terça-feira, 31 de maio de 2022

MAIO


DESAFIO POÉTICO: "MAIO"






 


MAIO ÉS SIMBOLO


Maio és lindo mês, um baluarte,
Trouxeste ao ano dia em liberdade
Um hino ao trabalho, uma obra de arte
Com cânticos e flores sem maldade

Os teus dias florescem com mais cor
A natureza eclode em grande festa
Dias são debruados com amor
Beleza natural que em nós se presta

Colhemos para nós sem abstinência
Nosso trigo maduro que cresceu
Sem haver força bruta nem carência

Símbolo de quem foi sem ter vontade
Na esperança de ver –por quem morreu–
Novas vozes gritarem igualdade.

© ARIEH NATSAC



NASCER EM MAIO


Nascer em Maio é vida
Plena duma primavera
Fresca, amorosa e florida,
Natureza que paquera!

A preciosa atmosfera
Cortesia da divindade
E daquela que nos gera
Com toda a espontaneidade!

Nascer em Maio é dom
Que cresce no coração
Dia a dia com o mesmo som
Daquele berço de união!

O luar mais-que-sereno
E cinco estrelas no olhar;
Alma bolina, ar ameno
De quem quer sempre sonhar!

Nascer em Maio é obra
De arte e circunstância,
Que levou muita mão de obra,
Comtemplemos a fragância!

© Ró Mar 



MEU MAIO


Mote:
 
Fragrância divina, maio;
M'nha mãe, mistério, Maria!
Mês que nos versos espraio;
O amor que tanto irradia!

*
Acompanhar-te-ei fiel
Como a luz que segue o raio;
Meu doce perfume mel;
Fragrância divina, maio.

Fina flor de perfeição;
Meu chão, meu peito, alegria
E vós três, meu coração;
M'nha mãe, mistério, Maria!

Emes que mui traduzem,
Geração, pureza, ensaio;
Que se cruzam e seduzem
Mês, que nos versos espraio!

Mescla de aromas e odor
Cunho aos olhos sadia.
Maio, grande rei, meu alvor
O amor que tanto irradia!

© RAADOMINGOS










QUE LINDO NOME MARIA


Que lindo nome Maria
Que tanta luz irradia
E p’la vida nos conduz
És Virgem imaculada
No mês de Maio idolatrada
Por seres mãe de Jesus

És também a nossa mãe
A teus filhos queres bem
Neste mundo bem atroz
A ti senhora vos peço
Com todo o meu apreço
Rogai sempre por nós

O povo bem te venera
A paz no mundo se espera
Fosse uma realidade
Dai-nos sempre a tua mão
Faz-nos ver a razão
Com doçura e com verdade.

© ARIEH NATSAC




MÊS MARIANO


Maio, doce estação em que m' aconchego
Que amo e me seduz sem nenhum decoro.
Negar que não gosto desse namoro,
Seria dizer que não lhe tenh' apego!

Como não afeiçoar quem dá amor;
Quem no seu colo me faz poesia?
Só o mês que é de m'nha mãe e Maria;
D' alguém também nascimento e flor.

Se bonito em cor, flores e perfume
Andorinhas! Dias grandes, amenos;
Acresce-lhe na noite o vagalume.

Luzes de coleópteros pequenos,
Que nos recordam que no seu costume
Há velas, terços, em lenços e acenos!

© RAADOMINGOS




MAIO


Maio é um mês multifacetado
Caracterizado por cheiros, cores
E um luar de clima temperado,
Que faz a delicia de todos os amores.

Duma beleza mística e tão natural
Que faz o sonho avançar destemido
E o milagre acontecer monumental,
Tal e qual Nossa Senhora havia dito!

Maio é o meu mês e de todo o Universo
E quer-se florido p'ra espalhar bons ares
Dia-a-dia e trazer a alegria que verso!

O sonho traz a vida aos lugares
E a estrela guia ilumina o berço
Abençoado p'lo doce embalar.

© Ró Mar 

 


A FLOR MAIS LINDA


Num terreno em plano aberto
Sob o extenso azul do céu,
As flores a descoberto
Não escondem o que é seu!

Em maio não é d' estranhar
Com o aroma a rondar perto;
Que espécies queiram s' amar
Num terreno em plano aberto.

Gracioso é o ardor
D' androceu e gineceu
Ao fazerem amor
Sob o extenso azul do céu!

