sexta-feira, 31 de julho de 2015

UM SONHO


UM SONHO


A noite estava escura como breu
A chuva fustigava a minha janela 
As imensas estrelas brilhavam no céu
Meu quarto iluminado com uma vela

Na minha mente muita imaginação 
No meu corpo o desejo de correr
Sinto o bafo quente da minha respiração 
Na minha mão a vontade de escrever

Ao som da chuva acabei por adormecer 
Num sonho fantástico cheio de magia 
Que era um Deus e tinha total poder
Para transformar todo o mundo em poesia

Onde todos os povos falavam a rimar
No lugar dos canhões livros de poesia
Que a lei universal fosse o verbo Amar
E a tristeza fosse substituída pela alegria 

O meu despertador tocou e então acordei 
Sentei-me na minha cama voltei á realidade
Vou guardar no coração aquilo que sonhei
Porque sou um sonhador e acredito na humanidade 

Paulo Gomes

AMANHÃ SEI QUE ÉS A MINHA OUTRA VIDA


Imagem - Bellissime Immagini


AMANHà

SEI QUE ÉS A MINHA OUTRA VIDA


Amanhã sei que és minha flor de luz:
O meu vasto universo em pleno direito;
A minha tão soberba fonte em leito;
A minha tão serena e eterna cruz.

Amanhã sei que és meu presente dia:
O meu vasto astro em plena manhã;
A minha tão dama casta em poesia;
A minha tão adorada e amante aldeã.

Amanhã sei que és meu futuro sóror de jardim:
O meu vasto perfume em pleno ser;
A minha tão sonhada a cobiçado marfim.

Amanhã sei que és a minha outra vida:
O meu vasto reino em pleno rejuvenescer;
A minha tão alma em coração nascida.

® RÓ MAR
 

POETA NÃO SOU


POETA NÃO SOU


Sair de si e dar-se aos outros - 
eis o que é ser-se poeta.
Poeta é aquele que faz sentir
nos outros seu próprio sentir.
Sentir sentimentos seus,
intensamente teus,
que não cabem em si.
Poeta é músico de letras
que canta melodias sublimes
em plateias ausentes.
Poeta não sou que rústico sou;
canto sim aquilo que esparso 
divaga em meus pensamentos:
questões de consciência,
de ver gentes e mundo,
de despertar novos pensares.
Poeta fala de poesia; 
eu, de amor, de como repartir,
viver e sentir. 
E como sinto.

Fernando Figueirinhas

quinta-feira, 30 de julho de 2015

SORRISO ALEGRE QUE ME FEZ CHORAR

 
 Aguarela de Alberto Lacerda 


“SORRISO ALEGRE 

QUE ME FEZ CHORAR”


Falou o Sol, depois Lua, o Vento
Vinha tão carregado de mistério;
Estava linda a noite e, sonolento
Adormeci! Sonhei mesmo a sério,

Que os teus beijos eram prendas;
Embrulhei-as: raios de luz foram
Os fios, com o luar teci as rendas.
Quando meus sonhos terminaram,

Acordaste-me, estava-te a adorar;
Um sorriso, teus olhos cintilaram,
Sorriso alegre que me fez chorar!

O sino tocou, ouvia-se lá de fora;
Com mãos dadas fomos embora
Pelas silvas, com sabor a amora!

Alfredo Costa Pereira
 

TEMPO!!

 

 TEMPO!!


O tempo, gasta os dedos e o cabelo
verde esperança, da lembrança
esquecida
O tempo é uma ameaça, a desgraça!
O tempo vive e renasce
em cada hora, em cada 
passo
O tempo é tudo o que temos e o 
que não temos.
Tempo é vida!
Tempo de mudanças e de tranças
de menina adulta
Tempo de mulher madura e de 
ternura
Tempo gasto nas entrelinhas
de um abraço
Tempo é preciso
a cada passo!
Eu tenho tempo para o 
Tempo!!!
Submissa e rebelde
na liberdade deste
Tempo!!
 
