sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O ÚLTIMO POEMA PARA TI...


O ÚLTIMO POEMA PARA TI...


Escrevi-te o último poema
depois vou esquecer-te
às vezes...
sempre que o coração deixar...

e sem pressa
sem tragédia
deito o olhar no crescente da lua
absorvo o aromas das rosas de outono
corro as persianas
acendo um candeeiro suave
sobre a poltrona

e com um sorriso doce
adormeço-te em mim...

r.r. - Rosa Ralo

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DIZER-TE QUE… É MUITO POUCO!


Imagem - Bellissime Immagini 


DIZER-TE QUE…

É MUITO POUCO!


Dizer-te que o Outubro está prestes a acabar
E que entre brincadeiras as bruxas rebolam
As abóboras-meninas de um final de mês;
Que o dia um de Novembro é os finados
E que vêem mais feriados
É muito pouco! 
Temos em frente um mês
De castanhas assadas ou piladas
E muito mais que o S. Martinho
Traz aos corredores das cidades
E erguem-se sementes pelos campos, que os enfeitam
De ervas e tais que erguem presépios lindos,
Algures nota-se rebentos de azevinho;
Crescem os pinheiros mansos que assentam
Em bom corte ao Dezembro que tem um lar!
Os ventos que embrulham este final de mês
Enrolam as folhas de Outono em chuvas várias
E o Inverno tece as pinhas que tentamos colorar
Para dar graça às mesas de nossos lares;
Perdem-se algumas pelos trigais que são alento
De tantos outros e o Natal está à porta do coração!
Dizer-te que ainda ontem era Primavera
E que esteve presente um Verão
Pelo raiar do Sol que cativou o Outono, sonho
Que desperta ao Inverno de amanhã, é muito pouco!
Dizer-te que a vida é um conjunto de falácias
Que se deleitam no paraíso da natureza
E deixam saudades arquitectadas em múltiplos sentidos,
Cousas que se perpetuam e não têm mês,
Nem ano certo a ser;
Têm algo, um nó que se fez beleza
Quando nossos corpos fecundaram o luar;
Talvez um Agosto ou um Setembro ensolarado
Que não foi arrefecido, quis ir mais além;
E, vai germinando
Pelo ar o vento cálido que tem o pensamento!
Dizer-te que foram alicerces de quimera
É muito pouco! Teve que ser o que era
E é talvez 
Um pouco mais que utopia; 
É a vida que tem suas partituras;
Consolidaram-se as folhas caídas, brochuras
Que o tempo não consegue ler
Talvez um dia 
Seja Primavera outra vez;
Talvez assim consiga expressar
O quanto tenho a dizer-te!
Por ora deixo-te o sopro do vento
Que vem em boa-hora, Verão;
S. Martinho vem abençoar
As terras de alguém!

® RÓ MAR

ETERNO AGORA


Eterno agora


Minh’alma a espera
Com fé no amor recíproco
Fulcral firmado em quimera
Eterno hoje, integrado circuito...

Eternas horas..., eterno agora!

Distante olhar, retraído!
Horizontes vazios... Lânguido sonhar
É preciso mais corda... Ah, libido!
O tic tac não pode cessar...

O carmim nos sedentos lábios
Desbotam lavados pelo sal
Da lágrima teimosa, versos sábios,
Que vinca a alma em vendaval!

Cerra os olhos, encolhe o lume
Busca a lua aumenta a flama
Esvai-se o vagalume
Não vai à vazia cama!

E ali... Corpo entregue
Adormece mas, ainda espera
A revelia das horas, que o sonho não negue!
O realizar do encanto... Quimera!

Elair Cabral

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DOLOROSO ESQUECIMENTO


 DOLOROSO ESQUECIMENTO


Como dizer-te
que pinto catedrais noturnas
e não consigo iluminá-las
desde que o teu olhar se foi
para decifrá-las?

Como falar dos dedos tinta
com que contornava
o teu corpo alucinado?
Como posso acender fogueiras
no claustro
em cinza atormentado?

Como posso passear o sorriso
vestido de burel
se um anjo triste
apagou o meu pincel?

Mas digo saudade
e ribeira
e poeira no vento
cravos duros
doloroso esquecimento...

