É DOCE A CHUVA DE OUTONO
é doce a chuva de outono
onde escorrem poemas
na liquidez prateada de flores imaginadas...
é calma esta maturação feita de frutos e de lágrimas
abraçadas por não sei que brisa ou ventania...
e há um piano irreverente
cheio de dissonâncias agrestes
que faz dançar as folhas dos plátanos...
no húmido verde vegetal
de ouro e roxo pincelado
escrevo um poema solto
um poema que cresce como um cogumelo
debaixo da sombra cinza
de um sol oculto...
serenamente outonecer...
e partir da alma migratória
em busca de um rumo qualquer
sem certezas...
estar certo é o pior limite
para quem quer outonecer com sabedoria
neste tempo infinito
que não tem sequer geografia...
r.r. - Rosa Ralo