domingo, 31 de agosto de 2014

SETEMBRO DE UM ANO QUALQUER!


 Imagem - Helen Schlegel
Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art


SETEMBRO DE UM ANO QUALQUER! 


Setembro de um ano qualquer 
É sempre o majestoso nono mês; 
Grávido ao luar e repleto de ser, 
Que a bem parecer é mui mais que um mês! 

É o Outono a desfolhar pétalas 
Das demais flores, aos verdes campos 
Segue o rumo ocre e demais aguarelas 
Que pintam o ano em cálices que amamos! 

São as chuvas miúdas que ao ligeiro embate 
Segregam a abençoada essência, veste 
Vitral enraizada à terra a prometer 
Que será primavera um ano qualquer! 

E, somos Setembro pelo ano que quer 
Ser mui mais que um ano, é vida a ser; 
Um mundo a conhecer, o que amamos, 
Setembro de um ano qualquer! 

® RÓ MAR 

GRITO


GRITO


A correr a beira do precipício,
entre o viver e o morrer,
em busca do melhor indício,
de com dignidade viver...

Entre as chamas dos infernos,
ou brisas de vento morno,
ou, no balbuciar eterno,
dos sonetos do abandono!

O mar salga meus cabelos,
e o sol corrói minha pele,
as bengalas não causam medo,
mas, minhas forças repelem...

Levando ao remoto horizonte, 
o direito de amar,
a gritar em eco aos montes,
que essa agenda vai fechar!

Elair Cabral

A POESIA


A POESIA


A Poesia é balsamo de ferida,
colora a alma mais descolorida,
e abraça a criança, mais desprotegida,
que vive na nossa dor,
o acto de escrever gera o amor,
e o amor é o balsamo da vida...

A poesia, é um louco pensamento,
antes de nascer, tormento,
mas depois beleza, quando é lida,
bate o coração no momento,
sorri a boca ao lamento.

A Poesia, amada minha, tão querida,
por mim sofrida e vivida,
moras nas asas da mente,
e voas, num de repente,
em Palavras, definida,
sentida.

O acto de escrever gera o amor,
e o amor é o balsamo da vida...

É...


É...

Sabes, ou lá se sabes,
Pois então…
Também
Gostaria de saber,
Porque bate meu coração.
Como poderei então
Esquecer?
Esta tão linda paixão.
Nunca se sabe, quando chega
E se veio para ficar…
Ou quando se vai embora
Ainda que a nossa alma,
Chore e se canse de sofrer!
Mas é…
É a paixão, a alma e o desejo,
É a vida em plenitude,
É a saudade de um beijo,
É a nova vida a despoletar,
É a alegria para amar.
É o desejo a renovar,
É um reviver de novas cores,
É apreciar mais as flores,
É pensar em ti a qualquer hora,
É um renovar de valores,
É tudo o velho e vivido,
É tudo o que foi sofrido,
É o que se será esquecido.
É pegar e mandar embora!

© Maria de Lurdes Cunha

sábado, 30 de agosto de 2014

TÃO BELA PAISAGEM!


TÃO BELA PAISAGEM!


O amor é uma corda bamba
Que vacila ao mínimo descuido,
Cautela a dançar samba…
É prática de quem tem bom ouvido!

É preciso o equilíbrio preciso
Para desvendar os nós
Que suspendem a vida num sorriso
Inventado por nós!

Que as estrelas iluminem o caminho
À esperança e coragem
Dos que ainda se aventuram pelo sonho
De tão bela paisagem!

® RÓ MAR

VAZIO DE SONHOS


VAZIO DE SONHOS


Chegou a noite calma e serena
Vou sentir aquela amarga acalmia
Esperando a vinda do novo dia
Que o descanso seja numa paz plena.

Lá fora o vento sopra baixinho
Parece não me querer acordar
Não sabe que meu sono é pequenino
Apenas é um leve e pequeno dormitar

Fiquei vazia de sonhos, não existe sonhar
Partiram todos numa madrugada,
Em que, nem me deixaram acordar
E do meu sonhar, não quero lembrar nada

Sonhos perdidos, confusos e doentes
São aqueles com que adormeço
É ter o coração e a alma que sente
Mas um paradeiro que desconheço.

Joana Rodrigues 

MOLDURA


MOLDURA


Eu emoldurei teu rosto, meu amado
numa concha que encontrei a beira mar...
As sereias deslumbradas com teu quadro, 
em ondas mansas – lindas- a te chamar.

Em meus caminhos tua imagem luz será
Teu semblante eternizou meu ledo amor,
em doce aprisco tua ausência brilhará
na moldura que busquei com tanto ardor.

E assim, no amarelado dos meus versos,
certamente não terei o teu regresso,
e só me resta tua imagem para olhar...

Este sim será meu leito de saudade,
mil poemas não dirão nem a metade
do fascinante e meigo sonho de te amar.

Elair Cabral

ROUBEI-TE UM BEIJO...


Roubei-te um beijo…


Esse beijo que te roubei
Soube-me a maresia
Outros mais, eu te darei...
Dessa forma que só eu sei
Com toda a minh’alegria.

Esse beijo que te roubei
Impregnado de bom sabor
Eu nem sei como to dei
Mas era doce como eu sei
Repleto de muito amor.

