VOU-TE AMAR...
vou-te amar...
até que meus dedos me doam
minhas mãos se evaporem
e no vento a ti encontre a minha aurora
meu amor de existir em ti
e te ver partir mas comigo junto
no mundo que as letras
nas brisas dos silêncios
nos der vir a acontecer...
tens o sabor de chamar-me
e eu de em ti sorrir
chama que me arde
na palavra silenciada
no olhar calado
e na frase inacabada...
vou-te amar...
até que meus braços tombem
no teu abraço e se apertem
na ventania encontre e desperte
tardes da minha folia
que esta cama não será fria
se junto contigo na folha em branco
estarei escutando o teu dizer calado
no bico da caneta que por teu corpo
desliza e traça, faz-me sorrir
tombo na palavra que me arde
silenciosa, calada
no olhar que calo e fica silenciado...
vou-te amar...
até que os meus pés tropecem
no teu poço profundo
e no vácuo da queda
em mais em ti me aprofunde
e acorde teu
no meu desejo de entrega
letra que se forma na palavra já criada
na folha não pintada pela frase não acabada
no teu corpo sempre velho,
no teu rosto sempre jovem
que me chama e em mim arde
no silêncio da noite acorda
e eu sorrio e fico calada...
vou-te amar...
até que meu corpo se desfaça
no encontro do teu padeça
na mistura de sempre
que nos chama e incendeia
nos acalme e detenha no corpo que é nosso,
folha em branco que te humedeça o meu sentir
de corpo no pó que me chama transparente
no tempo e para sempre
se mantenha no calor do teu ser
que sei que me ama
e por isso sorrio
e ao silêncio me confio....
*vou-te amar, eterno sentir...
Ana Carvalhosa