Descobrir o bel prazer
Sem vergonha do que é certo;
Bonito tem que se ver
As flores a descoberto!

Depois do gosto satisfeito
A flor mais linda nasceu,
Inteirados do escorreito
Não escondem o que é seu!

© RAADOMINGOS

 



"MAIO"


Autores: ARIEH NATSAC, Ró Mar 

e Rosa A. Domingos


*

Sonetos do Universo | Maio de 2022

quarta-feira, 23 de março de 2022

POESIA


Fotografia de Josefa Moura


POESIA


Ser poeta é ser poesia
levar sonhos, curar feridas,
ser calmante, ser magia
e ser gente igual à outra gente
se não for, talvez, diferente.

Poeta é aquele que chora
quando a dor não se demora
e o que ri sem nenhum tino
ao olhar o seu destino.

Ser poeta é seguir pela aurora fora
atrás da Lua que se vai embora
confessar-lhe ao ouvido
com o coração dorido
que ainda quer amar
antes do seu fim chegar.

© Agostinho Silva

segunda-feira, 21 de março de 2022

O VENTO


Ilustração da autoria de Maria Graciete Felizardo


O VENTO


Hoje está chuva e vento
Há vento nos meus cabelos
São ventos de verão e inverno,
Por vezes... ventos paralelos!

O vento tem perfume de flores,
Traz uma música de repouso,
Em forma de balões tricolores,
Com forte e alegre aplauso!

O vento assobia melodias,
Ouvindo o vento passar
Nessas suas correrias,
Maneira de s' expressar...

O vento vem, com suas ondas
Que bailam num murmurar,
Beija a praia, com suas rondas
De um nunca mais acabar!

O vento sopra as ramagens
As árvores lhe agradecem,
Formas! Com belas imagens,
Pinturas que s' envaidecem...

© Maria Graciete Felizardo

DIA DA POESIA É SEMPRE




DIA DA POESIA É SEMPRE 


Questiona-se em emoção,
Se ontem, hoje ou amanhã,
É o “Dia da Poesia” ou não,
Ou se em algum dia será?

É quando o poeta quiser
E a cada hora e momento
Toda a Poesia há-de ter
O seu próprio fundamento.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

Tanto se diz e se escreve,
Às vezes sem argumento,
Porque a Poesia se deve
Ao jeito de cada talento.

Do coração sobe à mente
No intuito de cada tema
E a Poesia é o que se sente
Na força de cada poema.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

Pelo acariciar da Musa
Revela-se o objectivo
E o traço não se recusa
Se o poeta for receptivo.

Todo o horizonte sustém
Uma energia que anima
E um olhar vivo retém
Em cada ponto uma rima.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

Discurso sem qualidade
Que não acrescenta valor:
Não há Dia, não há idade
Apenas uma Arte Maior.

Poesia é alma e revolução
Na palavra feita suspiro
E no verso de cada mão
Dorme o efeito de um tiro.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

Poesia é sangue e é dor
É corpo despedaçado
Mas o poema se é criador
Exala aroma encantado.

POESIA, toda ela seduz
Seja noite, ou seja, dia,
Não precisa de mais luz
Apenas, e só, harmonia.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

Dia da Poesia é um mundo,
Na sua forma mais cheia,
E pelo que tem de profundo
É uma sublime odisseia.

A haver mister especial
Que seja aqui e agora
A Poesia é, em si, global
Pois nasce Dia a cada hora.

Debate mais que evidente:
Dia da Poesia é sempre!

© Frassino Machado
In LIRA SUBMERSA

PRIMAVERA

 


PRIMAVERA


E eis que chega a Primavera
Com uma chuva abençoada
Pelo divino, o que gera
Esperança de ver a hera
A trepar desafogada!

Houvesse paz no planeta,
Que tudo se cultivava
E a poesia saía da gaveta
Como borboleta profeta,
Que esta Primavera amava!

© Ró Mar

NÃO QUERO GRITAR...




Não quero gritar...


Quando partilho os meus escritos
Fico de consciência liberta
Há poemas que são tão bonitos
Que em mim certa escrita desperta

O Poeta por vezes grita
E noutras sorri também
Sua alma é sempre bonita
Porque escreve o que nos convém

Jamais me esconderei
Para me dar a conhecer
A escrita é como eu sei
Uma fonte do maior prazer

Venha lá o governo que vier
Eu vou continuar a escrever
Dando a toda e qualquer mulher
Um pouco do que é o meu ser

Vou-vos falar do mar
Desse mar que me acarinha
Não há nada como saber amar
Quem escreve de forma igual à minha...