Roubei-to porque gostei
De ti e da tua boca
Tu és mel… Doce que eu sei
Foi por isso que eu to dei
És amor, ó minha louca.

Vou continuar a roubar
Os beijos que poder ter
Porque neles te quero dar
A vertigem do meu amar
Que em ti sente tal prazer.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

RUMO AO LUAR


Rumo ao Luar


Um grito pelo breu,
Na ribalta luzeiros,
Letras de um abecedário
Incomum aos olhos
De quem apenas lê,
Metamístico aos olhos
De quem sente...
Sente-se vívido!

No afeto de um abraço, 
Na essência de um beijo
Seja tão somente na face,
Ou dos confins de uma prece, 
Toda canção virá da chuva, 
Do olhar matejado 
De onde à lágrima fala por si, 
Pelo impulso do pulsar, 
Pelo amor de semear, 
Pelo amor de colher!

Assim como a manta 
Aquece o corpo 
Em tecidos de dançar, 
O lábio silencia, encanta-se 
Na proximidade do cálice
Inundado, quiçá, pela fruta mordida, 
Sabe-se da esperança, 
De único gole onde nau 
Nos leva ao luar!

Auber Fioravante Júnior
Porto Alegre - RS

terça-feira, 26 de agosto de 2014

SPECULUM (O ESPELHO)

 

Speculum (O Espelho)


Esta noite olhei para ti
E vi... reflectido aquele abraço inacessível
Mostraste-me o caminho para um amor inatingível.

Reflectem...
A verdade... a pureza...
O desgosto que trago na alma
A ilusão desfeita é uma estranheza.

Estando coberto de pó
Mostras o espírito obscurecido pela ignorância
Esta dor... é o sonho perdido...
Uma luta interior pela abundância.

És a miragem solar de manifestações
Sucessão de formas que Transportas
A limitada mutabilidade dos seres
Procuro-te nas minhas recordações.

Símbolo de pureza perfeita da alma
Do espírito sem mancha...
A tua força de atração me acalma
Faz-me amar a vida numa avalancha.

A descoberta da minha própria essência
O reflexo de mim mesma na consciência
Os meus olhos são uma porta aberta
Ao encontro da alma certa!

Áurea Justo

O LAGO DA GARÇA


Imagem - Morten E Solberg Sr 
Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art



O LAGO DA GARÇA


O lago da Garça tem espelhos que leio…
Em suaves pinceladas levo o olhar que enleia;
Ao meu peito escorrem águas divinas…
Penas que entrelaçam almas-meninas.

O lago da Garça tem jardins que passeio…
Em suaves pisadelas levo o olor que enleia;
Ao meu olhar espelham flores serenas…
Pétalas que beijam almas-colinas.

O lago da Garça tem um mundo azul-marinho…
Em níveas penugens borda o que tanto anseio;
Tem desejos ocultos que me são sonho…
Quais me deleito e descrevo o que ceio.

® RÓ MAR


IMENSAMENTE TU

 

IMENSAMENTE TU


Acho-te quando me perco
nesse teu intenso ser.
Grande alma que do peito sai
encantas-me mesmo sem te conhecer.
Irradias alegrias imensas 
que saltam ao meu olhar perdido em ti.
Dás-me alento e crias-me vontade por mais
encontro-te quando menos espero. 
Sei-te assim desse teu jeito de ser
em muito igual ao meu. 

Fernando Figueirinhas

POR, SOBRE O SILÊNCIO


Por, sobre o silêncio, 


existe a noite,
existe o beijo da despedida,
existe o som do primeiro toque,
existe a cor da dor sofrida,
existe o sabor do amor,
existe o cheiro da pele,
palpável, sentida,

e vi, 
perdida,
que,
o sabor do amor,
era a minha,

vida...

rosamar

COMPASSOS DO CORAÇÃO


COMPASSOS DO CORAÇÃO


Linda, no seu vestido estampado e manto esvoaçante, solto à brisa suave, chegara a primavera deslizando num fio de raio de luar. Nesse encantamento a terra tornou-se fértil! Encheu-se de sentimentos de solidariedade e perdão, feliz a absorver a energia das folhas, que entregaram seus encantos! Folhas de quimeras esquecidas no sussurro do vento pelo cinzento outono e gélido inverno, este, mestre em congelar sorrisos e esfriar abraços. A chegada de Perséfone exaltou o colorido das rosas, salpicou de perfume os lírios e ofereceu magia a todas as flores! O sol, a espera do verão para incendiar os corações, conteve-se em gestos primaveris a dourar levemente, carinhosamente os longos cabelos da cachoeira e num gesto de amor ofereceu um sorriso morno ao dia. A mãe natureza encantada com a chegada da filha Perséfone, prepara os lençóis da alegria, cobre a casa com tapetes de emoção e enfeita a noite com salpicos de brilho das estrelas e decora tudo com a prata da lua. Foram oníricos dias da gentil e doce primavera até que chegara o verão. Este surge abrasador e pronto para despir desilusões. E assim, seguindo sua predestinada obra, aqueceu os sonhos, bronzeou de carinho o viver e amou com fascinação, até a partida de Perséfone para a casa do esposo. Casada, assumira eterno compromisso, mesmo tendo sido raptada de seu convívio familiar, à colher flores para enfeitar esperanças, pelo Rei do submundo. Submissa, Perséfone fora enfeitiçada pelo vermelho quente e o dourado da doce romã; tentação disfarçada de riqueza e poder, sendo esta, a fruta do mergulho afrodisíaco da deusa Afrodite. Mesmo com tantos atributos a doce delícia amarrou os laços e as profundezas enfureceram-se... Então, o breu inundou e o caos aflorou. As folhas em ato de generosidade deixaram seus aconchegos para proteger o solo da mãe, e livrá-lo do gelo dos desígnios delineados no desamor! Os troncos não se curvaram à tristeza de Demeter, mesmo sofrendo a ação das intempéries! Não murcharam ao perderem as folhas e altivos esperaram o outono despedir-se, o inverno secar as paisagens, gelar os projetos, espalhar os cacos e dar lugar a novos brinquedos, novas auroras em roupagem de esperança, de poesia aflorada e de canções a encher o ar, com melodias angelicais. Em grito de poesia vibram as estações uma após a outra, como o decorrer dos tempos e dos sentimentos, num olhar de dor para o morrer, ou de deslumbre para o renascer, como o pulsar do sangue em compassos do coração!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