Manuela Clérigo

NO SILÊNCIO DAS MADRUGADAS

 

NO SILÊNCIO DAS MADRUGADAS


No silêncio das madrugadas,
Respiram as árvores,
Dormem as aves,
Perfilam-se os prédios nas cidades,
Em desenhos geométricos,
Como patéticos.
Os poetas encontram inspiração,
Imaginam virtuais amores,
Sofrem de dissabores.
A luz do sol dissolve as madrugadas,
Devolve-lhe a claridade,
É dia na cidade.
O silêncio das madrugadas expira,
Quebra os últimos sonhos,
Novo dia se respira.
Já tenho saudades das madrugadas
Em que desenho a poesia,
Na mente da fantasia.
Convivo bem com as mudas madrugadas,
Vivo mal com os ruídos dos dias,
Prefiro as noites de magia.

Ruy Serrano 

QUERO SER PARTE DA TUA VIDA

 

QUERO SER PARTE DA TUA VIDA


Quero ser parte da tua vida
Ser uma parte para ti importante
Quero ser uma parte para ti vivida
Agora, hoje, amanhã ou de hora avante

Quero ser parte da tua vida
Quero entrar na tua vida docemente
Poder estar sempre contigo, minha querida,
Não interessa a porta por onde entre

Quero ser parte da tua vida
Quero ficar por muito, muito tempo
Quero viver a tua emoção sentida
Poder estar presente em todo o momento

Quero ser parte da tua vida
Presente sempre que tu precisares
Sendo uma viagem, que não seja só ida
Estando presente sempre que por mim gritares

Quero ser parte da tua vida
Quero estar de uma forma diferente
Como uma grande força contida
Forte e duradoura para sempre

Quero ser parte da tua vida
Caminhando lado a lado
Nunca sendo como uma medida
Nunca me sentindo acomodado

Quero ser parte da tua vida
Teu Sol e o teu entardecer
Sim, minha linda Fada querida,
Quero ser tua noite, teu amanhecer

Quero ser parte da tua vida
Mas nunca tua liberdade prender
Para quem nos é muito querida
Nunca, nunca a devemos fazer sofrer

Quero ser parte da tua vida
Quero estar na tua vida de qualquer maneira
Não me preocupa que me faças qualquer ferida
Pois quero viver contigo a vida inteira

Paulo Gomes

terça-feira, 28 de julho de 2015

A FLOR DA MADRAGOA


A Flor da Madragoa…


Há uma Flor na Madragoa
Que vende peixe na praça
Quando seu peixe apregoa
Diz que é o melhor de Lisboa
Esta Flor é uma vivaça

É no Mercado da Ribeira
Que a Flor assim apregoa
É na sua atitude brejeira
Mostra o peixe à sua beira
O melhor que há em Lisboa

E quando sai do Mercado
E vai pela rua fora
Ela lá vai dando o recado
E ninguém fica admirado
O bom peixe vende na hora

E no outro dia lá está
Ali no Mercado da Ribeira
O peixe é o melhor que há
Ela às vezes até o dá
Para acabar sua canseira

Eu fico atordoado
Com a sua voz potente
O peixe por si apregoado
É por si o mais amado
E com ele fica contente

Armindo Loureiro

OLHO A CIDADE ALAGADA


Imagem- Bellissime Immagini 



OLHO A CIDADE ALAGADA


Olho a Cidade alagada
Num mar
De virtudes
E desvirtudes
E comprometo-me com o dia
Das vicissitudes…
Sorrio para o mar
E componho-o na calma
Que me resta na alma...
Olho a Cidade alagada 
Num abismo e infortúnio desmedido
E comprometo-me com o dia
Das esperanças…
Sorrio para o mar
E vejo o brilhar dos meus olhos
Junto ao coração...
Sigo leve e levo as lembranças
No palmilhar das minhas atitudes
E no silêncio sorrio como as crianças
Que ainda têm todos os brilhos
Para descobrir e um mundo
Para aprender de razão.