A escrita da poesia
É para toda a gente
Que em si tem alegria
E no que faz fica contente

© Armindo Loureiro

VEM AÍ A PRIMAVERA




VEM AÍ A PRIMAVERA


Eis a floração de toda a planta,
Vem aí a estação mais bonita do ano
A paisagem enche-se de cores, que encanta
Com aspecto alegre, vivo... quotidiano!

A terra ao mover-se em translação,
Torna uma estação lisonjeira, amena
Dando lugar a um primeiro verão,
A andorinha a voar... em gota serena!

Os animais saem da sua hibernação,
As abelhas, com comportamento polinizador,
E, o sol incide na linha do Equador!

Eis a estação das flores... conhecida,
Com cheiro de cravo, rosa, aromas tecida,
Vem o voo em parceria... do beija-flor!

© Maria Graciete Felizardo

SONETO PÚBLICO

 


SONETO PÚBLICO


Faço da poesia meu diário,
Me inclino a esta forma.
Outra razão me reporta
De fazer visto meu saldo.

Fatos de beleza púbica
E da vergonha oficial.
Autos sobre alguma culpa.
Estelionato do anormal.

A forma esconde o diário.
Uma aliança se mantém
Entre os dias e o leitor.

Deste modo faço ensaio
Da revelação de alguém,
Ou de todo meu ardor.

© Fábio Fernando

O QUE É A POESIA?


© Lúcia Ribeiro

https://www.facebook.com/Lucibeipoems

PRIMAVERA GLOBAL




PRIMAVERA GLOBAL


«1º Dia da Primavera 2022»


A Primavera não tem idade,
Não tem lugar, não tem cor,
Tem bom gosto e sensualidade
E vive casada com o amor.

P´la mãe-natureza exulta
Desde a aldeia até à cidade
E, num mistério que oculta,
A Primavera não tem idade.

Desperta no seio do tempo
Com toda a força e ardor
Com emoção e sentimento
Não tem lugar, não tem cor.

Tudo se pede à Primavera,
Louco sonho de ansiedade,
Com paciência e sem espera
Tem bom gosto e sensualidade.

Cresce p´la força da vida
De braço dado com a dor
Paira em onda renascida
E vive casada com o amor.

Seu lugar é todo o mundo
Sua cor são todas as cores
Seu perfume vem do fundo
E suas vestes são as flores.

Voam com ela, aves no céu
Canta com ela, água nos rios
Veste o corpo com ténue véu
Na dança dos palcos vazios.

Sem sonhos não há Primavera
Mas há vida sacrificada,
Do inverno foi-se a quimera
P´la aurora da madrugada.

Se há lágrimas olhe-se o sol
E a luz que ele anuncia,
Oiça-se a voz do rouxinol
Anunciando a Poesia.

Por entre os nomes da terra
Há um nome que balança
E que dá vida à Primavera:
É o nome da ESPERANÇA!

© Frassino Machado
In POR CECA E MECA

HÁ PRIMAVERA DIA A DIA




HÁ PRIMAVERA DIA A DIA


Com a chegada da primavera
Não há nada mais bonito
Que celebrar a quimera
Com a poesia do infinito!

Com a poesia do infinito
Louvamos a natureza
Exaltando o espirito
Na panóplia de leveza!

Na panóplia de leveza
Respiramos o ar puro
Do eucalipto, natureza
Singela que poesia, juro!

Singela que poesia, juro!
Só pode ser a estação
Que nos dá um futuro
Risonho pró coração!

Risonho pró coração
É todo o Sol que se cria
Na bela composição:
"Há primavera dia a dia".

Há primavera dia a dia
P'ra florir a nossa vida,
Que chamamos de poesia
E nos mantem a alma erguida!

© Ró Mar | 21/03/2022

POESIA QUE SE DERRAMA…





POESIA QUE SE DERRAMA…


Poesia é derrame de paixões
É a verdade escrita nua e crua
Também nos traz algumas convulsões
Aonde o pensamento em nós flutua

É o amor a raiva que se explana
São as convicções vinda sem receio
No meio ancestral em mente sana
Que repelindo vai, conforme o meio

Vão barcos construídos de vogais
Navegam consoantes mais e mais
As frases são marujos bem fardados

De sonetos quintilhas que se expõem
No lirismo subtil onde se impõem
Fazer dos poetas mal ou bem-amados.