QUERO VIVER… ESTE E AQUELE TÃO MUNDO!


Imagem - Vincent-van-gogh - OpenArtGroup


QUERO VIVER… 

ESTE E AQUELE TÃO MUNDO! 


Quero viver… este e aquele tão mundo! 
Acordar e amar… toda a beleza, 
Respirar o ar puro que é a natureza! 
Viver para viver em cada segundo. 

Viver para amar tudo e toda a boa gente! 
Acordar e amar… poder ser amado 
Pela flor que és e o que tenho sonhado! 
Viver para viver como teu uno amante. 

Quero viver… este e aquele tão mundo! 
Acordar e amar… ser sol, lua e tão teu 
Meu amor!… És a flor que quero acordado! 
Viver para viver o sonho tão meu. 

® RÓ MAR 

NÃO SEI SE FOI DE DIA...


Não sei se foi de dia…


Perguntei-me um dia
Se sabia quem eu era
E a resposta já a sabia
Era a que estava à espera
Era um Zé Ninguém
Que andava aqui engando
E que se julgava alguém
Ao ouvir de vez em quando o Fado
Era o Fado da desgraçada
Aquele que eu mais ouvia
Mas contudo a engraçada
Já dizia que me conhecia
E eu ficava admirado
Com tudo o que me dizias
Perguntava-te o que era o Fado
E tu, outra pergunta me fazias
Não te querias pronunciar
Sobre quem eu seria
Apenas dizias gostar
De me ver com alegria
Era um copo e outro a seguir
Era assim durante a noite
E tu me julgando a mentir
Dizias para eu não ir afoite
Mas a conversa ia sempre ter
Àquilo que mais convinha
Juntava-te a mim… Ai que prazer
Eras tu a minha tontinha
E assim não te importavas
De saber quem eu sou
Toda assim tu te davas
Àquele que te amou…

Armindo Loureiro

domingo, 24 de agosto de 2014

EMPRESTO-TE

 

EMPRESTO-TE


Devolvo-te o barquinho de papel
e ofereço-te pedaços da minha utopia.
Quero-te por perto dos sonhos que vivo...
versos que constróis durante meus escritos –
acaso ou sorte encontrada ao longo do caminho
abre a senda de lugar único –
templo teu reservado em herança para mim.

Fernando Figueirinhas

ESTA TUA BELA CARTA...


Esta tua bela carta…


Abri o envelope devagar
Não trazia remetente
Aberto logo quis amar
Era a tua letra de presente
Fiquei algum tempo parado
A apreciar a tua caligrafia
Assim um pouco deitado
Desanuviei… Que alegria
Era mesmo o que eu queria
No momento de infelicidade
Toda ela impregnada de magia
De quem de mim tinha saudade
Li tudo ponto por ponto
E depois voltei a ler
Agora sei… E não te conto
Esse ponto do meu prazer
É tão belo o sentimento
De quem sabe o que quer
Ao ler-te… Ai que tormento
Só tu… Ó linda mulher
Tens beleza incomensurável
Num corpo descomunal
Minha vida é memorável
Por princípios sem igual
Um dia vou-te encontrar
E não haverá esta necessidade
Teus escritos até lá me vão dar
Para matar de ti essa saudade
Saudade em que vivo
Desde que de teu lado parti
Tanto queria ser atrevido
Eu a ti jamais menti…

Armindo Loureiro

VERSOS QUE ESCREVO…


VERSOS QUE ESCREVO…


Versos que escrevo são pedaços meus;
São sílabas que descrevem o coração
Que me é familiar; são recados meus
Que o vento surripia do velho sótão.

Versos que escrevo não são alma de poetas;
São mensageiros alados ao meu amor…
Que são meu contento, ainda que violetas;
São os primorosos suores em flor.

Poemas que ao mundo dou estendendo a mão,
Deixando escorrer a última emoção,
Esperançando, quiçá, alguns caminhos.

Que são parte de mim e desejo
Que sejam o olhar dos que ainda beijo.
Versos que escrevo são apenas sonhos.