® RÓ MAR

O TEMPO


O TEMPO


Quando se deseja, o tempo não passa
Olhamos o relógio, até doer o coração
Tudo na vida se paga, nada é de graça 
E ouvimos o tic tac, como uma canção

Esta saudade que nos aproxima
E com amor a distância reduz
Faz-me escrever um verso, uma rima
Quando começa o dia, até que acabe a luz

Nunca dou esse tempo por perdido
Nem penso sequer em economizar
Cada verso é como estar contigo
E com muito carinho te possa beijar

Quero meu tempo, e o teu tempo
Porque amar dá sentido à vida
Não quero desperdiçar nenhum momento
Porque te amo muito, minha Querida

Da forma como o nosso amor começou
Mostra que o tempo não tem idade
E pronto para te amar eu estou
Não só agora, mas para a eternidade

Paulo Gomes

QUIMERAS...


Quimeras…


Julguei-te um dia
Sem saber quem tu eras
Tirei-te toda a alegria
Por causa dumas quimeras
São quimeras nesta vida
Que eu já sinto pouco
Tua vida de tão sentida
Fez de mim um homem louco
Mas abençoo essa loucura
Que viveu assim em mim
Dá-me pois tua ventura
Ó alegria do meu jardim
E que as quimeras venham a mim
Nesta vida tão importante
Porque eu gosto de ti, enfim
Quero viver-te neste instante

Armindo Loureiro 

ETERNO AMAR


ETERNO AMAR


Quando li o teu poema, sabia que era para mim
Estiveste mal ao escolher o tema, eu não sou assim
São teus olhos que estão deslumbrados!,eu não existo,
Meus olhos foram bem amados, hoje meu olhar é para Cristo

Se o amor fosse comprado, pouca gente o teria
Amar e ser amado, muita gente gostaria,
Mas aquele amor verdadeiro, é sempre o mais recatado
Amar, amar eternamente mesmo perdendo o ser amado,

O amor puro e sincero não se desgasta com o tempo
Aquele amor que juramos para sempre,
Na saúde e na doença, esse amor não é efémero,
Aguentam as tempestades, e não se esvai com o vento,

Amar e saber amar nem todos sabem compreender
Saber amar é também saber respeitar,
Seja o homem ou a mulher, façam vossos votos valer
E o amor será então, uma bela canção do eterno amar,

Joana R. Rodrigues

segunda-feira, 27 de julho de 2015

AMA-ME – TENS O AMOR BEM À TUA FRENTE


Imagem - Attimi e Ricordi


AMA-ME – 

TENS O AMOR BEM À TUA FRENTE


Não te quero triste - ele não te merecia -
Bem sei que é bom dizer sem estar por dentro
Mas faço tua dor a minha em poesia -
Bem sei que de momento não vai ser - mas entro -

Não te quero ver em pranto a sofrer -
Sinto-te - o que sangra teu coração
Não tem razão de viver e tu vais reconhecer -
Sinto-te - quem te fez tal solidão -

Não é digno de tão excelsa beleza -
Sinto-te - o que peleja alma perdida
Não tem lugar cativo de certeza -
Sinto-te – o quanto estás ainda ferida -

Alegra-te - tens outra vida em frente -
Bem sei que não vai ser a que querias
Mas faço tua alegria minhas poesias -
Bem sei que há saudade sempre - mas sente -

O que tenho de bom para te dizer -
Sente-me - o que vês em minhas linhas
Tem razão de ser e vai acontecer -
Sente-me - o que tão queres e sonhas -

Está em tuas mãos – o tempo ajudará – vem -
Sentes-me – não - pudera nem me ouves bem -
Tens mesmo que passar um mau bocado -
Sentes-me - o que vês nada - está a teu lado -

Ama-me - tens o amor bem à tua frente -
Bem sei que não serei teu amor-perfeito
Mas far-te-ei mulher em meu real jeito -
Bem sei que não serás menina - mas amante.

® RÓ MAR

E O TÂMEGA ALI TÃO PERTO...