Rosa Ralo

ÉS LINDA MESMO


ÉS LINDA MESMO


Já te pintei o rosto com a arte
que, à minha maneira, pratico 
– várias vezes, a maioria das quais,
auxiliado pela obviedade,
dizendo, por estas ou outras sinónimas palavras: és linda.
Porque és. És linda mesmo. Sabes que o és mas,
mesmo sabendo, como todas as que o são e sabem,
já ruborizaste acima das alas do teu sorriso,
quando a minha voz te pincelou os ouvidos
com um avermelhado de timidez ligeira 
que, sem tempo, te escorreu para o rosto.
Poeta que se preze serve para isso mesmo: para pintar.
E,se alguém me chama poeta do amor,
em que outra tela que não o teu rosto eu haveria de pintar?
Pinto também sobre paisagens, mas não as conheço assim…

Sérgio Lizardo

SENTIMENTOS DE POETA


SENTIMENTOS DE POETA


Poeta que ris, que choras e cantas
Contas a tua vida em poesia
São poemas com que encantas
Não vendo o rosto de quem sofria

Mas encantas com tua poesia
Quer nos momentos sonhadores
Contas quando vives a alegria
Ou até quando perdes os teus amores.

Poeta escreve com sentimento,
A poesia tem sempre um encanto
Mesmo tendo seu coração em lamento
E seus olhos em lágrimas de pranto.

Poeta que vives a poesia
E dela fazes tua confissão
Porque não vives com mais alegria
E deixas sair essas mágoas do coração?

Em cada dia que passa o poeta se revê,
Tantas vezes, na poesia que lê e escreve
Sentindo seu coração mais leve,
Mas o sentimento esse ninguém o vê.

Joana Rodrigues

ALÉM DO OUTUBRO COR DE ROSA


Além do Outubro 

Cor de Rosa


Lamento...
Lamentos, quintas
De inspiração e vinhedos.
Onde a dor se doa ao papel
Exposto sobre a mesa,
Sobre chão em pétalas!

Pela janela entre aberta 
Adentram os primeiros raios 
Da noite caindo de mansinho, 
Quando dos versos te bebo, 
Te tenho em romantismo, 
Em tecidos brilhantes, esvoaçantes, 
Enquanto as pétalas flutuam!

Não são apenas palavras da solidão,
São devaneios da solitude!

... Que o Outubro cor de rosa 
Seja à cor de toda a forma de amor, 
Inspirando, respirando, 
Trazendo à tona 
À musa daquele poema, 
À diva daquele soneto, 
Ambos por escrever, 
Pois as pétalas 
Já se debruçam sobre os lençóis 
Sedosos como o sentir!

Auber Fioravante Júnior

Porto Alegre - RS

MIL ESTROS...

Mil estros…


Mil estros d´Amor em Fogo Eterno!...
Estendem à noite as mãos erguidas...
Às trevas. E astros num enlaço fraterno,
Dão vida às figuras de mil ermidas!...

Quanta nobreza?! Ó almas de Monge!...
Pérolas neste desumano mundo,
Sede! Espírito iluminado, longe...
Em meus pobres versos! Oiro profundo!...

Cantando a dor que neste peito paira,
Cinzelada a pálida pedra rara, 
As flores desfolhadas de ansiedade… 

Tão finas!... Feitas pétalas jasmim!... 
Tombaram, estarrecidas em mim, 
Os Céus da mais pura claridade!...

Helena Martins

VOZ E ENCANTO


Voz e encanto 


Sereia mulher... 
Magia de ondas sonoras 
Encanto a flutuar em horas 
Maçã que provar se quer 

Parte anfíbia sob as águas 
Atraem olhares e atiçam 
Vozes doces que enfeitiçam 
Corações em amor desaguam 

A sedução que aprisiona 
Como amarras da romã 
Numa lua vermelha e sã 
Paixão que atrai e impressiona 

Metade em meios sem volta 
É mulher com amiúdes 
Autêntica em atitudes 
Recital onde a voz solta! 

Mulher sereia, rainha 
Mistérios em Afrodite 
Amor que o viver medite 
É onde a vida se aninha 

O poder está no manto 
Que sua beleza retrata 
Seja no mar ou na mata 
Mulher é sagrado encanto! 

Elair Cabral

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ABRE A PORTA DO CORAÇÃO...


Abre a porta coração…


Jamais me quero perder
E deixar o meu amor fugir
Ao relento que seria do prazer
Que em ti eu gosto de sentir

Nunca me feches a porta
Quando entra o sentimento
A ideia pode andar torta
Mas ama-me nesse momento

Quero sonhar com emoção
Quero sentir a consciência
Empoeirada numa ilusão
Da beleza da existência

Gosto de te ver sorrir
Gosto por seres diferente
As mágoas lavam o meu sentir
Num carinho sempre presente

Gostaria de ser perfeito
Poder-te abraçar com alegria
Mas contudo este meu jeito
Relaciona-se mais com a poesia

Por isso aqui vai meu toque
Que é feito com a ponta do dedo
Que jamais haja em ti remoque
E de mim nunca tenhas medo.

Armindo Loureiro 

VISÃO DE OUTONO

 

"VISÃO DE OUTONO"



Vejo crescer o nevoeiro,
vestido de cinzento aveludado
que sai do rio a correr
e vem deitar-se no meu telhado.