® RÓ MAR

AMOR E POESIA



AMOR E POESIA


A rodopiar pela varanda dos meus desassossegos
Girei até o corpo desfalecer os meus segredos
Recusei o pó das estrelas sufocada por meus medos
Não reinventei paisagens, despejei os aconchegos

Então a noite chegou e a varanda escureceu
No escuro me anulei e o pranto quente desceu
Molhou meus olhos, fez vincos no marcado rosto meu
Acabrunhada, ferida, minha’alma desfaleceu

Pedi então a poesia harmonia e liberdade
Para conquistar projetos me livrando da vaidade
Vestindo-me de encantos alinhando as verdades
Conduzindo-me sorrindo à tal de felicidade

A poesia não falha e a noite entusiasmada
Voltou a tomar a forma de dama enamorada
Chamou a lua sorrindo que Iluminou os negrumes
Clamou as flores noturnas com seus mais raros perfumes

Paisagens reinventadas secaram o pranto da face
E no espelho das águas retomei minha performance
Amei, amei sem medidas me emocionei me encantei
Com amor e poesia por certo me apaixonei!

Elair Cabral

SAUDADE


SAUDADE


Não te chamei, porque me persegues?
Será que não entendes, ou não consegues
Sabes que a palavra saudade vive comigo
Não a tornes num castigo vê se percebes.

Mas já falei de ti tantas, e vezes tantas
Que nem sei quem procura quem,
Se sou eu que, de me lembrar te levantas,
Saudades de quem se perde, quem não tem?

Quem sabe apenas sou eu a culpada
Por ti, nunca me senti abandonada
Oh saudade! liberta-me desse fadário

Todos os dias, me sinto por ti perseguida,
Estou condenada! para o resto da vida,
Saudade que do meu peito, fizeste um calvário.

Joana Rodrigues 

EXCLAMAÇÃO


 EXCLAMAÇÃO 


Não escrevo, junto pedaços de sonhos, tal como uma criança
que ponteia panos encantados em bonecas...
Ou descrevo o brilho no olhar de menino que infla balões com
pensamentos...
Deveras imagino-me de encontro com a insónia em noites de isolamento,

de aflição... A caneta na mesa em prantos azuis, eu sem compasso para
delinear seus traços, perco-me nas teclas, inverto os sentidos, exalo ansiedade... Esquivo-me da realidade!

Quisera poder desvendar-te nas entrelinhas, saber da sua vida, vitórias, pelejas perdidas, lágrimas ocultas, as estradas, moldes dos seus pés...
Talvez sorvendo o vinho da taça dos poetas, eu poderia atinar o mundo
que lateja em você, sem brincar de escrever...
Eu não sei escrever.... Apenas traduzo as melodias que sintonizam seu
ser... Transporto-me para perto de você...
Ou tento escrever.... Uma fusão de sonetos e poemas para decifrar você...
Quero escrever você!!!

Rosely Andreassa  

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

QUE VERMELHO…!


QUE VERMELHO…!


Que vermelho… o que me queres dizer!?
O silêncio da pele é meu desejo
Que intento desvendar pelo alvo beijo
De tais pétalas, guiando a seiva a ser.

Ancorando ao olhar tão nobre botão
Sinto teus lábios que me desejam
E sussurro o quanto te quero ter…
São caricias que dão tanto prazer!

Quanto desejo enleio ao teu veludo…
Volúpias… quais mais ternas fantasias!
Seja lá de que terra for… é um mundo!

Que vermelho… o que me tem ávido
De ser amante! Que ensejo às poesias
De amor… és paixão! Rosa, sou teu amado.

® RÓ MAR

EX-LÍBRIS


 EX-LÍBRIS


Associo-te uma imagem, retrato de uma essência
com quem trato. 
Vejo o lado de fora, tento em vão ver-te por dentro
encobrem-te as roupas, fantasias compradas à moda
desfile de vaidades que o vento leva.
Mas há o fim do dia cor de breu
translúcida aparência envolve-te por inteiro.
Pedes ao mundo surdo, cego a teu ver
que repare naquele retrato pendurado na parede.
Fecha-se a porta, sais e levas contigo os sonhos
breves momentos da criança que foste.
Pende o prato da balança do amor desprendido.

Fernando Figueirinhas

SEREI POETA?


Serei poeta?


Será que o saberei ser
Ou apenas sou um aldrabão
Aqui só vos posso dizer
Que o que escrevo é com paixão
Se minha escrita tem beleza
É coisa que eu não sei
Apenas sei que na minha natureza

Há uns genes que eu amei
Meu falecido pai era poeta
Um Poeta Popular
Na poesia dava-lhe a métrica
Que eu aqui não sei usar
Costumava-lhe dizer
Que escrevia a metro
Era assim, podem crer
E no fim estava tudo certo
A mim só me importava
Saber se tinha leitores
Sabê-lo eu adorava
Era assim ó meus amores
Hoje continuo a escrever
Sem ter meu pai a meu lado
Para de vez em quando me dizer
Ó rapaz, este não é o teu Fado
Tanto eu gostaria
Que isso acontecesse
Teria mais alegria
Se a poesia à dele se parecesse
Sei que ele escrevia tão bem
E tenho até os resultados
Na poesia ele era alguém
Que nela perdia os seus bocados
Perdia ou encontrava
Isso, só ele o poderia dizer
Por aquilo que ele falava
Na poesia sentia prazer…