© ARIEH NATSAC

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

REVEJO-TE AMOR...




Revejo-te amor...


Revejo-me no azul do céu
Revejo-me no azul do mar
Não sei bem o que aconteceu
Apenas sei que te quero amar

Vejo isto com tranquilidade
Vejo isto com muita alegria
De certas coisas sinto saudade
Mas muito mais da tua magia

Deitei-me na praia de areia
Deitei-me junto de ti
Tu és tudo na minha ideia
Porque em ti sempre vivi

Consegui para ti declamar
Consegui o melhor resultado
Se me lembro que estou a amar
Vejo ali o teu bom bocado

Vejo-te enfeitada como uma flor
Vejo-te como a mais bela mulher
Para ti vai todo o meu amor
Não me esqueço do que se quer

Envolvi-te na minha terna paixão
Envolvi-te com toda a minha certeza
Tu és para mim essa paixão
Estás impregnada da maior beleza

© Armindo Loureiro | 02/2022

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

AMOR E AÇUCENAS


AMOR E AÇUCENAS

 
Perante todos... e também perante a vida,
bem antes que você tenha novas atitudes,
voltemos juntos a nosso ponto de partida.
para que versos fluam leves, menos rudes.
 
Venha comigo lembrar a palavra esquecida,
entanto, para dizê-la, eu peço que me ajude,
pois trago estrelas duma noite inesquecida.
Traga o seu amor e as açucenas dos açudes!
 
Tanta beleza posso ofertar generosamente
em poemas que crio além de toda fronteira,
e que extrapolam meus limites, loucamente.
 
São os astros duma noite perdida - a brilhar
na lembrança, que ficará eterna e derradeira,
nessa sua poeta, que morrerá de tanto amar!

© Silvia Regina Costa Lima
São Paulo – Vinhedo - Brasil
14 de fevereiro

O LENÇO DOS NAMORADOS




O Lenço dos Namorados


Neste meu poema bordado
Em linho fino com esmero
Vou pôr verso enamorado
Pró amado que tão quero.

Ponto a ponto faço a cruz
Em linha de todas as cores
E desenho o que o seduz,
Também ponho umas flores!

Com toda a alma e coração
Cá vai um verso à maneira
P'ra lhe dar minha paixão
E o sentir à minha beira.

Vai o passarinho a voar,
Vou eu no jardim a passear;
Se ele pousar vou-lhe dar
Gracejo, o lenço acenar!

Ah, versos lindos de amor
Sei-os decore e tenho ao molho,
Ainda que meu afã amador
Só não lê se for zarolho!

E se se embeiçar p'lo recado
É moço p'ra namorar
E eu que nem olho pró lado,
Dancemos p'ra celebrar!

Este dia dos namorados
Com o amor envergonhado,
O Lenço dos Namorados
É o nosso tão desejado.

© Ró Mar | 02/ 2022

DESEJO SEM REDE




DESEJO SEM REDE


Acordei-te-devia ter pensado
Que ainda descansavas dessa noite
O dia tinha agora começado
Alvorada do tempo teu acoite

Perdida bocejaste loucamente
Duma voz diferente das estrelas
Em delírio sem horas minha amante
Encruzilhada em sóis sem ter nem vê-las

Tão longe tu estavas da cidade
Que eu te queria bem aqui mostrar
Disse-te vem olhar a claridade
Que o sol brilha aqui só… sem teu olhar

Disseste não – que pena – ao meu convite
Deixaste-me entre espada e a parede
Querias dormir qual deusa Afrodite
Meu desejo voou p’ra ti, sem rede.

© ARIEH NATSAC

ÉS A LUA DE QUE EU GOSTO...




És a Lua de que eu gosto...


Não faço parte da tua história
Mas gostaria de lá entrar
Tua amizade tenho na memória
Quero fazer parte da tua glória
Ser a fama de quem sabe amar

Tu és essa Lua de que eu gosto
Não importa o momento do dia
Quero beijar teu belo rosto
É nisso que eu mais aposto
Para colher a tua magia

Beijar teu rosto, beijar a tua boca
Dar-te um amplexo apertado
Chamar-te de minha louca
Resguardar-te na minha toca
Para um momento adorado

Expando este meu querer
Para além do infinito
Só tu para me dares o prazer
Do amor que eu quero ter
Por teu brilho eu dou um grito

© Armindo Loureiro

ENCANTOS




ENCANTOS


Preenchem todos os sentidos,
Todos os cantos da memória,
Todos os segundos vividos,
Os encantos de quem namora.

