quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DOLOROSO ESQUECIMENTO


 DOLOROSO ESQUECIMENTO


Como dizer-te
que pinto catedrais noturnas
e não consigo iluminá-las
desde que o teu olhar se foi
para decifrá-las?

Como falar dos dedos tinta
com que contornava
o teu corpo alucinado?
Como posso acender fogueiras
no claustro
em cinza atormentado?

Como posso passear o sorriso
vestido de burel
se um anjo triste
apagou o meu pincel?

Mas digo saudade
e ribeira
e poeira no vento
cravos duros
doloroso esquecimento...

Rosa Ralo