sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SOU COMO O VENTO


"SOU COMO O VENTO"


Sou como o vento!
Rasgo caminhos desertos
de pés descalços,
arrasto o mundo comigo.
Sem medo de cair nas ardentes pedras,
na imensidão dos abraços dos castanheiros
que se abrem para eu passar.

Sou como o vento!
que rodopia o tempo
que se espraia na janela,
e bebe as gotas caídas na vidraça
deixadas nos cabelos da noite que se apagou.

Sou como o vento!
Que nunca diz quando vai passar,
para que ninguém o fique a esperar.
Gosto de contemplar as estrelas
dar-lhe carícias e beijos,
debruçar a cabeça sobre o colo da lua,
cobrir o corpo com uma nuvem de algodão
e acordar no estreito caminho
onde vive o sol, e o rouxinol tem o ninho.

Margarida Fidalgo