E o Tâmega ali tão perto…


Se bem me lembro
É tema que quero lembrar
Seja de Julho a Setembro
A cura de qualquer membro
Dá-se nas águas do mar

E eu que gosto de nadar
Nem da água do rio gozo
Os dejectos vão lá parar
A água nem quero lembrar
O Tâmega está mal cheiroso

Mas contudo já o foi
Podem disso ter a certeza
Inda hoje a alma me dói
Por quem tudo assim destrói
E nos retira toda a beleza

São as malditas barragens
Que obrigam a acontecer
Tenho dele belas imagens
Descansar nas suas margens
Era para mim grande prazer

E depois de mui cansado
Ia comer azeitonas e broa
Com um copo bem aviado
Eu que jamais fui atado
Tinha uma tarde bem boa

Agora ando por aqui
Com mazelas em demasia
A falta de água a senti
Já nem sei no que me meti
Pois perdi toda a alegria

Armindo Loureiro

PORQUE ESCREVO EU?


PORQUE ESCREVO EU?


Este gosto de escrever, vem de dentro,
É uma força interior que me influencia,
Todo o meu ser, minha alma contagia, 
Dessa inspiração fico assim suspenso.

Todos os momentos são de inspiração,
Escrevo o que manda o meu coração,
Crónicas e versos, sobre o meu amar,
Viajo por terras e mares por desbravar.

Gostos e desgostos fazem-me escrever,
Sonhos desfeitos não são o esmorecer
Duma vida que inda dura e vai perdurar,
Enquanto a esperança não me atraiçoar.

Escrevo para denunciar as vis injustiças
Que são vícios crónicos da humanidade,
Tentando convencer que não é maldade.
Mas que castigam todos, com sevícias.

Nunca abdicarei de escrever o mais belo,
Daquilo em que acredito, com a verdade
Dos meus versos e do meu texto singelo,
Que eu trago comigo desde a puberdade.

Quando chegar ao termo da minha vida,
Espero ainda ter lucidez para rememorar,
Tudo o que vivi de verdade e de fantasia,
Que levarei comigo para aqui não deixar.
O mundo tanto do que é meu não merece,
Por me ter tratado tão mal, é esta a prece.

Ruy Serrano 

domingo, 26 de julho de 2015

VIAGEM DE COMBOIO


VIAGEM DE COMBOIO 


Estou no comboio sentado 
Olhando fixamente a janela
Como se estivesse hipnotizado
Pela mais espectacular tela

Meu pensamento esse vagueia
Num turbilhão de várias ideias 
Imaginando o comboio uma baleia 
Mergulhando no mar com as sereias

Como se o meu mundo fosse só magia
Tudo o escrevo transforma-se em realidade 
Os meus poemas irão ficar famosos um dia 
Porque saem do meu coração com humildade

O comboio lentamente entrou na estação 
Esta magnífica viagem tinha terminado 
O que sonhei foi apenas a minha imaginação 
Porque sou um Poeta sonhador e apaixonado 

Paulo Gomes

SINTA-SE A MAGIA DO AMOR...


SINTA-SE A MAGIA DO AMOR...


Ninguém precisa acreditar 
Naquilo que não vê...
Deixe seu coração transbordar...
Deixe-o chorar.
Por um momento apenas acredite....
Sinta a magia no ar,
Sinta o aroma das flores,
Deixa a alma falar.
Sinta seu coração e...
Deixe apenas seus olhos derramarem...
Deixe as lágrimas escorrerem,
Não mergulhe no silêncio...
Olhe ao seu redor,
Veja a lua se escondendo
Dos teus sonhos em segredos.
Veja as estrelas como estão belas
Espere os raios de sol
E sinta o seu carinho,
Olhe...Sinta a brisa no seu rosto,
Sinta o quanto é bom,
Deixe o seu coração
Faça-o despertar do seu íntimo
Seus desejos guardados.
Não chore...
Não lamente...
Sinta o quanto é bom um carinho,
Delicie-se ao som do vento,
Da natureza
Acredite no que é capaz
Escondido no infinito da alma...
Mas apenas acredite...
Seja feliz sorria mais sorria...

Madalena Lessa

DIA FELIZ, ESCRITOR!


DIA FELIZ, ESCRITOR! 


“Ao dia 25 de Julho”


Feliz data me cumpre desejar
Neste mágico dia encantador:
É minha opção o poder descansar
Desta digna tarefa de escritor.

