NAS TUAS PÁGINAS
Nas tuas páginas em branco, imaculadas
Deposito a minha expressão mais pura
A minha simples forma de dizer…
Conheço-te hà muito, desde os verdes anos
Contigo descerrei portões mágicos
Passeei em paisagens de encanto
Fui personagem activa em tantas histórias
Que povoam as tuas inapagáveis memórias
Muitas vezes terei sido sobranceiro
Sem uma explicação me afastei de ti
Tu sempre presente, nem por um único instante
Uma palavra de decepção em ti eu li
As rugosidades do tempo que ostentas na tua face
Escondem o sofrimento da pele nas tuas páginas
Mão Inquisidora que sem qualquer contemplação
Decretou em livre arbítrio a teus pares a imolação
Foste vítima de tantas guerras, perseguições
Sem sequer tomares partido em nenhuma das partes
Apenas por recusares palavras em escravidão
De tentares trazer alguma luz na escuridão
Carcomido pelo tempo ou mesmo cercado pelo bolor
Ainda assim guardarás nas tuas páginas o Testemunho
Amigo que não trai, és fiel depositário
Da eterna sabedoria que em ti confiaram.