terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

REVEJO-TE AMOR...




Revejo-te amor...


Revejo-me no azul do céu
Revejo-me no azul do mar
Não sei bem o que aconteceu
Apenas sei que te quero amar

Vejo isto com tranquilidade
Vejo isto com muita alegria
De certas coisas sinto saudade
Mas muito mais da tua magia

Deitei-me na praia de areia
Deitei-me junto de ti
Tu és tudo na minha ideia
Porque em ti sempre vivi

Consegui para ti declamar
Consegui o melhor resultado
Se me lembro que estou a amar
Vejo ali o teu bom bocado

Vejo-te enfeitada como uma flor
Vejo-te como a mais bela mulher
Para ti vai todo o meu amor
Não me esqueço do que se quer

Envolvi-te na minha terna paixão
Envolvi-te com toda a minha certeza
Tu és para mim essa paixão
Estás impregnada da maior beleza

© Armindo Loureiro | 02/2022

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

AMOR E AÇUCENAS


AMOR E AÇUCENAS

 
Perante todos... e também perante a vida,
bem antes que você tenha novas atitudes,
voltemos juntos a nosso ponto de partida.
para que versos fluam leves, menos rudes.
 
Venha comigo lembrar a palavra esquecida,
entanto, para dizê-la, eu peço que me ajude,
pois trago estrelas duma noite inesquecida.
Traga o seu amor e as açucenas dos açudes!
 
Tanta beleza posso ofertar generosamente
em poemas que crio além de toda fronteira,
e que extrapolam meus limites, loucamente.
 
São os astros duma noite perdida - a brilhar
na lembrança, que ficará eterna e derradeira,
nessa sua poeta, que morrerá de tanto amar!

© Silvia Regina Costa Lima
São Paulo – Vinhedo - Brasil
14 de fevereiro

O LENÇO DOS NAMORADOS




O Lenço dos Namorados


Neste meu poema bordado
Em linho fino com esmero
Vou pôr verso enamorado
Pró amado que tão quero.

Ponto a ponto faço a cruz
Em linha de todas as cores
E desenho o que o seduz,
Também ponho umas flores!

Com toda a alma e coração
Cá vai um verso à maneira
P'ra lhe dar minha paixão
E o sentir à minha beira.

Vai o passarinho a voar,
Vou eu no jardim a passear;
Se ele pousar vou-lhe dar
Gracejo, o lenço acenar!

Ah, versos lindos de amor
Sei-os decore e tenho ao molho,
Ainda que meu afã amador
Só não lê se for zarolho!

E se se embeiçar p'lo recado
É moço p'ra namorar
E eu que nem olho pró lado,
Dancemos p'ra celebrar!

Este dia dos namorados
Com o amor envergonhado,
O Lenço dos Namorados
É o nosso tão desejado.

© Ró Mar | 02/ 2022

DESEJO SEM REDE




DESEJO SEM REDE


Acordei-te-devia ter pensado
Que ainda descansavas dessa noite
O dia tinha agora começado
Alvorada do tempo teu acoite

Perdida bocejaste loucamente
Duma voz diferente das estrelas
Em delírio sem horas minha amante
Encruzilhada em sóis sem ter nem vê-las

Tão longe tu estavas da cidade
Que eu te queria bem aqui mostrar
Disse-te vem olhar a claridade
Que o sol brilha aqui só… sem teu olhar

Disseste não – que pena – ao meu convite
Deixaste-me entre espada e a parede
Querias dormir qual deusa Afrodite
Meu desejo voou p’ra ti, sem rede.

© ARIEH NATSAC

ÉS A LUA DE QUE EU GOSTO...




És a Lua de que eu gosto...


Não faço parte da tua história
Mas gostaria de lá entrar
Tua amizade tenho na memória
Quero fazer parte da tua glória
Ser a fama de quem sabe amar

Tu és essa Lua de que eu gosto
Não importa o momento do dia
Quero beijar teu belo rosto
É nisso que eu mais aposto
Para colher a tua magia

Beijar teu rosto, beijar a tua boca
Dar-te um amplexo apertado
Chamar-te de minha louca
Resguardar-te na minha toca
Para um momento adorado

Expando este meu querer
Para além do infinito
Só tu para me dares o prazer
Do amor que eu quero ter
Por teu brilho eu dou um grito

© Armindo Loureiro

ENCANTOS




ENCANTOS


Preenchem todos os sentidos,
Todos os cantos da memória,
Todos os segundos vividos,
Os encantos de quem namora.

