segunda-feira, 28 de maio de 2018

AMEI-TE




AMEI-TE


Amei-te,
no deserto das noites, com a brisa a roubar-me o ar
num borbulhar frio sem emoções, com a mente em tempestade
Amei-te,
nas palavras sem tempo, que me escapavam da garganta 
no silêncio dos beijos nunca sentidos 
Amei-te, 
de olhar pousado no céu dos sonhos e na soma de todos os versos 
Amei-te,
nas noites mal dormidas, no cansaço da espera, carregando a dor no peito
Amei-te, 
de alma cansada e mente inquieta 
com o olhar a verter sal, nas mãos tatuadas de ausências 
Amei-te,
despida de preconceitos, sem fórmulas e sem ensaios 
Amei-te,
no vazio dos gestos em soluços 
com as minhas mãos que gritavam, implorando o teu amor
Amei-te,
com um amor ardente, decadente, que me queimava o ventre 
E tu... viveste ao meu lado e entregaste-te ao diabo
Foste desilusão,
insatisfação, frustração
Roubaste-me a felicidade, roubaste-me a liberdade de voltar sonhar 
Hoje, sou silêncio na melodia das primaveras
E resistência, na ceiva das chuvas geladas de inverno

Lurdes Rebelo