quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PASSADO DISTANTE




PASSADO DISTANTE


Passado distante
Mas inda presente
Nos olhos, na mente,
No amor militante,
Saudoso e arfante
De paixão latente!

Meiguice, ternura,
Que em gestos mostravas,
Nos beijos que davas
Com certa candura
Inocente e pura
E t’envergonhavas…

Também eu sentia 
A mesma atracção!
Doce sensação, 
Que o corpo invadia
E o rubor subia,
Ao darmos a mão…

Depois de mãos dadas,
Em suaves passos,
Sonhavam-se abraços,
No escuro da estrada…
E uma voz velada,
Fazia ameaços…

Era a consciência!
A voz da razão!
Chamando à atenção,
Alguma imprudência,
Da nossa inocência
Feita de ilusão!

Talvez fosse amor,
Essa chama acesa,
De casta pureza…
E se isto amor for,
Tenho a certeza,
Que não há maior!

Mas quis a distância 
E o Destino atroz,
Que houvesse entre nós,
Alguma ignorância
E na circunstância,
Alguém s’interpôs!...

Ficou a lembrança,
Que hoje nos invade,
Trazendo a saudade,
Da nossa aliança,
Carregada de esp’rança,
De amor e verdade!...

José Manuel Cabrita Neves