Não há um momento sequer
Que não sintam a emoção.
A força de tanto querer,
Deixar voar o coração.

Ao sabor de qualquer maré,
Dos vendavais que aconteçam,
Mesmo de uma tempestade.

Acreditar com a força da fé
Ser possível que mereçam
Um do outro, ser metade!

© António Fernandes

Braga, 2016, fevereiro, dia 14
(Dia dos namorados)

MEU FAROL




MEU FAROL


Que dor é esta que sente o meu coração?
O amor dizem que é bem e contentamento;
Então porque dói assim parecendo rasgão!

Talvez por ter medo de ficar ciumento;
Que me troques por uma outra qualquer
Ficando o nosso amor no esquecimento!

Mostra-me que me queres para tua mulher;
Descansa-me não digas nada;
Faz ao meu corpo o que o teu disser!

A lua está cheia, preparada;
Pra ser testemunha da nossa loucura
P'la noite fora até de madrugada.

E quando acabar a nossa aventura
Enamorados quero ver o nascer do sol
Antes que o meio dia venha à sua procura.

... Não me olhes demorado assim
Como se tivesse bebido álcool;
É o grande amor que fala por mim!

Só te quero dizer neste S. Valentim, que tu és a minha bússola, meu farol!

© RAADOMINGOS

UM GRANDE AMOR




Um grande amor


Ai esta alvorada dos sentidos
Do tempo louco, das mil primaveras
Amores ingénuos, veementes, sofridos
Das noites de insónias e de esperas.

O pobre coração a bater forte
No descompasso leve de uma dor
Feliz de quem um dia teve a sorte
De conhecer na vida um grande amor.

Felizes são aqueles, ó benditos!
Que em seu coração ouviram gritos
E até puseram fé numa tal dor…

Talvez a plenitude desta vida
Só quem ama a veja reconhecida…
Feliz de quem viveu um grande amor!

Palavras escritas no dia de São Valentim

© Madalena Santos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

CONSERVADORES VS VANGUARDISTAS





CONSERVADORES VS VANGUARDISTAS 

02 - «Pode a poesia ser humanista?»


Nunca como hoje se tem falado tanto em poesia,
Quer por quem a venera ou por quem a rejeita…
Ela, a poesia, qu´ é a expressão mais-que-perfeita
Do sentimento humano, sem nenhuma fantasia!

Toda a poesia pode – e deve! – ser humanista…
Deve ser toda ela, se a alma a não enjeita,
A linguagem divina, culta e insuspeita
Da mente e do gesto, numa aura criacionista.

Toda a poesia pode – e deve! – tornar-se magia,
Tornar-se, toda ela em jeito circunstancialista,
A expressão pura, original e realista,
Revelando-se, assim, em Arte e primazia…

Mas não se livra – a Poesia – de ser exposta
Às marés vivas das humanas emoções,
Que são o alfobre de complexas ambições,
Entre elas, a paixão em que o poeta aposta.

Conservador, seja o poeta ou… não o seja;
Vanguardista, quer tenha sido ou venha a ser.
Uma coisa é mais que certa: o que o faz crescer
É sentir dentro de si o alto sonho que lateja!

© Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O FADO

 


COROA DE SONETOS


de RAADOMINGOS e RÓ MAR


O FADO


***

I

A saudade patente bem vincada,
Quando nas tascas do fado vadio;
Cordas das gargantas em desafio
Cantavam em bonita desgarrada.

A guitarra antes forte dedilhada
Carpe presente um outro trino frio;
Sente a falta do portentoso brio
Da Severa cantora e camarada.

Amores antigos por si cantados,
Fenecem nas notas de tanto dó
Em escalas de muitos condados.

Seu corpo dorido desfeito e só
Aos poucos tem os dias contados;
Se não se desfizer da sina o nó!

© RAADOMINGOS

*

II

"Se não se desfizer da sina o nó"
Marinheiro que atracou cantadeiras
Ao velho veleiro com brincadeiras,
Boémia e poesia não te sentirás só!

