ME LEMBRO...
Sinto saudades das estradas quase desertas
com entradas e bermas a dar ao pinhal
onde neles buscava um cantinho escurinho
p'ra loucamente amar.
Lembro-me tão bem dessas tardes e noites
que os seus cheiros nos convidavam à tentação do prazer
enquanto os corpos se sentiam,
só com os olhares das espigas,
e os nossos desejos se dilatavam como resinas.
Lembro-me e sinto saudade.
Gostaria de tornar a sentir naqueles pinheiros
e na erva que cobria as suas raizes;
.... e que foram testemunhas de tantas loucuras;
a suportarem o encosto dos meus, ainda, ávidos desejos
e tornar a olhar, lá bem no alto... de olhos fechados em prazer
... os seus ramos e espigas
enquanto quase a sufocar
não parava de amar!
Carlos Lacerda