Não há um momento sequer
Que não sintam a emoção.
A força de tanto querer,
Deixar voar o coração.

Ao sabor de qualquer maré,
Dos vendavais que aconteçam,
Mesmo de uma tempestade.

Acreditar com a força da fé
Ser possível que mereçam
Um do outro, ser metade!

© António Fernandes

Braga, 2016, fevereiro, dia 14
(Dia dos namorados)

MEU FAROL




MEU FAROL


Que dor é esta que sente o meu coração?
O amor dizem que é bem e contentamento;
Então porque dói assim parecendo rasgão!

Talvez por ter medo de ficar ciumento;
Que me troques por uma outra qualquer
Ficando o nosso amor no esquecimento!

Mostra-me que me queres para tua mulher;
Descansa-me não digas nada;
Faz ao meu corpo o que o teu disser!

A lua está cheia, preparada;
Pra ser testemunha da nossa loucura
P'la noite fora até de madrugada.

E quando acabar a nossa aventura
Enamorados quero ver o nascer do sol
Antes que o meio dia venha à sua procura.

... Não me olhes demorado assim
Como se tivesse bebido álcool;
É o grande amor que fala por mim!

Só te quero dizer neste S. Valentim, que tu és a minha bússola, meu farol!

© RAADOMINGOS

UM GRANDE AMOR




Um grande amor


Ai esta alvorada dos sentidos
Do tempo louco, das mil primaveras
Amores ingénuos, veementes, sofridos
Das noites de insónias e de esperas.

O pobre coração a bater forte
No descompasso leve de uma dor
Feliz de quem um dia teve a sorte
De conhecer na vida um grande amor.

Felizes são aqueles, ó benditos!
Que em seu coração ouviram gritos
E até puseram fé numa tal dor…

Talvez a plenitude desta vida
Só quem ama a veja reconhecida…
Feliz de quem viveu um grande amor!

Palavras escritas no dia de São Valentim

© Madalena Santos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

CONSERVADORES VS VANGUARDISTAS





CONSERVADORES VS VANGUARDISTAS 

02 - «Pode a poesia ser humanista?»


Nunca como hoje se tem falado tanto em poesia,
Quer por quem a venera ou por quem a rejeita…
Ela, a poesia, qu´ é a expressão mais-que-perfeita
Do sentimento humano, sem nenhuma fantasia!

Toda a poesia pode – e deve! – ser humanista…
Deve ser toda ela, se a alma a não enjeita,
A linguagem divina, culta e insuspeita
Da mente e do gesto, numa aura criacionista.

Toda a poesia pode – e deve! – tornar-se magia,
Tornar-se, toda ela em jeito circunstancialista,
A expressão pura, original e realista,
Revelando-se, assim, em Arte e primazia…

Mas não se livra – a Poesia – de ser exposta
Às marés vivas das humanas emoções,
Que são o alfobre de complexas ambições,
Entre elas, a paixão em que o poeta aposta.

Conservador, seja o poeta ou… não o seja;
Vanguardista, quer tenha sido ou venha a ser.
Uma coisa é mais que certa: o que o faz crescer
É sentir dentro de si o alto sonho que lateja!

© Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

O FADO

 


COROA DE SONETOS


de RAADOMINGOS e RÓ MAR


O FADO


***

I

A saudade patente bem vincada,
Quando nas tascas do fado vadio;
Cordas das gargantas em desafio
Cantavam em bonita desgarrada.

A guitarra antes forte dedilhada
Carpe presente um outro trino frio;
Sente a falta do portentoso brio
Da Severa cantora e camarada.

Amores antigos por si cantados,
Fenecem nas notas de tanto dó
Em escalas de muitos condados.

Seu corpo dorido desfeito e só
Aos poucos tem os dias contados;
Se não se desfizer da sina o nó!

© RAADOMINGOS

*

II

"Se não se desfizer da sina o nó"
Marinheiro que atracou cantadeiras
Ao velho veleiro com brincadeiras,
Boémia e poesia não te sentirás só!