Foram décadas por terra além-mar
Exibindo o peito, espontaneidades
Exorcizando tristeza e saudades
Retratando o quotidiano popular.

Sal que o transformou na mais pura e nobre
Canção, que a todos enche o coração;
Trinado p'lo contemporâneo pobre

E também p'lo rico com precisão!
Que faz com que a poesia se desdobre
P´lo acorde fazendo do fado nação.

© Ró Mar

*

III

"P'lo acorde fazendo do fado nação"
Com viola e guitarra portuguesa
Meia dúzia de pessoas à mesa,
Fica composta a área do salão.

Velas, caldo verde, chouriço e pão,
Abrandam do peito certa tristeza,
Contrastando com a enorme beleza,
Da voz que sabe tão bem o refrão.

Estribilho qu' emociona e arrepia,
Que se entranha bem fundo e s' espalma
P'la ligação que se dá e se cria.

Não se explica como é qu' ela calma,
Mas o certo é que é terapia;
Que vai deixando mais solta e leve a alma.

© RAADOMINGOS

*

IV

"Que vai deixando mais solta e leve a alma"
E o coração apaixonado ao vozeirão
Espelhando os Senhores da criação
Com o imponente brio de vénia e palma.

Nas ruas e vielas, botecos e outros
A gíria fez bairros carismáticos,
Que por nobres infaustos e críticos
Fez do fado ocioso o oficio doutros.

Na festa carnavalesca a essência
D' alma à letra e o vinho português,
Que sempre foi bom por excelência!

Levou-o das ruas ao teatro, ao burguês,
Que à boca cheia lhe deu consistência
P´la valia das precisões do freguês.

© Ró Mar

*

V

"P'la valia das precisões do freguês"
Tratam os agora pelas palminhas;
Ver se das frestas das velhas tabuinhas
Cresce outro tipo d' entalhes e quês.

Dos anos passados e dos porquês...
Coitada da animada Mariquinhas
Se em troca das habituais prendinhas
Os mariolas trouxessem bouquês.

O consagrado agora é mais brilhante
Há novo estofo outro tipo de mobília
Um património bem mais interessante.

Notáveis serões de aprazível vigília;
De um convívio salutar, apaixonante
Onde se juntam como sendo família.

© RAADOMINGOS

*

VI

"Onde se juntam como sendo família"
Partilhando o social e cultural
Na amena cavaqueira, musical
De cordas afinadas na voz da Ercília;

A "Santa do Fado", atriz de revista,
Que a voz elevou a internacional
Através de discos, rádio local
E digressões por fora, grande artista!

Por terras de França, América e Brasil
Acompanhada de ilustres guitarristas,
Armandinho e Raul Nery, mostrou o brio.

Das casas de fado ao teatro fez conquistas;
Da sétima arte à rádio o fado vadio
Volveu o palco do mundo, deu nas vistas!

© Ró Mar

*

VII

"Volveu o palco do mundo, deu nas vistas"
E pautou história. O fado "clássico"
Fez do triste viver do povo icónico
E em simbiose com o romantismo "cristas".

A exibição em salões da aristocracia
Fez com que ele se tornasse a expressão
Musical portuguesa de tradição
Retratando a saudade, o ciúme e a nostalgia.

Muitos foram os que lhe deram voz
De notar Hermínia Silva, que fez oficio
E nome ao fado "musicado" de todos nós;

Lucília do Carmo, F. Maurício
Entre outros... é de enobrecer a voz
De Alfredo Marceneiro, o patrício.

© Ró Mar

*

VIII

"De Alfredo Marceneiro, o patrício,"
Que deu voz à canção e seu glamour,
Vestido a preceito, letra de 'amour'
P'la arte assinada em nome fictício.

Sobe ao palco do Coliseu dos Recreios
Com a Opereta "História do Fado",
Beatriz Costa e Vasco Santana ao lado
Do mestre dos auspiciosos gorjeios.

O nosso "Fabuloso Marceneiro"
Foi a voz da Valentim de Carvalho
E toda a sua vida foi marceneiro;

De boina e lenço de seda, dava valho,
"Ti’ Alfredo" tinha estilo de obreiro,
De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'.

© Ró Mar

*

IX

"De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'"
E de xaile negro vibrava a eximia
Voz de Amália Rodrigues, idolatria
Duma cultura, abertura de atalho...

