segunda-feira, 11 de agosto de 2014

OLHARES TRANSVIADOS...

 

Olhares transviados…


Vi teu rosto molhado
Sem saber qual a razão
Tive um calafrio gelado
Meu amor… Minha paixão.

Depois de passar a mão
Senti teu lacrimejar
Teu rosto… Que desilusão
Na dor do teu querer amar.

Tentei secar o teu rosto
Com beijos d’algum calor
De mim já nada aposto
Mas aposto no teu amor.

Estavas deitada no areal
Quando a mar se aproximou
Beijou-te de forma desigual
Por teu corpo se apaixonou.

Era uma noite bem quente
E tu estavas ali a dormir
Como quem o amor sente
Presente num belo sentir.

Depois de seres abraçada
Por esse mar impetuoso
Ficaste um pouco gelada
E o mar ficou famoso

Não é todos os dias
Que o mar se apaixona
E as ondas e suas magias
Deram-te amor ali à tona.

Beijei teu corpo molhado,
Chamei-te assim à razão
E o mar esse adorado
Adormeceu na tua paixão.

Refugiei-me no alto-mar
Contigo ali ao lado
Um búzio disse pr’amar
E te dar todo o meu fado

Regressei depois à praia
Deitei-te sobre o areal
Tirei-te o vestido de cambraia
Ao teu corpo, não havia igual.

Os dois ali deitados
A pensar um no outro
Os olhos desorbitados
Nosso amor era tão louco.

Houve gente que ali passou
E nos olhou de soslaio
Como nós ninguém amou
És o mar donde não saio.

Armindo Loureiro