Foram décadas por terra além-mar
Exibindo o peito, espontaneidades
Exorcizando tristeza e saudades
Retratando o quotidiano popular.

Sal que o transformou na mais pura e nobre
Canção, que a todos enche o coração;
Trinado p'lo contemporâneo pobre

E também p'lo rico com precisão!
Que faz com que a poesia se desdobre
P´lo acorde fazendo do fado nação.

© Ró Mar

*

III

"P'lo acorde fazendo do fado nação"
Com viola e guitarra portuguesa
Meia dúzia de pessoas à mesa,
Fica composta a área do salão.

Velas, caldo verde, chouriço e pão,
Abrandam do peito certa tristeza,
Contrastando com a enorme beleza,
Da voz que sabe tão bem o refrão.

Estribilho qu' emociona e arrepia,
Que se entranha bem fundo e s' espalma
P'la ligação que se dá e se cria.

Não se explica como é qu' ela calma,
Mas o certo é que é terapia;
Que vai deixando mais solta e leve a alma.

© RAADOMINGOS

*

IV

"Que vai deixando mais solta e leve a alma"
E o coração apaixonado ao vozeirão
Espelhando os Senhores da criação
Com o imponente brio de vénia e palma.

Nas ruas e vielas, botecos e outros
A gíria fez bairros carismáticos,
Que por nobres infaustos e críticos
Fez do fado ocioso o oficio doutros.

Na festa carnavalesca a essência
D' alma à letra e o vinho português,
Que sempre foi bom por excelência!

Levou-o das ruas ao teatro, ao burguês,
Que à boca cheia lhe deu consistência
P´la valia das precisões do freguês.

© Ró Mar

*

V

"P'la valia das precisões do freguês"
Tratam os agora pelas palminhas;
Ver se das frestas das velhas tabuinhas
Cresce outro tipo d' entalhes e quês.

Dos anos passados e dos porquês...
Coitada da animada Mariquinhas
Se em troca das habituais prendinhas
Os mariolas trouxessem bouquês.

O consagrado agora é mais brilhante
Há novo estofo outro tipo de mobília
Um património bem mais interessante.

Notáveis serões de aprazível vigília;
De um convívio salutar, apaixonante
Onde se juntam como sendo família.

© RAADOMINGOS

*

VI

"Onde se juntam como sendo família"
Partilhando o social e cultural
Na amena cavaqueira, musical
De cordas afinadas na voz da Ercília;

A "Santa do Fado", atriz de revista,
Que a voz elevou a internacional
Através de discos, rádio local
E digressões por fora, grande artista!

Por terras de França, América e Brasil
Acompanhada de ilustres guitarristas,
Armandinho e Raul Nery, mostrou o brio.

Das casas de fado ao teatro fez conquistas;
Da sétima arte à rádio o fado vadio
Volveu o palco do mundo, deu nas vistas!

© Ró Mar

*

VII

"Volveu o palco do mundo, deu nas vistas"
E pautou história. O fado "clássico"
Fez do triste viver do povo icónico
E em simbiose com o romantismo "cristas".

A exibição em salões da aristocracia
Fez com que ele se tornasse a expressão
Musical portuguesa de tradição
Retratando a saudade, o ciúme e a nostalgia.

Muitos foram os que lhe deram voz
De notar Hermínia Silva, que fez oficio
E nome ao fado "musicado" de todos nós;

Lucília do Carmo, F. Maurício
Entre outros... é de enobrecer a voz
De Alfredo Marceneiro, o patrício.

© Ró Mar

*

VIII

"De Alfredo Marceneiro, o patrício,"
Que deu voz à canção e seu glamour,
Vestido a preceito, letra de 'amour'
P'la arte assinada em nome fictício.

Sobe ao palco do Coliseu dos Recreios
Com a Opereta "História do Fado",
Beatriz Costa e Vasco Santana ao lado
Do mestre dos auspiciosos gorjeios.

O nosso "Fabuloso Marceneiro"
Foi a voz da Valentim de Carvalho
E toda a sua vida foi marceneiro;

De boina e lenço de seda, dava valho,
"Ti’ Alfredo" tinha estilo de obreiro,
De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'.

© Ró Mar

*

IX

"De mãos nos bolsos saía o fado 'agasalho'"
E de xaile negro vibrava a eximia
Voz de Amália Rodrigues, idolatria
Duma cultura, abertura de atalho...