Armindo Loureiro

LUA E POESIA




LUA E POESIA


Bailando no ar gemia inquieto o condor
Direcionado como a eternidade das palavras
Que por si só, já se fazem eternas em clamor!
Pelo simples fato de existirem, vincos e lágrimas
Emoções vividas e sentidas por nossas vivências
O poeta com papel e tinta, a palavra materializa
Palavras inspiradas em nossas traçadas convivências 
Às vezes são poemas embrionários... De rara beleza,
que só resistem às badaladas do relógio do tempo
Eternizadas pela magia da poesia na fiel escrita...
Assim, os olhos debruçam-se sobre nossos versos
E suavizam esse indescritível e inexplicável reverso!
De que vale a posteridade, se só morta é que serei viva?
Poetas, escritores escalpelados, podados em sua loucura
De que valem as grandes honras postadas na sepultura? 
Melhor seria ser aplaudido enquanto a emoção é sentida
Que verte em cascata... Que queima no âmago da vida
Ou reflete sentimentos na molhada e inexprimível grama
Onde deitados podemos olhar e sentirmos do amor as tramas
fitando a lua que com ciúme! Tolhe a poesia, o sonho majestoso
Furtando o fluir das palavras, mesmo em trabalho de parto custoso
A gótica janela nos envia seu reflexo de um clarão esmorecido
pelo doentio e possessivo querer, a lua quer dominar o sol aquecido
E assim, entre brumas, ventos e solidão, desencantada esconde o lume
Sob a descrença das flores Ignora a inspiração e dispensa o perfume
É tanta recusa, que reclusa chora não se convence ser dona de tanta claridade
Sem noção do imortal... diminui-se em pequenas vaidades
Já ofereceu flores, hoje repugna a inspiração...Somos imortais, ó lua!
Poesia verdadeira respirando a alma nua e crua
Com aplausos, ou na obscuridade
Poetas de verdade!
Inspirado em sentimentos
Eternizando momentos... Amor ou desamor
Bailando no ar gemia inquieto o condor.

Elair Cabral

CHUVA DE PRATA


Imagem - Imagens do Mar


CHUVA DE PRATA


Foi o sol e veio a lua espelhar a escuridão
Que tem o mar à noite, é um só coração
Que teima em ler as entrelinhas pelas águas
Mascavadas de iodo e sal de lágrimas.

Vê-se o céu a pratear emprenhando
A noite ao luar e chovem fios tecendo
A areia que penteiam em seu entrançado a alma
Pelas ondas de tal mar azul calma!

Foi a saudade e veio o milagre de ser
Uma nuvem passageira que presságio
Tem! O amor em seus braços para crescer.

Foi a magia e veio a paz, que felicidade!
Uma lua cheia de sonhos e não é plágio,
Tem o inédito que é o sol da mocidade.

® RÓ MAR

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ENTRE MUNDOS...

 

Entre mundos…


Entre as noites e os dias
Vagueio por mundos diferentes
Às vezes colho alegrias
Que vivem em corações contentes.

Nem sempre o meu coração
Vive a vida que eu queria
Vejo-te e ao te olhar a paixão
Diz-me que em ti há magia.

E essa magia, quero colher
Num sorriso do teu olhar
Só tu para me dares o prazer
De um dia o poder amar.

Sou sempre a mim igual
Mesmo que não o pareça
Sou aquele… Sou o tal
Que te dá cabo da cabeça.

Mas tu ficas contente
Que eu seja sempre assim
E não me tiras da tua mente,
Tu és a flor do meu jardim.

Armindo Loureiro

FRAGMENTOS

 

FRAGMENTOS


Eu jurei ao meu espelho em agonia
Preservar-me das “agruras deste inferno”
mesmo em cacos -se ele- se fizer um dia
cada caco versará o amor eterno

Em pedaços cantarei cada ventura
e tropeços desta escalada selvagem.
Lágrimas sinceras e por demais puras
Por sombras que, triste, “apago a imagem”.

Eu queria não deixar rastro de dor
numa estrada de sorrisos “só de amor”
Mas a selva não permite essa alegria.

E assim, sigo versando em fragmentos
que refletem amplidão, discernimento
e colo o brilho no esplendor de cada dia.

Elair Cabral

ENSINA-ME


Ensina-me,


ensina-me a sobreviver a hoje,

do meu peito tudo foge,
menos a dor de ver ao longe,
a floresta encantada,
de onde não sobra mais nada,
do meu peito tudo foge...
a praia está deserta de beijos,
onde enterrei os meus desejos,
do meu peito tudo me foge,
ensina-me a sobreviver a hoje,
apenas ficou a dolorosa lembrança,
aquela que o esquecimento não alcança,
não por estar longe,
mas porque foge,

ensina-me,

ensina-me a sobreviver a hoje...