Vejo o vale do anoitecer,
a endoidecer a noite que se aproxima
trás chamas de ventos que se perderam
lá no fundo das montanhas
onde corre água fresca de uma mina.

Vejo os castanheiros a dar à luz
castanhas com cascas luzidias 
que se desprendem do ouriço com lentidão
e beijam a terra ao cair no chão.

Vejo campos verdes a baloiçar
e pássaros de muitas cores garridas
cestas de verga cheias de maçãs
a bailar nos braços de lindas raparigas.

Margarida Fidalgo

ACREDITO


ACREDITO


Não acredito que existam diferenças biológicas entre homens bons e maus, salvo alguns casos mórbidos de patologia comprovada.
Acredito na diferença evidente entre seres racionais e irracionais.
Acredito na vontade dominada pela consciência que é própria da inteligência e que dá vida à liberdade.
Acredito na necessidade de justiça, de igualdade de oportunidades e dos direitos individuais.
Acredito também no egoísmo, na indiferença, e na falta de sensibilidade que caracteriza alguns seres que se esquecem ou recusam sua humanidade.
Não acredito que o mundo não possa mudar para melhor, quando depois de pensado e avaliado por sã consciência, e amado em cada gesto, se torne indiferente perante a grandeza de cada um dos seus seres que o tornam diferente.
Não acredito que estas possibilidades provenientes da inteligência partam de seres desprovidos de consciência.
Não acredito na lógica que pretende diminuir o homem àquilo que ele não é.
Acredito que há algo acima do homem que o torna maior do que aquilo que ele é.

Fernando Figueirinhas

ESQUINAS QUE ABASTECEM LARGAS RUAS!


 Imagem - Bellissime Immagini


ESQUINAS 

QUE ABASTECEM LARGAS RUAS!


Amo sempre mais que a conta, defeito
Que me sobra de pequena, meu jeito,
Mais olhos que barriga, que fazer!?
O tempo dirá os sonhos que irão ser!

Vivo sempre o tempo que irá nascer,
Que me tem ao colo desde pequena,
E, passo os dias regalados, serena
Pelo presépio que é meu tão parecer!

Sou ser igual, equidistante e diferente
Aos quais que passeiam pela vida da gente;
Tenho as minhas ideias, não filosofias,
Esquinas que abastecem largas ruas!

® RÓ MAR

ETERNO ENQUANTO DURE


Eterno enquanto dure 


Amar para sempre... 
Quero-te eternamente... 
Pode ser o para sempre do deslizar, diluir 
Das areias do tempo, sem dó a se esvair
Na assustadora ampulheta...
Ou, de Romeu e Julieta,
Que eternizaram o Glamour
Com olhares do mundo para o amor
Do amor entre o cravo e a rosa, melindroso
Mas, que marcaram momentos...
Arte em monumento!
Na efemeridade botânica, garbosa e singular
Que deixa o perfume no ar
Pode ser o tempo de um beijo
No saciar de um desejo
Que deixa marcas na página espalhada 

Como tinta derramada... 

Um solstício de verão que ardia 
Sombra mínima ao meio dia 
Ou, máxima ao nascer o astro 
Ao acaso, meros rastros
Que marcarão brumas densas
No livro de uma existência
Talvez, o sempre seja o prelúdio...
Do mais belo recital
Morto no útero, estúpido vagal
Para sempre é muito tempo
E você promete ser
Que seja eterno momento
Com certeza amo você!

Elair Cabral

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

AO MEU PRANTO


Ao meu Pranto
 

Chuva, 
Pela noite anoitecida
De brincos nas folhas,
De lágrimas nas pétalas
De mais solidão
Pela cartilha...

Ao norte ou ao sul 
Da folha por hora vazia, 
Sombras da dançarina 
Dançando 
Em camisola de amar
Lá pelo seu lar, 
Ah, e eu, só quero ah mar.

Ao leste ou ao oeste 
Não há o sol, não há a lua, 
Há de todos os versos o poema
De temperança, 
De esperança, 
De um fiel na balança, 
Que eu chamo de amor.

Para musa, ou,
Para diva?
Eu não sei 
Falta-me este pranto!

Auber Fioravante Júnior

Porto Alegre - RS

MINHA QUERIDA, FLORES DE QUÃO LAÇOS!


Imagem - Beautiful world. Nature, love, art.


MINHA QUERIDA, 

FLORES DE QUÃO LAÇOS!


São singelas flores, minha querida,
Embrulhadas em refinada seda;
Tecida pelas camponesas da aldeia
Que penteiam corações que têm à ideia.

Níveas, tal a beleza que ais guardado,
De olho amarelo, que sou enamorado;
Escrevo nos teus olhos margaridas
A mais linda estória de nossas vidas.