Considerada a "Rainha do Fado"
E amada por todos, levou a canção
Do seu povo com alma além do coração
Elevando-a como "poesia do fado".

Graças à 'Diva' o 'tradicional' consolida,
Ícone da cultura nacional,
Êxito internacional, canção querida.

Com Amália a Catedral de Portugal,
O apogeu do fado moderno na lida
Do grã Camões e outros, monumental!

© Ró Mar

*

X

"Do grã Camões e outros, monumental!"
Tanto é o que traduzo em arrepio
P'la sua voz "Povo que lavas no rio",
Relembrar é de jus e fundamental!

Letra nesta época transcendental,
Que só a entrega e genuíno brio
Da nossa distinta Dama ouro-fio
Lhe confere autenticidade sem igual.

Grande responsável e com amor
Que de si a admiração era devota
Temos também o Alan, compositor.

Registo d' entre tantas a "Gaivota",
A "Estranha forma de vida" e "Lianor"
Grandes composições do poliglota.

© RAADOMINGOS

*

XI

"Grandes composições do poliglota"
Abriram no horizonte outra janela
E de braço dado a fadista e a Estrela,
Embarcaram na aventura patriota.

Seguir a Rainha tudo se atenta e nota;
Muito se admira a compleição,
Se se comporta na perfeição,
Se o vestido é feio ou janota!

Mas, isso pouco lhe interessa qu' aconteça
Fecha os olhos e sente a canção
Com um ligeiro inclinar de cabeça!

Comove-se como se em oração
Rezasse pedindo a Deus, que depressa
Lhe acabe com tamanha solidão!

© RAADOMINGOS

*

XII

"Lhe acabe com tamanha solidão!"
É palavra d' ordem no Faia, Bairro Alto;
Retiro d' artistas, gabarito lauto;
Carlos do Carmo como anfitrião!

Tantos conduziu pela sua mão;
Lenita, Tarouca, Maria da Fé...
Agora, Moura, Mariza, Camané
E tantos outros desta geração!

Sons que trazem novos andamentos
E glórias, como Dulce Pontes e a assaz
"Canção do Mar" entre outros êxitos;

Especiais no moderno que se faz
Portadoras de novos sentimentos;
Dão ao futuro um excelente cartaz!

© RAADOMINGOS

*

XIII

"Dão ao futuro um excelente cartaz!"
Orgulho sabê-las transpor fronteiras;
Não sendo das afamadas primeiras,
São as que presentemente a plateia apraz!

Junto ao Olympia, Paris a passar,
Ver no néon quem são os da atuação
Não há no íntimo maior comoção
Do que ler o que está a publicitar!

Ter no palco uma bandeira içada,
Repovoar novamente a memória
Saber ser nossa verde e encarnada;

É degustação de uma doce vitória
Que jamais por todos será apagada
Dos arquivos da Lusitânia história!

© RAADOMINGOS

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XIV

 "Dos arquivos da Lusitânia história"
Recordamos dois séculos de cultura
Popular, a arte do fado e sua postura
Mundialmente, os momentos de glória.

Através do espólio dos grandes do fado
E de memórias doutros conflui a grandeza
Da canção lisboeta e guitarra portuguesa,
Dos bairros típicos... Uno Museu do Fado.

A velha e eterna tradição que fruamos
Nas Casas de Fado, a anciã pisada
De arte e talento, que sempre recriamos;

E na Casa de Amália sentimos vida,
Memorizamos sensações, miramos
"A saudade patente bem vincada."

© Ró Mar 
 
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Sonetos do Universo | 02/ 2022

sábado, 5 de fevereiro de 2022

A BRANCURA DA TAÇA




A BRANCURA DA TAÇA


Por este sinal da cruz,
Não se cala a voz de Jesus,
E, ao ouvido vem dizer...

O sinal da cruz é amar,
Não é voz para calar,
Até o céu esclarecer...

Num silêncio forçado,
Como se fosse pecado
De uma dor, não sei porquê!

Numa linda taça branca
Junto de ti uma herança,
Sem se saber onde e de quê?

Com esta pura brancura,
Na voz em tom de ternura,
Com pupilas a desenhar...

Amanhecer com os sinos,
Nas grandes canções de hinos,
Uma reza a celebrar!

© Maria Graciete Felizardo | 02/2022