rosamar

CORAÇÃO SEM DONO


CORAÇÃO SEM DONO


No limiar das manhãs vê-se um leve sorriso,
Um triste olhar que desvanece ao fim do dia.
Caiu a noite e o dia levou a esperança
De ter onde ficar… dorme ao relento e não era preciso!
Desnuda-se e levanta a poeira…vestem-se as pedras da calçada
De lágrimas que comportam a lagoa verde, cor de esperança.
E, é um outro dia… e, cada dia que passa o seu olhar
Mais desfalece! Não se vê vivalma
E os dias contam-se e somam-se as noites
Às mais belas iguarias… e, não há que o consolar!
Pobre coitado viaja só pelo universo tremulando ao abandono!
Cansado está de tão sôfrego viver…
Traz a velhice plissada pelo rosto e o desgosto a alongar 
Seus cabelos que urgem uma casa onde morar.
Continua a travessia pelas ruas e apronta-se nas ruelas…
Olha à esquerda e à direita e o que vê é mais uma jornada
A palmilhar o desesperante cansaço de todos os dias!
Precisa de paz, pois de amor já nada espera pelo caminho.
Não se vive pela metade
E, de sonhos e utopias não se sente o puro ar!
Que melodias fantasiam e não encobrem o olhar ao céu sem par
Sempre sabemos que é desviar e não olhar!
E, é nem mais que um pobre coitado precisando 
De um tecto onde possa ainda morar!
Ai, o amor que foi outros tempos, e, agora resta a esperança
De ter um pouco de paz que espera o cansaço de todos os dias…
Quiçá, as portas do céu se abram e deixem o coitado lá ficar!
Caiu a noite e o dia levou a esperança
De ter onde ficar...
Vagueia pelo paraíso e seus delírios o desencaminham
A ser completo, e é-o, em trova ou em verso vai trauteando
As letras de uma sina que tanto teme e pelejam 
Um tecto onde morar!
E, sonha uma casa pequenina e fermosa que tecto azul tem 
E abraça a lua escrevendo o que lhe vai na alma...
Que são frases completas de uma vida que não é 
E vive o que é pela metade
Que tem a noite em troca para dar. 
Uma casa pequenina que fermosa é, 
Um palacete ao seu olhar
E no hiato vê as estrelas pelo céu a brilhar!
As lágrimas sucedem-se… um cisco no olho, e volvem-se os dias 
Todos e as noites a completar o pobre coitado! 
Não sabe viver em metades que sempre sonha…
A vida não é seu contento, diz-se que não o amam!
E todos os dias se somam a tantas noites, o vazio preenche o luar
Enquanto não chega o seu bem complementar!
O pior é ser malogrado ao amor… que em metade nada é!
É a vida que tem 
E o que espera dela pouco é…
Vê-se pelas letras que desenham o lacrimejado
Azul, que lago é, onde ainda se habilita a viver!
E, é mais um dia onde perfuma seus longos cabelos 
Pelas velhas janelas
Que têm a ser um qualquer dia.
O pobre coitado é um coração sem dono!

® RÓ MAR

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FADA QUE ME CHAMA...


Fada que me chama…


Dou-te a mão nessa imensidão
Que é a floresta da vida
Ouço a voz silenciosa da paixão
Que chama por ti ó minha querida
Só, nesse espaço sombrio
Vivo uma vida desastrada
Sem ti, a correr tenho frio
Falta-me o calor d’uma fada
Uma Fada que me fade o futuro
Que me diga que ele vai ser risonho
Só por isso já posso saltar o muro
E procurar no silêncio o meu sonho
Ouço uma voz que chama por mim
No meio do denso arvoredo
Dizendo: anda que de ti estou afim
Que estou só e sinto tanto o medo
São os desencontros da vida
Que clamam em mim desta maneira
Quero-te em meus braços ó bela querida
Na floresta da vida espero uma brincadeira.

Armindo Loureiro

PODE IR


PODE IR


Ando por aí...
Acabrunhada, sentindo tanto frio
já que você, minha dor não sentiu
  Chegou a hora de jogar pra fora
essa angústia que me maltrata
Mágoa avassaladora... Ingrata
Chegou o momento de mostrar
a rodos a fraude mesquinha
Faz-se Rei da vida minha
Mas, sofres sozinho, perdido
No meu coração, de entrar, estás proibido!
Quero que você compreenda a minha grande amargura
Por não poder te mostrar que te amo com loucura
Enquanto meu coração bater dentro desse peito
Ficarei sozinha viverei do meu jeito...
Não quero piedade, ficarei aqui
Nunca te tive, podes partir...
Não tenha piedade pode ir...
  A vida é assim...
Se exclua de mim!

Elair Cabral

SORRI PARA MIM MEU AMOR…

 
Imagem - Aimer la Nature (Love the Nature)
  
 

SORRI PARA MIM 

MEU AMOR…

 
Sorri para mim meu amor…
Traz na tua mão a una flor
Que une os lábios da vida
Na melodia que é sóror.
 
Mergulha o olhar e banha
O meu corpo de sais,
Tais os que se sonha
Em beijos siderais.
 
Sorri para mim amor…
Teu coração meu olhar
Que amo e desejo em flor
Pelos canteiros de um lar.
 
® RÓ MAR

O MISTÉRIO DA MULHER


O MISTÉRIO DA MULHER

 
 Pintas o rosto
escondes os mistérios
que te cobrem de magia.
Cada cor cada imagem
que te fazem assim
mistério encantador
cujas palavras não descrevem
apenas o olhar encoberto
pela nuvem branca no azul.
Cai-me uma lágrima de contentamento
por saber que existes
algures perdida em espaços vagos
refúgio das minhas mágoas
que esperam por ti.

