UM BANHO NO RIO AO LUAR
Tão jovem eu era, de sonhos eu vivia,
Quando à noite, ao luar, mergulhava
Nas águas claras do rio da minha vida,
Abraçado à mulher que eu idolatrava.
Os minutos que passámos então juntos,
Pareciam anos, tal era a nossa entrega,
Momentos de prazer, doces como o mel
Que nos esquecíamos de quem éramos.
Vinham pássaros junto de nós a saudar
Com seus alegres piares e muita alegria,
Com prazer, por nos fazerem companhia,
Em momentos que guardei para recordar.
Tempo em que a floresta nos dava Paz,
O cheiro a mato era um bálsamo virgem
Que só de o lembrar ainda me satisfaz,
Dando-me prazer, como uma vertigem.
Essa vida que eu vivi naquele tempo,
Já hoje não se usa, está fora de moda,
O que agora conta é artificial e redutor,
Tudo é provisório, jamais é reprodutor.
Um banho no rio ao luar hoje sabia bem,
Nem que me banhasse em águas turvas
Com minhas lágrimas de muita saudade,
Que eu jamais esqueço, santa bondade.
Ruy Serrano