“Homenagem a Herberto Hélder”
“Meu Deus, faz com que eu seja um poeta obscuro!”
Será que o lídimo poeta cria em Deus,
Sabendo bem o quanto escrever era duro
Sendo poucos os que liam versos seus?
Toda a escrita gerada pela excelsa lira,
Cuja ténue fronteira entre prosa e poesia
Qualquer leitor atento a descobre e admira
Num patamar de praia em pasmos de agonia…
A própria confissão do poeta fica obscura,
P´ la contingência do seu horizonte baço,
Num país onde medra e bem a incultura
E onde a Arte se evapora passo a passo.
O seu grito sincero é gémeo do silêncio
Paredes-meias com a fiel constatação
De que o mundo poético, qual vazio imenso,
Nunca lhe sustentava a identidade, não.
Se a escrita herbertiana é uma fortaleza,
Devido à perfeição da arte que contém,
Ela é poesia, ela é prosa, ela é certeza
E é Virtude que voa sempre mais além!
Frassino Machado