FRÁGIL MEMÓRIA
Nesta frágil memória
vagueio como ave sonâmbula,
escorraçada do ninho
que um dia foi leito
acolchoado de penas de cisne branco.
De regaço vazio, e mãos sofridas
navego nas sombras perdidas,
de boca calada a dobrar as esquinas
na companhia da lágrima com pressa de partir...
Esvaiu-se o rumor da noite
junto das paredes de granito,
onde vou deixar meu grito
prelúdio de tempestade,
onde mora a saudade
coberta de manto sem cor
a que eu chamo saudade,
saudade apenas, sem dor.
Margarida Fidalgo