domingo, 10 de agosto de 2014

MANTO DE LUAR


MANTO DE LUAR


Sombra do que fora...
Uma rocha... Um castelo... Uma vida!
Envolto em escuras e espessas brumas,
embora suas pedras gritassem ao sol,
este fazia ouvidos moucos!
A luz... Lacuna irreparável!
Sentida, a lua, vez ou outra estendia um manto
de pálido luar entre frestas de neblinas!
O mofo se apossava das aspirações,
como louca corrente em rio de fluxo célere
Tão acelerado que invadia as antigas histórias,
velhas alegrias, velhos tesouros,
agora amarelados pelos açoites do tempo!
Um tempo que empoeirou os espelhos
introverteu sentimentos,
encalacrou lembranças!
Nublou retinas...
E, lá dentro, em equivalência com o externo
as brumas também escureceram o belo
e uma dor, mas uma dor tão massacrante
cobriu de sangue os mistérios nus
de telas, penas, e tinta!
O papel levado pelo vento das efêmeras inspirações
voou confuso pelo verso rabiscado e inacabado
O velho castelo, marcado pelas intempéries sucumbiu ao descaso
As pedras causadoras dos desatinos permaneceram intactas
e no vácuo das esperanças restaram,
apenas marcas de rastros nas areias do querer!

Elair Cabral