- Quer faças prosa ou componhas verso,
Minha pena, que escreves de hora a hora:
Quero dizer-te, mesmo controverso,
Pára, por minha pena, descansa agora… 

- Não escrevas, deixa branco o pergaminho,
Porque hoje não és pena mas és rosa
Sublime aroma, mesmo com espinho:
Que amanhã é outro dia, ó ditosa!

Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA

sábado, 25 de julho de 2015

QUE ESTRANHA SENSAÇÃO


Imagem- O amor entre linhas 


QUE ESTRANHA SENSAÇÃO


Que estranha sensação que sem licença quer entrar
Que atrofia o pensamento e tão acelera o coração
Que se sente de dia e de noite até mais não
Que nos faz ora alegres ora a choramingar

Que estranha sensação que pelo corpo alma quer morar
Que segreda vida em lotes felizes de união
Que se beija de dia e de noite em sofreguidão
Que nos faz ora plenos ora loucos de tão amar

Que estranha sensação que arrepia todo o ser 
Que se sente de dia e de noite em tão prazer
Que nos faz ora gente ora sonhadores 

Que estranha sensação que transmuta cores
Que nos faz ora saudade ora comichão
Que uns chamam de amor outros de paixão.

® RÓ MAR

POETA DE MIM




Poema e ilustração de Mila Lopes

SONHEI CONTIGO




SONHEI CONTIGO


Eu vi-te durante a noite dançando
Correndo rápido ao longo da areia

Como um espírito da água sonhando
Fogo que entrava no coração pela veia

No momento que se ama alguém
No segundo que o coração bate
A realidade nos pergunta quem
Então os sinos tocam a rebate

Tudo que eu precisei o teu coração me deu
Como campos de aromáticas flores que pisei
Quando estrelas colidem como tu e eu
Amor, és tudo o que eu sempre precisei

Existem caravanas que seguimos
Noites mágicas em hotéis de luxo
Quando fazemos filmes eróticos conseguimos
Onde sexo e amor terminam num repuxo

Pois de repente eu acordei
E olhei para o meu lado e não te vi
Bom, foi um belo sonho, bem sei
Mas falta pouco para estares aqui

Paulo Gomes

NÃO MURCHES Ó MINHA FLOR




Não murches ó minha flor…


Vejo em ti esse porvir
Duma flor bem viva
O teu botão quero sentir
Nesta mão tão atrevida
Porque não só o olhar
Para ver essa bela flor
Na mão quero apalpar
A flor do meu amor
És tu que eu espero
Nesta vida desesperada
Tu sabes bem que te quero
És a flor da vida airada
Mesmo que não me deixes
Fazer uma plena apalpação
No futuro não te queixes
De por ti não ter paixão
É que a paixão vai e vem
Depende do que se produz
E para mim seria um bem
Ver em ti a minha luz
Uma luz reflectida
Na beleza do teu olhar
Numa breve arremetida
Eu sei bem que ias gostar
Mas se te julgas importante
E não dás azo à alegria
Eu te relego neste instante
Acabou o meu bom dia
É de dias como este
Que eu jamais gostarei
Esse pouco que de ti reste
É aquele que eu amei
Não murches pois então
Mantém-te bem amorosa
Para eu viver essa ilusão
Tu flor a mais airosa

Armindo Loureiro

EXISTE TEMPO AZUL ALÉM DO BRÉU


 Imagem – Bellissime Immagini 


EXISTE TEMPO AZUL 

ALÉM DO BRÉU


Entre o sacrifício que a vida impõe
Aos que não têm direito equitativo
Existe tempo que suplanta o muro cinza;
Ventana que se ergue de coragem
Desafiando o rio ao duelo dos justos.

Meditando entre as ondas o que há a fazer
Abraçam a lua levantando voo superlativo;
Asas que rompem aquela cortina de pobreza
Que fica por detrás do génio que se põe.

Entre a serenidade e a sapiência há céu;
Aos que os humilharam vão amanhecer
Dignos de seus predicados robustos;
Existe tempo azul além do bréu.

