quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DIZER-TE QUE… É MUITO POUCO!


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DIZER-TE QUE…

É MUITO POUCO!


Dizer-te que o Outubro está prestes a acabar
E que entre brincadeiras as bruxas rebolam
As abóboras-meninas de um final de mês;
Que o dia um de Novembro é os finados
E que vêem mais feriados
É muito pouco! 
Temos em frente um mês
De castanhas assadas ou piladas
E muito mais que o S. Martinho
Traz aos corredores das cidades
E erguem-se sementes pelos campos, que os enfeitam
De ervas e tais que erguem presépios lindos,
Algures nota-se rebentos de azevinho;
Crescem os pinheiros mansos que assentam
Em bom corte ao Dezembro que tem um lar!
Os ventos que embrulham este final de mês
Enrolam as folhas de Outono em chuvas várias
E o Inverno tece as pinhas que tentamos colorar
Para dar graça às mesas de nossos lares;
Perdem-se algumas pelos trigais que são alento
De tantos outros e o Natal está à porta do coração!
Dizer-te que ainda ontem era Primavera
E que esteve presente um Verão
Pelo raiar do Sol que cativou o Outono, sonho
Que desperta ao Inverno de amanhã, é muito pouco!
Dizer-te que a vida é um conjunto de falácias
Que se deleitam no paraíso da natureza
E deixam saudades arquitectadas em múltiplos sentidos,
Cousas que se perpetuam e não têm mês,
Nem ano certo a ser;
Têm algo, um nó que se fez beleza
Quando nossos corpos fecundaram o luar;
Talvez um Agosto ou um Setembro ensolarado
Que não foi arrefecido, quis ir mais além;
E, vai germinando
Pelo ar o vento cálido que tem o pensamento!
Dizer-te que foram alicerces de quimera
É muito pouco! Teve que ser o que era
E é talvez 
Um pouco mais que utopia; 
É a vida que tem suas partituras;
Consolidaram-se as folhas caídas, brochuras
Que o tempo não consegue ler
Talvez um dia 
Seja Primavera outra vez;
Talvez assim consiga expressar
O quanto tenho a dizer-te!
Por ora deixo-te o sopro do vento
Que vem em boa-hora, Verão;
S. Martinho vem abençoar
As terras de alguém!

® RÓ MAR