Considerada a "Rainha do Fado"
E amada por todos, levou a canção
Do seu povo com alma além do coração
Elevando-a como "poesia do fado".

Graças à 'Diva' o 'tradicional' consolida,
Ícone da cultura nacional,
Êxito internacional, canção querida.

Com Amália a Catedral de Portugal,
O apogeu do fado moderno na lida
Do grã Camões e outros, monumental!

© Ró Mar

*

X

"Do grã Camões e outros, monumental!"
Tanto é o que traduzo em arrepio
P'la sua voz "Povo que lavas no rio",
Relembrar é de jus e fundamental!

Letra nesta época transcendental,
Que só a entrega e genuíno brio
Da nossa distinta Dama ouro-fio
Lhe confere autenticidade sem igual.

Grande responsável e com amor
Que de si a admiração era devota
Temos também o Alan, compositor.

Registo d' entre tantas a "Gaivota",
A "Estranha forma de vida" e "Lianor"
Grandes composições do poliglota.

© RAADOMINGOS

*

XI

"Grandes composições do poliglota"
Abriram no horizonte outra janela
E de braço dado a fadista e a Estrela,
Embarcaram na aventura patriota.

Seguir a Rainha tudo se atenta e nota;
Muito se admira a compleição,
Se se comporta na perfeição,
Se o vestido é feio ou janota!

Mas, isso pouco lhe interessa qu' aconteça
Fecha os olhos e sente a canção
Com um ligeiro inclinar de cabeça!

Comove-se como se em oração
Rezasse pedindo a Deus, que depressa
Lhe acabe com tamanha solidão!

© RAADOMINGOS

*

XII

"Lhe acabe com tamanha solidão!"
É palavra d' ordem no Faia, Bairro Alto;
Retiro d' artistas, gabarito lauto;
Carlos do Carmo como anfitrião!

Tantos conduziu pela sua mão;
Lenita, Tarouca, Maria da Fé...
Agora, Moura, Mariza, Camané
E tantos outros desta geração!

Sons que trazem novos andamentos
E glórias, como Dulce Pontes e a assaz
"Canção do Mar" entre outros êxitos;

Especiais no moderno que se faz
Portadoras de novos sentimentos;
Dão ao futuro um excelente cartaz!

© RAADOMINGOS

*

XIII

"Dão ao futuro um excelente cartaz!"
Orgulho sabê-las transpor fronteiras;
Não sendo das afamadas primeiras,
São as que presentemente a plateia apraz!

Junto ao Olympia, Paris a passar,
Ver no néon quem são os da atuação
Não há no íntimo maior comoção
Do que ler o que está a publicitar!

Ter no palco uma bandeira içada,
Repovoar novamente a memória
Saber ser nossa verde e encarnada;

É degustação de uma doce vitória
Que jamais por todos será apagada
Dos arquivos da Lusitânia história!

© RAADOMINGOS

 *

XIV

 "Dos arquivos da Lusitânia história"
Recordamos dois séculos de cultura
Popular, a arte do fado e sua postura
Mundialmente, os momentos de glória.

Através do espólio dos grandes do fado
E de memórias doutros conflui a grandeza
Da canção lisboeta e guitarra portuguesa,
Dos bairros típicos... Uno Museu do Fado.

A velha e eterna tradição que fruamos
Nas Casas de Fado, a anciã pisada
De arte e talento, que sempre recriamos;

E na Casa de Amália sentimos vida,
Memorizamos sensações, miramos
"A saudade patente bem vincada."

© Ró Mar 
 
***

Sonetos do Universo | 02/ 2022

sábado, 5 de fevereiro de 2022

A BRANCURA DA TAÇA




A BRANCURA DA TAÇA


Por este sinal da cruz,
Não se cala a voz de Jesus,
E, ao ouvido vem dizer...

O sinal da cruz é amar,
Não é voz para calar,
Até o céu esclarecer...

Num silêncio forçado,
Como se fosse pecado
De uma dor, não sei porquê!

Numa linda taça branca
Junto de ti uma herança,
Sem se saber onde e de quê?

Com esta pura brancura,
Na voz em tom de ternura,
Com pupilas a desenhar...

Amanhecer com os sinos,
Nas grandes canções de hinos,
Uma reza a celebrar!

© Maria Graciete Felizardo | 02/2022