segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ÂNCORA




Âncora!


Sou âncora de um pensamento, jamais esquecido, 
em que o homem do leme adormeceu 
caindo nas águas profundas de um rio.

Emaranhada em algas e perdida no tempo por lá fiquei, como o barco enraivecido 
em tormentas, onde o céu desceu para o beijar.

Ainda preso aquela âncora em que o pavio vai desfalecendo 
nas horas já gastas do pensamento entre o ontem e o amanhã, porque as lágrimas 
vertidas e retidas em imagens de um passado vivido 
e de um presente futuro, morrem no abismo 
negro desse mar.

Âncora enferrujada, despojada, abandonada, sem rumo 
esquecida, sem dó ou lamento neste agora que se perdeu.

Só restam as lágrimas
desse rio.

M.C. - Manuela Clérigo