Âncora!
Sou âncora de um pensamento, jamais esquecido,
em que o homem do leme adormeceu
caindo nas águas profundas de um rio.
Emaranhada em algas e perdida no tempo por lá fiquei, como o barco enraivecido
em tormentas, onde o céu desceu para o beijar.
Ainda preso aquela âncora em que o pavio vai desfalecendo
nas horas já gastas do pensamento entre o ontem e o amanhã, porque as lágrimas
vertidas e retidas em imagens de um passado vivido
e de um presente futuro, morrem no abismo
negro desse mar.
Âncora enferrujada, despojada, abandonada, sem rumo
esquecida, sem dó ou lamento neste agora que se perdeu.
Só restam as lágrimas
desse rio.
M.C. - Manuela Clérigo