reina lá, na Igreja,
        Não há porta que veja!
        Em nós a mão pequena, que tão almeja
        Gentes de tanta cor, que se festeja!

        É o nascimento do tão Salvador;
        É o Natal… na terra e lá… no céu! O amor
        Faz-se… e, escutam-se os corações; tal sóror
        É, digno de louvor, hino ao Senhor!

        ® RÓ MAR

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ENTRELINHAS


Entrelinhas


O silêncio gritava...
O tique, taque parecia estrondoso!
O piar de um pássaro noturno
ardia na alma do silêncio!

Quanto silêncio...

Quantos sons!

E num gritante respirar da noite, 
a voz se ouviu!
Era mais que uma voz, era um rosnar
do destino apontando para o vácuo.

Vazio infinito!

E a voz das entrelinhas não dava tréguas...
Era preciso lê-las, ou o silêncio as engoliria!

Então o leitor enfrentou o poeta,
e os versos foram sugados um a um,
dando voz à inspiração que brotara
do silêncio!

Elair Cabral!

ÂNCORA




Âncora!


Sou âncora de um pensamento, jamais esquecido, 
em que o homem do leme adormeceu 
caindo nas águas profundas de um rio.

Emaranhada em algas e perdida no tempo por lá fiquei, como o barco enraivecido 
em tormentas, onde o céu desceu para o beijar.

Ainda preso aquela âncora em que o pavio vai desfalecendo 
nas horas já gastas do pensamento entre o ontem e o amanhã, porque as lágrimas 
vertidas e retidas em imagens de um passado vivido 
e de um presente futuro, morrem no abismo 
negro desse mar.

Âncora enferrujada, despojada, abandonada, sem rumo 
esquecida, sem dó ou lamento neste agora que se perdeu.

Só restam as lágrimas
desse rio.

M.C. - Manuela Clérigo

terça-feira, 4 de novembro de 2014

AINDA NÃO TE DISSE QUE AINDA TE AMO


Imagem - Emozioni ed Atmosfere


AINDA NÃO TE DISSE 

QUE AINDA TE AMO


Ainda não te disse que ainda te amo,
Que ainda não te esqueci; não sei dizer
Ou até saiba, mas, sei que é longe a ser;
Nada escutas de mim, mas, amo-te.

Amo-te tal outrora, ou, até ainda mais,
Perco-me em entrelinhas e esqueço
Que nem entenderias que ainda penso
Em nós e o quanto ainda tenho a dizer-te.

Ainda não te disse que ainda te amo;
Nunca é tarde demais para o fazer,
Ou até seja, mas, jamais é demais;
Nada que o tempo não dê, porque amo-te.

Amo-te tal outrora, ou até ainda mais;
Quando escapulirem as turvas águas
De meu olhar, notarás o `Sol´ das tréguas
Então, dir-te-ei o quanto ainda tenho a amar-te.

® RÓ MAR

SONETO OUTONAL


SONETO OUTONAL 


Gotas de água deslizam nas janelas
E o vento agita as folhas no arvoredo
Que vão caindo tristes, em segredo
A denunciar as penas dentro delas.

As aves, ainda ontem sentinelas
Cantando ao desafio de manhã cedo,
Abrigam-se por hoje entre o vinhedo
Esperando que o sol chame por elas.

Também eu, com as penas engelhadas
Num fim de tarde muito denegrido,
Trauteio as minhas ânsias em baladas.

Compondo este soneto desvalido
Com as ideias meio emparedadas
Não oiço deste outono o seu ruído…

Mas cá dentro de mim, em sinfonia,
Sinto porém um disperso alarido
Com sonhos e emoções em sintonia.

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

DESEMBRULHO PALAVRAS...


Desembrulho palavras…


Escrevo-te aqui ao luar
No ventre do meu querer
As tuas paredes são de amar
Tua vida nelas sente prazer

Saco das gavetas palavras
Melhoro assim meu pensamento
São palavras que me foram dadas
Para em ti sentir este momento

Sois as mãos que eu quero ver
A desembrulhar palavras vivas
Há traços e riscos do meu crer
Nessas palavras por ti queridas

Jorram palavras nesse papel
Escorre a tinta do tinteiro
Nenhuma delas sabe a fel
Destinam-se ao mundo inteiro

Há palavras que me vestem
Desde a noite até ao ser dia
Quando assim que se prestem
Para te darem alguma alegria.

Armindo Loureiro 

sábado, 1 de novembro de 2014

N O V E M B R O


Imagem - Lo Charme è un nodo da stringere con stile


N  O  V   E  M  B   R  O


N   ovembro tem pitada de misticismo e largo coração,

O   tal décimo primeiro mês do ano!

V   erão de S. Martinho trajado de tradição,

E   ntre chuvas e ventos há fogueiras ateadas,

M   aré alta, trovoadas de castanhas assadas;

B  élicas parreiras que esparralham seu frutos

R   otulando a terra de safra diva, néctar de novo ano.

O   lvidai os maus presságios e colhei estes belos frutos!

TEMPORAL


TEMPORAL


A chuva beija-me a face, gotículas reluzem meus olhos.

Empoço meus pés, mesmo molhados, levitam conhecem
o caminho...

As roupas encharcadas, olhares curiosos, faces desconhecidas,
gracejos e sorrisos...

Minha mente alimenta-se da nona sinfonia, Beethoven acelera meu
coração...

Ponteio o céu, o vento afasta as nuvens, meu caminhar é leve, meu
coração acelera...

Atento-me a uma sombra de corpo presente, enlaço-me nos seus braços,
banho-te com o doce e o sal, o amargo e mel...

Adentra no meu ninho, constata a escassa síndrome de cinderela.

Observa as rosas sem viço, saudosas das suas mãos, do brilho do seu
olhar...

Querido, tingi as paredes de azul, o cinza ficou envelhecido, isolado
no passado...

Ruborizo diante dos seus olhos castanhos, disfarço, desconverso, embaraço-me com o seu olhar,
sua ternura em falar...

Repouso meu cansaço no seu corpo.

Seu calor abrasa-me o corpo, numa febre que faz enlouquecer, nessa magia, somos apenas um
Eu sou você.

Rosely Andreassa

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O ÚLTIMO POEMA PARA TI...


O ÚLTIMO POEMA PARA TI...


Escrevi-te o último poema
depois vou esquecer-te
às vezes...
sempre que o coração deixar...

e sem pressa
sem tragédia
deito o olhar no crescente da lua
absorvo o aromas das rosas de outono
corro as persianas
acendo um candeeiro suave
sobre a poltrona

e com um sorriso doce
adormeço-te em mim...

r.r. - Rosa Ralo

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DIZER-TE QUE… É MUITO POUCO!


Imagem - Bellissime Immagini 


DIZER-TE QUE…

É MUITO POUCO!


Dizer-te que o Outubro está prestes a acabar
E que entre brincadeiras as bruxas rebolam
As abóboras-meninas de um final de mês;
Que o dia um de Novembro é os finados
E que vêem mais feriados
É muito pouco! 
Temos em frente um mês
De castanhas assadas ou piladas
E muito mais que o S. Martinho
Traz aos corredores das cidades
E erguem-se sementes pelos campos, que os enfeitam
De ervas e tais que erguem presépios lindos,
Algures nota-se rebentos de azevinho;
Crescem os pinheiros mansos que assentam
Em bom corte ao Dezembro que tem um lar!
Os ventos que embrulham este final de mês
Enrolam as folhas de Outono em chuvas várias
E o Inverno tece as pinhas que tentamos colorar
Para dar graça às mesas de nossos lares;
Perdem-se algumas pelos trigais que são alento
De tantos outros e o Natal está à porta do coração!
Dizer-te que ainda ontem era Primavera
E que esteve presente um Verão
Pelo raiar do Sol que cativou o Outono, sonho
Que desperta ao Inverno de amanhã, é muito pouco!
Dizer-te que a vida é um conjunto de falácias
Que se deleitam no paraíso da natureza
E deixam saudades arquitectadas em múltiplos sentidos,
Cousas que se perpetuam e não têm mês,
Nem ano certo a ser;
Têm algo, um nó que se fez beleza
Quando nossos corpos fecundaram o luar;
Talvez um Agosto ou um Setembro ensolarado
Que não foi arrefecido, quis ir mais além;
E, vai germinando
Pelo ar o vento cálido que tem o pensamento!
Dizer-te que foram alicerces de quimera
É muito pouco! Teve que ser o que era
E é talvez 
Um pouco mais que utopia; 
É a vida que tem suas partituras;
Consolidaram-se as folhas caídas, brochuras
Que o tempo não consegue ler
Talvez um dia 
Seja Primavera outra vez;
Talvez assim consiga expressar
O quanto tenho a dizer-te!
Por ora deixo-te o sopro do vento
Que vem em boa-hora, Verão;
S. Martinho vem abençoar
As terras de alguém!

® RÓ MAR

ETERNO AGORA


Eterno agora


Minh’alma a espera
Com fé no amor recíproco
Fulcral firmado em quimera
Eterno hoje, integrado circuito...

Eternas horas..., eterno agora!

Distante olhar, retraído!
Horizontes vazios... Lânguido sonhar
É preciso mais corda... Ah, libido!
O tic tac não pode cessar...

O carmim nos sedentos lábios
Desbotam lavados pelo sal
Da lágrima teimosa, versos sábios,
Que vinca a alma em vendaval!

Cerra os olhos, encolhe o lume
Busca a lua aumenta a flama
Esvai-se o vagalume
Não vai à vazia cama!

E ali... Corpo entregue
Adormece mas, ainda espera
A revelia das horas, que o sonho não negue!
O realizar do encanto... Quimera!

Elair Cabral

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DOLOROSO ESQUECIMENTO


 DOLOROSO ESQUECIMENTO


Como dizer-te
que pinto catedrais noturnas
e não consigo iluminá-las
desde que o teu olhar se foi
para decifrá-las?

Como falar dos dedos tinta
com que contornava
o teu corpo alucinado?
Como posso acender fogueiras
no claustro
em cinza atormentado?

Como posso passear o sorriso
vestido de burel
se um anjo triste
apagou o meu pincel?

Mas digo saudade
e ribeira
e poeira no vento
cravos duros
doloroso esquecimento...

Rosa Ralo

ÉS LINDA MESMO


ÉS LINDA MESMO


Já te pintei o rosto com a arte
que, à minha maneira, pratico 
– várias vezes, a maioria das quais,
auxiliado pela obviedade,
dizendo, por estas ou outras sinónimas palavras: és linda.
Porque és. És linda mesmo. Sabes que o és mas,
mesmo sabendo, como todas as que o são e sabem,
já ruborizaste acima das alas do teu sorriso,
quando a minha voz te pincelou os ouvidos
com um avermelhado de timidez ligeira 
que, sem tempo, te escorreu para o rosto.
Poeta que se preze serve para isso mesmo: para pintar.
E,se alguém me chama poeta do amor,
em que outra tela que não o teu rosto eu haveria de pintar?
Pinto também sobre paisagens, mas não as conheço assim…

Sérgio Lizardo

SENTIMENTOS DE POETA


SENTIMENTOS DE POETA


Poeta que ris, que choras e cantas
Contas a tua vida em poesia
São poemas com que encantas
Não vendo o rosto de quem sofria

Mas encantas com tua poesia
Quer nos momentos sonhadores
Contas quando vives a alegria
Ou até quando perdes os teus amores.

Poeta escreve com sentimento,
A poesia tem sempre um encanto
Mesmo tendo seu coração em lamento
E seus olhos em lágrimas de pranto.

Poeta que vives a poesia
E dela fazes tua confissão
Porque não vives com mais alegria
E deixas sair essas mágoas do coração?

Em cada dia que passa o poeta se revê,
Tantas vezes, na poesia que lê e escreve
Sentindo seu coração mais leve,
Mas o sentimento esse ninguém o vê.

Joana Rodrigues

ALÉM DO OUTUBRO COR DE ROSA


Além do Outubro 

Cor de Rosa


Lamento...
Lamentos, quintas
De inspiração e vinhedos.
Onde a dor se doa ao papel
Exposto sobre a mesa,
Sobre chão em pétalas!

Pela janela entre aberta 
Adentram os primeiros raios 
Da noite caindo de mansinho, 
Quando dos versos te bebo, 
Te tenho em romantismo, 
Em tecidos brilhantes, esvoaçantes, 
Enquanto as pétalas flutuam!

Não são apenas palavras da solidão,
São devaneios da solitude!

... Que o Outubro cor de rosa 
Seja à cor de toda a forma de amor, 
Inspirando, respirando, 
Trazendo à tona 
À musa daquele poema, 
À diva daquele soneto, 
Ambos por escrever, 
Pois as pétalas 
Já se debruçam sobre os lençóis 
Sedosos como o sentir!

Auber Fioravante Júnior

Porto Alegre - RS

MIL ESTROS...

Mil estros…


Mil estros d´Amor em Fogo Eterno!...
Estendem à noite as mãos erguidas...
Às trevas. E astros num enlaço fraterno,
Dão vida às figuras de mil ermidas!...

Quanta nobreza?! Ó almas de Monge!...
Pérolas neste desumano mundo,
Sede! Espírito iluminado, longe...
Em meus pobres versos! Oiro profundo!...

