sexta-feira, 15 de agosto de 2014

AMIGOS


AMIGOS


Reza a história que se diz,
Que sempre houve desacato,
Quando há um cão e um gato!
Tão senhores do seu nariz,
Cada um com seu cariz,
Não aceitando misturas…
Essas doces criaturas,
Tão meigas para as pessoas,
Tão carinhosas, tão boas,
Tão doidas, tão infantis…

Esta sua divergência,
A viver no mesmo espaço,
Quer em casa ou no terraço, 
Na difícil convivência,
Impondo a obediência,
Cada qual com seu poder!
E na hora de comer,
Ambos se arrufam ciosos,
De pêlo em pé furiosos,
Na lei da sobrevivência…

Mas com o passar dos dias,
O ódio foi acalmando
E só mais de quando em quando,
O gato nas tropelias,
Causava ao cão arrelias,
Que este com ar paciente,
Ficava até indiferente!
Porém se o gato abusava,
Ele a rosnar lhe ralhava:
Não me atentes senão mias…

Hoje o cão respeita o gato!
E o gato respeita o cão,
Muito embora brincalhão,
Fazendo gato sapato,
Como se o cão fosse um rato…
Dá gosto vê-los brincar,
A correr e a saltar,
E a dormir, abraçados,
Um e outro aconchegados,
Que dava um belo retrato!...

José Manuel Cabrita Neves