LUÍS DADALTI (1909-1983)
"JANELA"
(ÓLEO) [Medalha de Ouro, do Salão Paulista de Belas Artes]
SE SOUBESSES...
Se soubesses o que poderias fazer por ti mesmo e pelo mundo;
Sim, aí mesmo onde estás, sentado em frente ao écran, apenas olhando, pensando, imaginando o teu mundo e o dos outros.
Se soubesses que te é permitido olhar da tua janela para as outras – de todas as outras. Possibilidades infinitas terias frente a teus olhos. Quantas coisas que jamais imaginarias por Teus olhos passariam.
Se soubesses que lá, algures em outro lugar do mundo, alguém espera desesperadamente, Talvez até sufocadamente, para que tu entres lá dentro. Ah! Como tu serias diferente! Por Instantes até te esquecerias de ti mesmo, para te veres não a ti, mas a esse outro, que até tu Poderias ser.
Se soubesses, quebrarias a tua janela, para te evadires desse teu mundo solitário, egocêntrico, Mesquinho, do qual só tu fazes parte e que só tu conheces. Aí sim, quão grande passaria o teu Mundo a ser. Lá, do outro lado, talvez quebrassem também a janela por onde entrarias – Quem sabe, alguém à tua espera.
Se soubesses romperias esse teu olhar desconfiado, taciturno, equivocado até - por não Fazeres idéia nenhuma, nem de ti mesmo nem de ninguém – e te esbaldarias no sorriso Aberto, franco, solidário e contagiante daquele (a) que te espera.
Se soubesses, não precisarias que eu te o dissesse. Passarias tu a dizê-lo a quantos pudesses. Por isso te escrevo, na esperança de que também tu o faças. E olha que essa esperança está Nesse mundo que tu podes abrir – está à tua espera; só de ti depende.
Se soubesses o que de ti o mundo espera!
Fernando Figueirinhas