"VISÃO DE OUTONO"
Vejo crescer o nevoeiro,
vestido de cinzento aveludado
que sai do rio a correr
e vem deitar-se no meu telhado.
Vejo o vale do anoitecer,
a endoidecer a noite que se aproxima
trás chamas de ventos que se perderam
lá no fundo das montanhas
onde corre água fresca de uma mina.
Vejo os castanheiros a dar à luz
castanhas com cascas luzidias
que se desprendem do ouriço com lentidão
e beijam a terra ao cair no chão.
Vejo campos verdes a baloiçar
e pássaros de muitas cores garridas
cestas de verga cheias de maçãs
a bailar nos braços de lindas raparigas.
Margarida Fidalgo