AMAR-SE É VIVER-SE
Proponho, para ti, a fundação de um lugar novo,
com o teu nome a dar-lhe o nome.
Será, esse lugar, um espaço maior do que o teu corpo,
só que dentro de ti mesmo.
Se te sentes deslocado
(peixe sem mar),
é porque antes te perdeste de um lugar assim:
também dentro de ti,
também enorme,
e também com nome igual ao teu.
Entra no teu âmago – é aí que, ao mesmo tempo,
te reencontras e te deves instalar;
não te percas de ti; está tudo aí.
Depois, viaja pelo mundo
(nem precisas de ir muito longe),
e vai a lugares com nomes de outras pessoas
e, quando te renderes aos encantos de um,
privilegia-o como destino teu,
visita-o, amiudadamente,
e deixa-te voltar – sempre!
[Vai delongando as tuas estadas nesse alguém…]
Foi sempre assim que se apaixonaram
os que, como eu, antes se perderam.
Vivo, hoje, simultaneamente,
em dois lugares – bem mais feliz!
Seus nomes: o meu nome e o nome dela.
Sérgio Lizardo