® RÓ MAR

PERDOA AMOR: VOU CONTAR”


Arte de Carlos Basto


“PERDOA AMOR: VOU CONTAR”


Tinhas os teus olhos cheios de ternura
Resguardavas tua boca de humildade;
O teu coração cheio de amor e doçura,
Com mãos sempre repletas de bondade.

Brincavam contigo regatos a salpicar,
Gostavam de ti os espigueiros da serra 
E madressilvas que gostavas de cheirar,
Perfumavam-te com a beleza da terra!

Eu era mais alegre quando tu passavas!
Tu sorrias para mim, ouvias a Natureza,
E contavas às pessoas com que cruzavas

Os segredos que sabias e não me dizias!
Devagar minha memória com subtileza
Achou pensamentos que me escondias! 

Perdoa amor: vou contar toda essa beleza…

Alfredo Costa Pereira
 

ÀS MULHERES DE ATENAS (E NÃO SÓ!)


ÀS MULHERES DE ATENAS 

(E NÃO SÓ!)


Onde estais mulheres d´ Atenas?
Nesta crise que é geral
Todo o povo sofre, apenas
Por não lh´ encontrar o mal.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Já há muito que não obrais
Em desnorte de melenas
Suspensas d´ horas fatais.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Vossos varões ´stão na luta
Com eles tão só e apenas
É o destino que se encurta.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Lembrando a heróica Corina
Horas e horas em cadenas
Até-às-tantas da matina.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Nos átrios de Epidauro
Envoltas em tristes cenas
Do reino do Minotauro.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Na procela há só varões
E vós, nascidas Helenas,
Frechando os seus corações.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Na Penélope paciente
Tereis um espelho de novenas
Num amor que se não sente.

Onde estais mulheres d´ Atenas?
Entretanto o povo em esperas
E vós com gozo e serenas
Embalais vossas quimeras.

Exultai Helenas e cantai
Que os varões estão voltando
Curai os estigmas, curai, 
Se com eles estais sonhando.

Dançai, Helenos e exultai
Ao som da harpa de Orfeu
E chorai lágrimas, chorai,
P´ la sorte qu´ alguém vos deu!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

BRANCAS


Imagem de Rossella Migliaccio


BRANCAS


as brancas perseguem-me
ferozes...
apagam versos da Tabacaria
datas carinhosas
outras terríveis
nomes de figuras
que se perfilam na memória...
overdose de vida
requiem de sonhos...
apenas tu persistes
sorridente
atrás do biombo da loucura
juventude perdida
imagem em câmara escura...
e persigo fantasmas
com lesões cerebrais
e um misto de ternura...

r.r.- Rosa Ralo

O BRILHO DA IMAGINAÇÃO


 

O BRILHO DA IMAGINAÇÃO


Carrego comigo uma bagagem
está cheia
do brilho da imaginação.
Cheia de uma paz
conquistada e de
uma alegria ousada.
Cheia de tempo
pra ser inteira e pra olhar ao redor.
E não abandono a razão
que existe em mim.
Meus passos
são conscientes. 
Visto meu sorriso,
me...
desfaço e...
Aonde é que vou...
. Vou atrás da minha resposta 
vejo que...
O vento que passou por aqui
me ensinou tudo na vida passa e
vento leva... tudo de ruim
passa novamente trazendo coragem para seguir...
A minha imaginação para seguir...
Que preciso me encontrar eu mesma...

Madalena Lessa

UMA LINDA VIAGEM




UMA LINDA VIAGEM


Uma viagem de barco fizemos nesse rio
Ficámos sempre os dois de mão dada
Não sei quem estava a governar o navio
Penso ser o destino e não digo nada!

Sem um gesto sequer, de súbito unidos
Tornamo-nos amigos como um íman não à toa
Como se despertasse os nossos sentidos
Por entre nossas mãos o verde-mar se escoa

Aparentes donos de um barco abandonado
Nós olhamos sem ver a longínqua miragem
Aonde iremos ter com frutos e pecado
Se justifica e enfoca esta linda viagem!