São o símbolo de tais e quão segredos,
Os que ouso desnovelar ao teu lado
Pelo singelo abraço que une os namorados.

Letras que quero que sintas nos braços;
Reflexos de coração apaixonado,
Minha querida, flores de quão laços!

® RÓ MAR

QUEM SOU?


Quem sou?


Eu sempre levei a sério
O que era de o levar
A sério é um mistério
De quem não o sabe amar
Sou um homem sério
Ou julgo que o sou
Em mim não há mistério
Porque a sério ele o levou
Ser sério não é filosofia
Mas um princípio de vida
Já tive mais alegria
Numa poesia por mim sentida
Levam-me a ser o que não sou
E eu fico muito descontente
Ele há coisas que de mim dou
Porque existem na minha mente
São existências fenomenais
Que eu gosto de dar aos outros
Não há dois homens iguais
E nem todos serão loucos
Sou louco por natureza
Em meus belos pensamentos
Para mim todos têm beleza
E lembram meus bons momentos
Vou-me deixar de sonhar
Em sonhos que seriam belos
Mas vou continuar a amar
Os sonhos… Que bom é tê-los
Sou um homem bem diferente
De outros homens deste mundo
Por vezes tenho presente
Que também sou um ser profundo
Profundo no meu pensamento
Profundo nas minhas atitudes
Lembrando sempre a tempo
Que o momento é de virtudes
Vivam os homens que são assim
Que sabem sempre o que são
E que nenhum me diga a mim
Que assim não há paixão…

Armindo Loureiro 

BRONZEEI AS IDEIAS


BRONZEEI AS IDEIAS


Abri a porta há muito fechada
larguei os livros que me mandaram para fora 
saí a ver o sol que há muito não via
calor escaldante no deserto de gente
que ia em mim.
Acalmei os ímpetos da máquina frenética
horrores de palavras do poeta maldito.
Fazia-se paz em meu espírito
distante de qualquer momento repentino.
Deixei o sol entrar e bronzear as ideias
de alegrias.
Senti queimar o fogo que me ardia
ondas de calor me derretiam
as frases presas na memória
calafrios provocados por um querer incontido.

Fernando Figueirinhas

AMA-SE, PONTO.


AMA-SE, PONTO.


Ninguém acha que ama: ninguém acha que existe,
ninguém acha que tem fome, ninguém acha nada
quando aquilo a que se refere ou é ou não é, certo?

Tem-se fome, ponto. Existe-se, ponto. Ama-se, ponto.

Tem-se fome de existir, e isso é amar.
Existe-se com amor, e isso é fome de mais.
Ama-se com fome de existir, e isso é certo. 

Mas ama-se, ponto – até desde antes de se concluir que se ama.
Ainda que não se ache logo que é assim, vai-se ver e é, ponto.

(Tenho agora como certo que te amo
desde antes das dúvidas que não tive!)

Sérgio Lizardo

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O OUTONO PELO ALPENDRE DE UMA SÓ CALMA


Imagem - Viktoria Mullin Photography


O OUTONO PELO ALPENDRE 

DE UMA SÓ CALMA 


Quando o apagão surge há sempre um céu 
Azul que acolhe a vida, um só chilrear 
De alva luz, encolhe o temível breu; 
Universos, sustenidos de encantar! 

O Outono escreve pela pauta os mais belos 
Poemas, o coração teima escutar 
As letras musicadas pelos alvéolos; 
Que ventos, engenhos doces de amar! 

Linhas cor-de-rosa, que nem as penas, 
Revoando pelo céu, bicos de nova alma; 
Eis o sol das Primaveras de Atenas! 

O Outono pelo alpendre de uma só calma 
É diferente, traz anilhas de asas 
Múltiplas, alegorias em quão praças! 

® RÓ MAR 

NO LADO CLARO DA SEDA


No Lado Claro da Seda


 Há esmo 
De alguns versos
Perdidos ou confusos,
Adentro-me ao jardim
Dos versos traçados,
Incomuns aos olhos
D’alma, do âmago,
De um luar
Em fase nova,
Ali, em converse
Com o céu!

Etérea, 
A linguagem da folha, 
Por hora vazia 
De viços ou angústias, 
Apenas nostalgia!

Vestida de sonhos
Uma flor se destaca, 
Emoldura-se 
Dentre as paralelas 
Como uma utopia 
Surgindo nas entrelinhas, 
N’um pulsar onipresente 
De apelos em torpor!

Vaga... Divaga... 
Oh, belo vagalume, 
Deixe sobre as linhas 
Em silêncio
Um verbo de amar, 
Pois 
O xale de aquecer, 
Já espera 
No lado claro da seda!

Auber Fioravante Júnior

Porto Alegre - RS