terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

HOJE, EU PEÇO-TE




Hoje, eu peço-te


Sabes, que não sou de pedir
talvez, por ter aprendido 
desde muito cedo a ser sozinha,
a ter que ser auto-suficiente 

a lutar só e comigo mesma, a
combater-me, a lutar, a perder.
sofrer, batalhar e também vencer

Mas por vezes, há ocasiões na vida,
em que nos sentimos mais sós,
perdidos e desacertados da vida,
dias em que a mágoa se apega a nós
como a hera, se agarra a uma pedra

Hoje. Preciso de um abraço com verdade.
Amplo laço de afeto, amor e amizade
que me aqueça o coração gelado, 
que me reavive a alma vazia e dilacerada, 
que aqueça um pouco, a minha vida cansada

Hoje preciso mesmo, daquele abraço.
Tantas vezes prometido e outras tantas
adiado… por isso peço-te. Abraça-me!

Catarina Pinto Bastos

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

AH, QUATRO LETRAS ENCRUZILHADAS!


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AH, QUATRO LETRAS 

ENCRUZILHADAS!


As letras minhas,
Um sorriso teu
E o que foi que deu?
Ah, luz ao que ainda sonhas!

A expressão de olhos meus,
Que sempre mais quer dizer
Quando olhos teus a ler,
O beijo azul-céus.

As letras minhas
Um sorriso teu
E o que foi que deu?
Ah, voz às entrelinhas!

A breve paisagem coabita
As linhas de outras vidas
Perpetuando una silaba agora escrita
E nós assim de mãos dadas.

As letras minhas
Um sorriso teu
E o que foi que deu?
Ah, arte ao pensamento!

Eis o rosto suspenso da paixão
Pelo fulgor que remete o coração
Direcionando o abraço desmensurado
E nós quedamos no passado.

As letras minhas
Um sorriso teu
E o que foi que deu?
Ah, esquecer de esquecer!

Reflete-se o eterno ditongo
Conectando o ex-presente amado
Aos sons que emitem o que assim digo
E nós vemo-nos lado-a-lado.

As letras minhas
Um sorriso teu
E o que foi que deu?
Ah, quatro letras encruzilhadas!

© RÓ MAR

POESIA, NÃO ERA FITA




POESIA, NÃO ERA FITA


Olhei aquele poema, e senti algo de mim
Até a saudade existente no tema,
Pensei nas palavras e na verdade escrita
Não era fita!
Apenas li e reli, e pensei que a vida é assim,

Confiei na minha intuição, e segui até saber
Afinal, aquilo que parecia minha vida escrita
Não era fita!
Era mesmo alguém que tal como eu estava a sofrer,
E eu senti cada palavra dita, naquela saudade desdita

Aquele poema que me deixou a pensar como é triste
Não era fita!
Quando me revi no tema, vi que a tristeza e solidão existe,
Vim para o meu canto, e retomei a minha escrita,
E agradecer a Deus por enquanto ter a lucidez bendita!

Joana R. Rodrigues

NA CURVA DA ESTRADA




NA CURVA DA ESTRADA


Não sei
se é por ti ou por mim
que a luz espera...
que a ribeira corre
que a fonte murmura…
sei que contigo
apenas contigo
são também fontes meus olhos
e os teus
bocas sedentas
de beijos 
e de lágrimas…
não sei
se é por mim ou por ti
que chegam e partem as andorinhas
que à noite cantam os rouxinóis
e de manhã os melros
sei apenas
que nós, juntos
somos vento
nas velas dos moinhos
papoilas nos trigais do tempo
e junquilhos nas margens
dum rio a que chamam idade;
não sei
de verdade não sei
se é por ti ou por mim
que a aurora regressa
a cada dia
e espalha a treva
na curva da estrada;
mas sei depois dela 
outra vida, mansa
e a gente criança
a seguir de mão dada!

Maria Mamede

In Antes que o Inverno bata à porta

https://www.facebook.com/maria.mamede

domingo, 19 de fevereiro de 2017

PORQUE TEREI QUE ESCREVER

Imagem- Bellissime Immagini 

Porque terei que escrever


Hoje, apeteceu-me escrever
Mas não sei se terei leitores
Para o que escrevo eles me ler
E por fim dizerem: que ardores
Doem-me os olhos de isto ler
Tal é a sua sensaboria
Não tenho pachorra, podem crer
Para vos ler com alegria
É tudo que me dizeis
Sobre aquilo que eu escrevi
Mas contudo, como sabeis
Na minha escrita não vos menti
Já sabia que ia acontecer
Que ninguém gostasse de mim
Ou pelo menos ter prazer
No que eu digo desta forma assim
Mas eu nada me importo
Porque gosto do que fiz
Estava aqui tão absorto
Arejei… Fiquei feliz
Rebusquei palavras em mim
Daquelas que guardo religiosamente
Para vos dar algo assim
Que desperte a vossa mente
Sei que não sou mentiroso
Nem aldrabão tão pouco
Do que escrevo saio airoso
Num momento de tão louco
É esta minha loucura
Que me dá esta disposição
Para escrever com desenvoltura
O que eu sinto no meu coração
Podem crer que é assim
Que faço tudo por vós
Todos são flores do meu jardim
E de vos ver fico sem voz

Armindo Loureiro 

LEVO COMIGO...




LEVO COMIGO...


Vejo ao fundo as sombras difusas no meu oceano
Piso as areias movediças do sonho
Tropeço no fantasma do medo
Corro com pressa, fujo da vida...

Levo comigo...
Uma alma nua, vestida com as cores do desengano
Um coração pintado, nas tardes de ócio
em que o sonho tapava o segredo...

As manhãs sempre serão longas,
para quem se sente esquecida
As tardes demasiado curtas
quando não se vê onde fica a saída
Sinto-me um corpo abandonado
com o pensamento profanado

Não tenho para onde ir
Não sei voltar para onde estou
Tentei ficar para não ter que partir
Não quero regressar ao que já não sou

Visto-me com os retalhos do passado
Já encomendei um vestido com as cores do futuro
Tenho em mim uma alma de cristal quebrado
Procuro o caminho de um destino que não seja duro

Angela Caboz