domingo, 17 de agosto de 2014

SEM TI


SEM TI


Sais do meu alcance sem que eu te veja
percorro todos os quartos da casa e não te encontro
em cada coisa uma sombra que se perde
pelo espaço em aberto.
Deixo o escuro de dentro e vou para fora
lá encontro o cinza em céu azul com vontade de chorar. 
Caminho lentamente à procura da sombra que se perde
quando a porta de casa se abre - 
corro na esperança de te encontrar.
Não eras tu 
mas a sombra que deixaste para trás -
tudo morto à espera que venhas um dia.
Saio por onde passam vultos
que estranhamente me olham assustados
achavam que eras tu
mas era eu
fugiam do medo que tinham
quando só caminhava sem aquela que era a minha.
Sem ti 
só 
caminho errante
ausente do amor 
que julgava ter de ti. 
Só 
vivo ausente 
vida morta 
que contigo se foi quando partiste.
Sem ti nada sou do que era 
sou eu só 
e a sombra do que sou.

Fernando Figueirinhas

https://www.facebook.com/fernando.figueirinhasnana