quinta-feira, 24 de maio de 2018

OS ARQUITECTOS DA CULTURA




OS ARQUITECTOS DA CULTURA 


“No Dia do Autor português 2018” 


Eu penso, eu sinto, eu faço,
Eis a filosofia do criador
Arrostando todo o embaraço
De se descobrir como autor.

Para um acto de criação
Há que evoluir passo a passo
Todavia, pelo sim, pelo não,
Eu penso, eu sinto, eu faço.

De suas mãos sai toda a obra,
Regada com amargor e suor
Mas, ao ter um prazer de sobra,
Eis a filosofia do criador.

Com lágrimas, suor e riso,
Singrando num mundo devasso,
O autor arrisca a mente e o siso
Arrostando todo o embaraço.

A sua obra é um desafio
Que cumpre com regra e primor
Assumindo a paixão e o brio
De se descobrir como autor.

O mundo, sim, pula e avança
Em sintonia com o progresso,
Cada novo autor é uma esperança
De um mundo novo sem reverso. 

Tantos caminhos de aventura,
Tantos e tantos os autores, 
São arquitectos da Cultura
E, do futuro, cinzeladores.

Cada traço sai-lhes da mão,
Ao recriar imagem a imagem,
É como um canto de emoção
Ao ritmo de cada paisagem. 

Os autores são como actores
Em largo palco e clara fonte, 
Agem mas não colhem amores
Das plateias sem horizonte.

Quer tenham ou não qualidade,
Quem lhes garante o seu direito?
Ser autor, com alma de liberdade,
Não prova virtude nem defeito.

Ser autor não é privilégio – 
Privilégio é ser português – 
E assumir este sortilégio
É ter Cultura e lucidez! 

Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA