domingo, 16 de agosto de 2020

DEVANEIOS


DEVANEIOS


Posso ouvir da noite estranhos medos
quando o corpo sente meu cansaço
e o silêncio murmura degredos
enquanto eu espero o teu abraço...

perde-se o olhar na escuridão
procurando teu rasto no caminho
em pó desfeito nesta ilusão
ainda sonho, surjas de mansinho.

Importa ver neste céu estrelado
a luz que anuncia a boa nova
seja o imenso breu iluminado
fique a minha Fé reposta à prova!

Tristes os meus versos, dizes serem
sempre que eu tos canto ao ouvido
escritos na noite por saberem
desta inspiração que vão sentindo!

terça-feira, 11 de agosto de 2020

SONHANDO ESTA NOITE...

 


SONHANDO ESTA NOITE...


Há paixão pela noite, há luar e poesia, 
Lua cheia de magia é trevo de sorte,
Algo de vento forte! Ah, pura alquimia
Esta caligrafia, que leva ao desnorte!

Nada, nem ninguém corte esta flor ['Sofia']
Viva a geografia, é poema de esporte
Sonhando esta noite... e sonhar todo o dia? 
Viver em harmonia a flor que se comporte;

O Coração o suporte e venha até à lua,
Porque esta noite é sua, a palavra sonhar
É fruto no horizonte, é letra minha e tua...

Numa face da lua há vontade de voar
P'las teclas do amar, numa prosa tua
A minh' alma é lua e tu sonhas beijar.

© Ró Mar | 2020

https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

ÉS MULHER E ÉS VERDADEIRA


És mulher e és verdadeira…


Quando um dia a ti me uni
Desde logo eu senti
Que tu eras o meu amor

Depois continuei a viver
Com todo o meu prazer
Ao receber o teu calor

Eras quente na tua natureza
Repleta duma certa beleza
De quem sabe ser mulher

Eras aquilo que o homem quer
Para além de linda mulher
Que dá de si todo o prazer

Senti essa tua canção
Num lavor de intenção
Tal e qual como se quer

Fazias tudo à mão
E essa era a mais bela questão
De quem sabe ser mulher

Hoje, pensando bem
Sei que tu és esse alguém
Que me queres à tua maneira

Por isso tu vê em mim
Aquele que de ti está afim
Para fazer uma brincadeira

Uma brincadeira amorosa
Em que tu saias airosa
Tal e qual como se espera

És mulher que sabe o que quer
Jamais deixarás de ser mulher
Tu és linda e és tão vera

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A POESIA ESTÁ COMIGO


A POESIA ESTÁ COMIGO 


Diz-me uma voz: tu, poeta, com quem andas?
E eu direi: tudo em mim é Poesia!
E a mesma voz: no tempo ou em bolandas?
Não: a Poesia, ela só, está comigo!

A mesma voz: é um prazer ou castigo?
E eu: só sei que ela vive em mim.
De novo a voz: pensada ou sentida?
E eu exclamei: nós somos dois num só!

E o silêncio: esta Poesia faz dó…
Faz dor, faz dom, faz dádiva e magia,
E se ela é, por vezes, solidão,
Também é brisa… e sempre companhia!

Se está em mim, é logos e emoção,
E, como flor do meu casto jardim
Ela se funde, aqui, no coração
Como apoteose de um louco festim…

A Poesia é um sonho que persigo,
Que me defende… Se estou à deriva
Não temo nada e, porque está comigo,
Ela é minha paz e minha fonte viva!

© Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

O ANCIÃO


O ANCIÃO


Esta noite visitei um ancião
Que vive na Ribeira Brava
Numa gruta escavada à mão
Mesmo no final da estrada

Queria saber o meu futuro
Como poeta, nas suas visões
Se o meu destino seria duro
Ou se poderia ter outras ilusões

Queria usar a sua experiência
Tinha forte vontade de aprender
Como transmitir a excelência
Nos poemas que possa escrever

Senti uma alegria no olhar do ancião
Num tom suave explicou como fazer
Escutar todos os dias o meu coração
E nunca, mesmo nunca parar de escrever

© Paulo Gomes

O QUANTO VERSOU!

 


O QUANTO VERSOU!


Minh' alma, meu regaço a vós dou!
É vida deleitada em [a]mar
Num verso sereno p'lo mui qu' amou
Em mar de mui ventos vem navegar!

Meu coração mui bem o guardou
Em baú pérola duma ostra do mar,
Que meu amor um dia m' ofertou.
Nos lábios de quem beijou o mar

Meu dia é farol! Vida de quem amou
Terra, mar e céu numa poesia
De mui [a]mar e o sol soletrou

Num vento moderado o que pintou
Nas cores do [a]mar, a melodia
Que vem perfumar o quanto versou!

© Ró Mar | 2020/07/21

https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

domingo, 2 de agosto de 2020

PÉROLAS BRANCAS


PÉROLAS BRANCAS


O sol ressuscitou divinal
Beijado pelas andorinhas do mar
Aquece os corpos no areal
Nus e ávidos por bronzear
Eu mergulho nas ondas de cristal
Na esperança humana de desvendar
A génesis misteriosa da pedra filosofal
Atraído por pérolas brancas de encantar
Volto ao oceano amniótico ancestral
Deixo-me sonhar e morrer!
Dentro desse mar azul e surreal
Procuro o teu corpo morto de prazer
E do teu beijo de sabor a sal
Espero a metamorfose em mim acontecer
Transformar-me em estátua de coral
Para que me possas eternamente ter
Oh! Poseidon! Oh! Musas eternas
Que inspiram o meu escrever
Encontrem as palavras dos poemas
Para que as possa ao mundo oferecer
Oh! Gaivotas de brancas penas
Levem para longe este nosso sofrer
Tragam-me pedras polidas pequenas
Jóias que eu gosto de apreciar e ver
Porque não preciso de mais nada
Para me fazer sonhar e viver
Apenas o teu corpo de amada
Acariciado pelas ondas ao anoitecer
Antes que a lua eterna, sagrada
Enfeitice de vez o nosso ser
Mergulho contigo na água gelada
Na fé do nosso crer.

MEU DIA


Meu dia


Quando meu dia começar
Eu quero ver se vou amar
O que o dia tem de melhor

Esteja quente ou esteja frio
Eu do tempo jamais me rio
E lhe dou todo o meu amor

E tu vê lá se apareces
E de mim não te esqueces
Já que quero ver teu brilho

São momentos como estes
Que são os mais agrestes
Para cantar um estribilho

Cantarei até ao fim
Pois de ti estou afim
Desse amor que é inaudito

Dar-te-ei uma bela canção
Cantada com toda a paixão
Isso sim, é do mais bonito

Não quero falar demais
Nem quero ouvir teus ais
Quando te sinto por perto

Meu amor tu vais querer
Já que ele é só prazer
Quando por ti desperto

Assim vai terminar
Este dia do meu amar
Por uma bela mulher

Podes até querer olvidar
Aquele que te quer amar
E que por ti sempre espere

AI QUE SAUDADES




AI QUE SAUDADES


Ai que saudades
Tenho da tua boca
Dessa vontade louca…
Ai que saudades

Ai que saudades
Das noites ao luar
Em que te ia buscar
Ai que saudades

Ai que saudades
Do teu sorriso travesso
Que me punha do avesso
Ai que saudades

Ai que saudades
Tu eras o meu sufoco
Deixavas-me como louco
Ai que saudades

Ai que saudades
Que eu tenho de ti
De tudo quanto perdi
Por vontade alheia
Foi dolorosa a partida
Ficou negra minha vida
Como Agosto sem lua cheia.