Agora sei que és Tu quem me fora indicada
O resto passa alheio aos nossos sentidos
Subindo aquele rochedo ou parados na enseada
A eternidade é nossa com os nossos corpos unidos

Paulo Gomes

ONDE HÁ ALMA HÁ ASSIM EXTRA POESIA


Imagem – O amor entre linhas 


ONDE HÁ ALMA 

HÁ ASSIM EXTRA POESIA


Onde há coração há assim amor
Onde há vida há assim natureza
Onde há olhar há assim olor a flor
Onde há harmonia há assim beleza

Onde há mar há assim cortesia azul
Onde há céu há assim supra infinito
Onde há pé há assim momento a sul
Onde há fé há assim génio espirito

Onde há melodia há assim som arte
Onde há lua há assim plenário luar
Onde há sonho há assim planeta marte
Onde há silêncio há assim uno poetar

Onde há luz há assim verde esperança
Onde há mão há assim teto de união
Onde há alegria há assim alma criança
Onde há letra há assim voz canção

Onde há paz há assim puro sorriso
Onde há asa há assim a borboleta
Onde há dote há assim improviso
Onde há verso há assim alma poeta

Onde há vento há assim inspiração
Onde há raiz há assim fertilização
Onde há amor há assim beijo paixão
Onde há alma há assim extra poesia

® RÓ MAR

sexta-feira, 24 de julho de 2015

ASSOMBROS DE MIM...


 

Assombros de mim…


Dizem que é assombrosa
A minha veia trovadora
Para mim ela é airosa
Mas não passa de amadora
Escrevo a trezentos à hora
Diz um amigo que tenho
Afirmo que não é d’agora
E essa certeza mantenho
Foi um gene transferido
Aquando do meu nascimento
Meu pai foi um ser querido
Ao me dar este instrumento
Gostava de rimar em quadras
Fazia-o com a melhor das intenções
Em palavras desconcertadas
Fruto das suas paixões
Hoje, faço-o eu
Com toda a minha honestidade
Satisfaço o ego meu
E à quadra dou toda a verdade
Há uma certa sincronização
Feita num curto espaço de tempo
Eu vos lembro que é uma paixão
Que me leva a ter um bom momento
Não vale a pena questionar
Se eu sou terreno ou não
Basta apenas me apalpar
Para verificar essa situação
Costumo fazer quadras poéticas
Quando estou a ouvir pessoas
São actas que são tretas
Mas que têm leituras boas
Vou continuar a fazer
Tudo em que sinta paixão
Nas quadras grande prazer
Quando a escrita é uma ilusão…

quarta-feira, 22 de julho de 2015

NOITE


Imagem - Imagens do Mar


" NOITE"


Conta a noite os seus segredos
ao rio que está a correr,
deita a cabeça no seu leito
cobre o corpo com tal jeito
para se aconchegar,
e ninguém a ver chorar.

E quando pela manhã
acorda estremunhada,
Com o beijo do sol dourado
o abraço do pastor e do seu gado,
o canto do rouxinol no salgueiro
o coaxar da rã que espreita no rego de água do lameiro.

Margarida Fidalgo

DANÇAR


Pintora Artista Plástica Madalena Lessa


Dançar


Dançar é como crescer
Um processo lento, cheio de surpresas e lutas.
A realização de feitos que parecem 
impossíveis de se concretizar.
Acrobacias que exigem muito mais que 
horas de treinamento.
Que só a ousadia tem a capacidade de explicar. 
Um constante aprendizado
para o qual nem sempre acham necessário nos preparar.
É preciso ter talento.
Saber misturar, em doses certas, 
força e sensibilidade.
Conhecer limites e capacidades. 
Sem temer fracassos.
Amar. Amar-se
Sem medos.
Corpo e mente em perfeita harmonia
Essa integração é o segredo da eterna liberdade,
que nos permite alcançar voos muito, mas muito maiores.
É como crescer;...

Madalena Lessa

NATÁLIA FUMA NA MINHA CASA





NATÁLIA FUMA NA MINHA CASA


Parece mesmo algo do passado 
Quando vemos alguém a fumar 
Estava no meu sofá de pele sentado
Quando vi a Natália na minha sala entrar

Vinha com um cigarro numa boquilha
Na mão trazia dois livros seus de poesia
Envolta num fumo com aroma a baunilha
Como se tivesse aparecido assim por magia

Na minha lareira brilhava uma enorme brasa
Porque esta noite estava muitíssimo fria
Sirvo o chá enquanto a Natália fuma na minha casa
É a minha primeira tertúlia com ela a dizer poesia

Paulo Gomes

MARGENS


 

MARGENS


Arrastado pelas águas revoltas,
Do rio caudaloso e apressado
A chegar ao mar azul salgado,
Fiquei preso às margens ocas.

Esquecido pelo mundo tão só,
Espero pelo dia da libertação,
Que chegará talvez com o pó
Do dia derradeiro da salvação.

Permaneço preso às margens
Da vida preterida sem futuro,
Sem ambições, de tão maduro
Me sentir só com mensagens.

Fiquei pelas margens da vida,
Outros seguiram o percurso,
Que construíram numa linha,
Que atravessou o meu dorso.

Lutei por me libertar das lianas
Que me ataram nas margens
Duma vida que de mim fugiu
E que com maldade me feriu. 

Ruy Serrano 

QUAL DESCREVO EM SAUDADE, MEU QUERIDO


Imagem - Gardenia by Gardenia 


QUAL DESCREVO EM SAUDADE, 

MEU QUERIDO


Que saudade daquele beijo, escondido,
Que fazia a cidade antiga ainda mais linda,
Que escrevia em doces lábios ao luar juras de amor,
Qual me surripiavas em teu glamour.

A noite era querida, e eu adormecida
Em teus braços velozes sonhava tudo,
Aquele dia que seria prometida
Qual eterna mulher em teu precioso mundo.

Que saudade da longura daquela cabine na cidade,
Que fazia o diário à minha mocidade,
Qual em tempo de chuva sentia o coração enamorado;

Qual era mágico e para toda a vida verdade,
Que ainda vivemos muitos anos lado a lado,
Qual descrevo em saudade, meu querido.

® RÓ MAR

terça-feira, 21 de julho de 2015

CUMPLICIDADE


Tela: AF00168 - Auber Fiori


Cumplicidade 


Madrigal em concerto, 
Falas d’uma elegia 
Regida, descrita 
Em suspiros, em estros, 
Graças a um verso, 
A um único e inspirado verso!

Fantasia... Solidão...
Melodia para os ouvidos, 
Letras para os lábios
Em sofreguidão, em silêncio, 
Sobrepostos
Sobre uma folha de seda
Como uma poesia pelo céu!

Quimera... Alquimia...
Uma metade, numa outra metade, 
Simbiose, quiçá, aos olhos, 
Ao prisma em contra autos 
Intensos, insanos, 
Um soneto
Em sonata de amar!

Mãos nuas, 
Âmago inebriado, 
Palavras poéticas 
Deitam-se 
Ao longo dos lençóis 
Em calmaria, em amor 
De cumplicidade!

segunda-feira, 20 de julho de 2015

ARY DECLAMA NA MINHA SALA


 

ARY DECLAMA NA MINHA SALA


Convidei um poeta sem saber quem era
Para um jantar de amigos em minha casa
Foi no início de uma já distante primavera
Ainda fria jantamos junto ao calor da brasa

De repente esse dito poeta pediu para declamar
Um poema que dizia meu irmão, minha amêndoa meu amigo
Ficou então de repente um enorme silêncio no ar
Ele disse sei que gostam pois ninguém diz poesia como eu digo

Declamar é o meu perfume de tudo a minha essência 
Os poemas saem da minha boca como orações 
Que os grito como se pedisse aos céus penitência 
Quando chamo pelo nome todos os políticos ladrões 

Foi o melhor jantar de amigos que já tive algum dia
Poder ouvir o Ary a declamar poemas na minha sala
Não existe ninguém como ele a escrever assim poesia 
Uma recordação única que vou no meu coração guardá-la

Paulo Gomes