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SER O QUE SOU, MAIS O QUE NÃO SOU
E AINDA OUTRA VIDA!
Ah, quem me dera a mim, saber escrever
Em qualquer folha e sem tinta, compreender
E de olhos fechados a expressão humanidade!
Saber ler num abrir e fechar de olhos o mundo
Como quem o conhece mais que alguém!
Ah, quem me dera a mim não pensar nada e dizer
Tudo, o que me vem à memória e vai pelo universo,
Sem ter que exercitar ciências, filosofias e a vida
Pela paleta de certa mensura (inventada por alguém).
Ser o que sou, mais o que não sou e ainda outra vida!
Ah, quem me dera a mim ser esculpido no ouvido
De todas as gentes (que sabem e que não sabem ler),
Permanecer audível todo tempo (vivido e não vivido)
E andar de boca em boca, ó pulo, avançando o mundo.
Ser o que sou, mais o que não sou e ainda outra vida!
Ah, quanta presunção a minha ousar tais sonhos
Numa folha de sílabas decalcadas à raiz de ti, Poeta!
Nunca serei a tua imagem, nem uma outra magenta,
Ainda assim, ouso pois amo-me e amo a humanidade.
Dou de alma e coração tudo o que sei e os sonhos.
Ah, não há nada mais bonito que dar tudo,
O que temos e não temos (temos sonhos),
De mão beijada, não esperando mais que nada!
Repartir, os nossos sonhos, em prosa ou em verso
Com o mundo não é ser como tu, Poeta, mas, é ser.
Ser o que sou, mais o que não sou e ainda outra vida!
© Ró Mar