 
Fernando Figueirinhas

A TODOS

 

 A todos,

 
a todos os que me amaram
a todos os que me quiseram,
a todos que me desejaram,
a todos que me tiveram

a todos que me magoaram,
a todos que me traíram,
a todos que me utilizaram...

 cansei,

agora, sigo como um rei,
rei da minha própria vida,
é dia de despedida,
de um ser que já morreu,
agora sou eu, mais eu,
e deste meu eu, que desconheço,
sei apenas, que a mim pertenço,
e não me dou a mais ninguém...

cansei,

da tortura dos afectos,
que apenas deixam libertos,
sentidos que já matei,
palavras que já esqueci,
certezas que já deixei,
peço perdão, se errei,
mas nunca traí ninguém...

cansei,

e peço ajuda à memória,
para me lembrar da história,
quando conhecer alguém,
serei o mais importante,
sem permitir, nem por um instante,
alguém que queira ser rei,
porque hoje,

cansei...

rosamar
 

domingo, 17 de agosto de 2014

À ATMOSFERA QUE VIVO E AMO AINDA

 



À ATMOSFERA 

QUE VIVO E AMO AINDA


Labareda de tantos universos
Cujo suas folhas, embora outonais,
Metamorfoseiam-se em tais pergaminhos
Em que ensaio escrever uns quantos versos,
À primavera de quais vendavais!

Tenho em mim todos os que são sonhos,
Quantos os joviais e ternos rebentos
Que a natureza traz em seus ventos;
Asas utópicas que voam letras que têm vida
À atmosfera que vivo e amo ainda.

® RÓ MAR

OLHAR...


OLHAR...


Que magnífico olhar... Uma paisagem de encanto
Olhos de gato selvagem trazem o salgado pranto
Jeito ímpar de amar leva-me nas nuvens a flutuar
Desço e mergulho nessa fonte, para a sede saciar
Bebo água cristalina das quentes carícias, sedução

Teu olhar despe minha alma, provoca imaginação...
Teus olhos, moreno belo, de um verde tão suave 
Emitem força de um raio, viajo em sua firme nave
Paixão, calor, dardo matador! Jogam-me num vulcão
A esses olhos matadores entrego-me com emoção.
Vem buscar o meu olhar, sol de luz, sonho, inspiração 
Espero-te na esquina do verso, alameda da paixão...

Elair Cabral

SEM TI


SEM TI


Sais do meu alcance sem que eu te veja
percorro todos os quartos da casa e não te encontro
em cada coisa uma sombra que se perde
pelo espaço em aberto.
Deixo o escuro de dentro e vou para fora
lá encontro o cinza em céu azul com vontade de chorar. 
Caminho lentamente à procura da sombra que se perde
quando a porta de casa se abre - 
corro na esperança de te encontrar.
Não eras tu 
mas a sombra que deixaste para trás -
tudo morto à espera que venhas um dia.
Saio por onde passam vultos
que estranhamente me olham assustados
achavam que eras tu
mas era eu
fugiam do medo que tinham
quando só caminhava sem aquela que era a minha.
Sem ti 
só 
caminho errante
ausente do amor 
que julgava ter de ti. 
Só 
vivo ausente 
vida morta 
que contigo se foi quando partiste.
Sem ti nada sou do que era 
sou eu só 
e a sombra do que sou.

Fernando Figueirinhas

https://www.facebook.com/fernando.figueirinhasnana

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

OLHA O CÉU


Imagem - Images inaire


OLHA O CÉU


Olha o céu e viaja pelo azul que banha 
A areia de amor… inspira-te na lua 
E deixa a alma fluir pelas ondas do mar,
Mergulha o cansaço do corpo e sonha…
Quando encontrares uma estrela sou tua.

O coração escreve e lê pelo olhar,
Então, olha o céu e lê o seu semblante!
O que vês!? A noite é azul e tua amante.

® RÓ MAR

MÃE AUSENTE


Mãe Ausente


É muito triste ter uma mãe ausente...
Precisar de uma palavra amiga 
Ansiar por um carinho silenciosamente
Palavras que doem afagam-nos o ventre
Lembrando-nos sentimentos inatingíveis
A hipocrisia é uma virtude tua mãe ausente
Como hei-de lidar com situações inverosímeis?
Este mar de dor que banha o meu âmago
Esta flor espinhosa cravada no meu coração...
Não estive eu embrulhada na tua placenta?
Sentimentos abatíveis como o amuo
Dominaram-te como se um sacrifício se tratasse...
Então no meio deste cenário onde a minha pessoa entra?
Sonhos povoam o meu espírito durante a noite
E eu vejo-te... e sonho contigo mãe ausente...
E o que me dói saber que nunca realizarei esses sonhos...
A música que me embala melodiosamente
Contem sons de paz e amor...
Sabendo nesta inquietação profunda
O estado da tua alma imunda...
Uma lágrima cai do meu rosto...
Deixo-a rolar e cai na almofada amparada...
Assim está a tua filha... amparada por doces almas...
Mães adoptadas.. .que me amam... e eu sinto-me amada...

