domingo, 29 de março de 2015

ALENTEJANO

 
 
 

ALENTEJANO


 Nasci no Alto Alentejo,
Fiquei sendo alentejano!
Fui gaiato, fui magano…
Mas nunca fui malfazejo!

Fui feliz, não tendo nada…
Sem ambições de maior,
A bem dizer e a rigor,
Era a pobreza calada…

Só o que se vê, se quer!
E, nada mais conhecendo,
Sozinho ia-me entretendo,
Inventando que fazer…

Era tudo proibido!
Até o próprio sonhar…
Melhor era ignorar,
Fingir que não tinha ouvido…

Dizia-me a consciência,
Que havia algo de errado…
Tanto pobre esfarrapado,
E ao lado tanta opulência!...

Foi então que despertou,
Dentro de mim a revolta,
Tal qual um cavalo à solta!
E que nunca mais parou…

Era em verso o que sentia,
No silêncio de mim mesmo…
Eram verdades a esmo,
Guardadas no que escrevia!...

José Manuel Cabrita Neves