Cantando a dor que neste peito paira,
Cinzelada a pálida pedra rara, 
As flores desfolhadas de ansiedade… 

Tão finas!... Feitas pétalas jasmim!... 
Tombaram, estarrecidas em mim, 
Os Céus da mais pura claridade!...

Helena Martins

VOZ E ENCANTO


Voz e encanto 


Sereia mulher... 
Magia de ondas sonoras 
Encanto a flutuar em horas 
Maçã que provar se quer 

Parte anfíbia sob as águas 
Atraem olhares e atiçam 
Vozes doces que enfeitiçam 
Corações em amor desaguam 

A sedução que aprisiona 
Como amarras da romã 
Numa lua vermelha e sã 
Paixão que atrai e impressiona 

Metade em meios sem volta 
É mulher com amiúdes 
Autêntica em atitudes 
Recital onde a voz solta! 

Mulher sereia, rainha 
Mistérios em Afrodite 
Amor que o viver medite 
É onde a vida se aninha 

O poder está no manto 
Que sua beleza retrata 
Seja no mar ou na mata 
Mulher é sagrado encanto! 

Elair Cabral

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ABRE A PORTA DO CORAÇÃO...


Abre a porta coração…


Jamais me quero perder
E deixar o meu amor fugir
Ao relento que seria do prazer
Que em ti eu gosto de sentir

Nunca me feches a porta
Quando entra o sentimento
A ideia pode andar torta
Mas ama-me nesse momento

Quero sonhar com emoção
Quero sentir a consciência
Empoeirada numa ilusão
Da beleza da existência

Gosto de te ver sorrir
Gosto por seres diferente
As mágoas lavam o meu sentir
Num carinho sempre presente

Gostaria de ser perfeito
Poder-te abraçar com alegria
Mas contudo este meu jeito
Relaciona-se mais com a poesia

Por isso aqui vai meu toque
Que é feito com a ponta do dedo
Que jamais haja em ti remoque
E de mim nunca tenhas medo.

Armindo Loureiro 

VISÃO DE OUTONO

 

"VISÃO DE OUTONO"



Vejo crescer o nevoeiro,
vestido de cinzento aveludado
que sai do rio a correr
e vem deitar-se no meu telhado.

Vejo o vale do anoitecer,
a endoidecer a noite que se aproxima
trás chamas de ventos que se perderam
lá no fundo das montanhas
onde corre água fresca de uma mina.

Vejo os castanheiros a dar à luz
castanhas com cascas luzidias 
que se desprendem do ouriço com lentidão
e beijam a terra ao cair no chão.

Vejo campos verdes a baloiçar
e pássaros de muitas cores garridas
cestas de verga cheias de maçãs
a bailar nos braços de lindas raparigas.

Margarida Fidalgo

ACREDITO


ACREDITO


Não acredito que existam diferenças biológicas entre homens bons e maus, salvo alguns casos mórbidos de patologia comprovada.
Acredito na diferença evidente entre seres racionais e irracionais.
Acredito na vontade dominada pela consciência que é própria da inteligência e que dá vida à liberdade.
Acredito na necessidade de justiça, de igualdade de oportunidades e dos direitos individuais.
Acredito também no egoísmo, na indiferença, e na falta de sensibilidade que caracteriza alguns seres que se esquecem ou recusam sua humanidade.
Não acredito que o mundo não possa mudar para melhor, quando depois de pensado e avaliado por sã consciência, e amado em cada gesto, se torne indiferente perante a grandeza de cada um dos seus seres que o tornam diferente.
Não acredito que estas possibilidades provenientes da inteligência partam de seres desprovidos de consciência.
Não acredito na lógica que pretende diminuir o homem àquilo que ele não é.
Acredito que há algo acima do homem que o torna maior do que aquilo que ele é.

Fernando Figueirinhas

ESQUINAS QUE ABASTECEM LARGAS RUAS!


 Imagem - Bellissime Immagini


ESQUINAS 

QUE ABASTECEM LARGAS RUAS!


Amo sempre mais que a conta, defeito
Que me sobra de pequena, meu jeito,
Mais olhos que barriga, que fazer!?
O tempo dirá os sonhos que irão ser!

Vivo sempre o tempo que irá nascer,
Que me tem ao colo desde pequena,
E, passo os dias regalados, serena
Pelo presépio que é meu tão parecer!

Sou ser igual, equidistante e diferente
Aos quais que passeiam pela vida da gente;
Tenho as minhas ideias, não filosofias,
Esquinas que abastecem largas ruas!

® RÓ MAR