Áurea Justo

AMIGOS


AMIGOS


Reza a história que se diz,
Que sempre houve desacato,
Quando há um cão e um gato!
Tão senhores do seu nariz,
Cada um com seu cariz,
Não aceitando misturas…
Essas doces criaturas,
Tão meigas para as pessoas,
Tão carinhosas, tão boas,
Tão doidas, tão infantis…

Esta sua divergência,
A viver no mesmo espaço,
Quer em casa ou no terraço, 
Na difícil convivência,
Impondo a obediência,
Cada qual com seu poder!
E na hora de comer,
Ambos se arrufam ciosos,
De pêlo em pé furiosos,
Na lei da sobrevivência…

Mas com o passar dos dias,
O ódio foi acalmando
E só mais de quando em quando,
O gato nas tropelias,
Causava ao cão arrelias,
Que este com ar paciente,
Ficava até indiferente!
Porém se o gato abusava,
Ele a rosnar lhe ralhava:
Não me atentes senão mias…

Hoje o cão respeita o gato!
E o gato respeita o cão,
Muito embora brincalhão,
Fazendo gato sapato,
Como se o cão fosse um rato…
Dá gosto vê-los brincar,
A correr e a saltar,
E a dormir, abraçados,
Um e outro aconchegados,
Que dava um belo retrato!...

José Manuel Cabrita Neves

SOU COMO O VENTO


"SOU COMO O VENTO"


Sou como o vento!
Rasgo caminhos desertos
de pés descalços,
arrasto o mundo comigo.
Sem medo de cair nas ardentes pedras,
na imensidão dos abraços dos castanheiros
que se abrem para eu passar.

Sou como o vento!
que rodopia o tempo
que se espraia na janela,
e bebe as gotas caídas na vidraça
deixadas nos cabelos da noite que se apagou.

Sou como o vento!
Que nunca diz quando vai passar,
para que ninguém o fique a esperar.
Gosto de contemplar as estrelas
dar-lhe carícias e beijos,
debruçar a cabeça sobre o colo da lua,
cobrir o corpo com uma nuvem de algodão
e acordar no estreito caminho
onde vive o sol, e o rouxinol tem o ninho.

Margarida Fidalgo

CARTAS DE AMOR E SAUDADE


CARTAS DE AMOR E SAUDADE


Hoje escrevi muito, e sempre a pensar em ti
Uma carta de amor, como aquelas, que tantas escrevi
Senti uma tão grande saudade meu amor
Como tão grande é a dor que sinto por ti, mas consegui.

Sofrendo em cada dia a tua ausência, e o tempo passa,
O que não sai do meu peito, é a vil permanência,
Ficando cada dia em mim, maior, que meu coração trespassa
Um coração sofrido, sempre que chora a tua ausência.

Meu amor vou escrevendo minhas cartas é meu destino
Não sei por quanto tempo mais eu resistirei,
Será que é saudade, ou estarei perdendo meu tino
E que os últimos dias da minha vida, eu louca ficarei.

Se louca eu ficar, será porque mereço essa loucura
Não sou eu que procuro a minha saudade
Mas é sempre a saudade que me enlouquece e tortura
São as cartas de amor, que não se esquece, e a saudade que me procura.

Joana Rodrigues

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

AMANHECI UM TANTO OU QUANTO ASSIM!


Imagem – Yulii - Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art


AMANHECI 

UM TANTO OU QUANTO ASSIM!


Amanheci pelo pleno de certo desejo,
Colher divos frutos da natureza.
Manhã de labaredas pelo bosque é
Um fogo que há em mim, amoras que beijo.

Esfinge interplanetária de quantas quimeras!
Inspira o céu, elevando-o, transmuta-o e silencia
A fugaz labareda pelo fruto que almejo,
Sinto um universo e tantas primaveras.

Amanheci pelo alívio de um amor maior,
Que não se vê e sente-se, tanto que é!
Refresca a efusiva manhã pelo magno olor de flor
Que perfuma o meu ser e irradia alegria.

Árvore de sabor majestoso que tanto produz,
Letra tão melodiosa que soletra o caminho
Que ensaio e ensina ao dia o quanto sonho!
Que sou parte da natureza e isso tanto seduz.

Amanheci ao sabor de qualquer coisa
Que não se vê e sente-se, tanto que é!
Invade-me a alma e eleva o coração,
Até onde, não sei!? Sei que é única emoção.

Algo de estranho e tão pleno e concreto.
Não tem asas e voa ao jardim secreto,
Dá o fruto tão proibido e apazigua a febril estação
Pelo airoso vento que planta outro ser e tanta coisa.

Amanheci um tanto ou quanto assim!
Não te sei explicar, sei que apetece amar
Tudo o que me rodeia e pressagia
Que a natureza é princesa e sou sua escrava, enfim…

Aia de um salão imenso de única riqueza
E que ouso transplantá-lo ao meu universo
Contemplando-o até o dia ser e o luar findar!
Degusto (me) mimando a sua perene seiva e vivo verso.

Amanheci assim! E, que coisa tão bela
Que me deixa voar pela nobre janela!
Que traz paz pelo silêncio que alivia a tristeza
E dá tonalidade à vida, breve aguarela.

® RÓ MAR