NA CURVA DA ESTRADA
Não sei
se é por ti ou por mim
que a luz espera...
que a ribeira corre
que a fonte murmura…
sei que contigo
apenas contigo
são também fontes meus olhos
e os teus
bocas sedentas
de beijos
e de lágrimas…
não sei
se é por mim ou por ti
que chegam e partem as andorinhas
que à noite cantam os rouxinóis
e de manhã os melros
sei apenas
que nós, juntos
somos vento
nas velas dos moinhos
papoilas nos trigais do tempo
e junquilhos nas margens
dum rio a que chamam idade;
não sei
de verdade não sei
se é por ti ou por mim
que a aurora regressa
a cada dia
e espalha a treva
na curva da estrada;
mas sei depois dela
outra vida, mansa
e a gente criança
a seguir de mão dada!
Maria Mamede