sábado, 1 de setembro de 2018

A RAZÃO DO POETA


Imagem: Google


A RAZÃO DO POETA 


Onde estás, tu, ó Poeta,
Que já não te sinto mais?
Se a tua vida é discreta
Jamais lhe verás a meta
Sem a luz dos teus sinais...

Se o tempo que tens se vai
Por não sentires emoção
É porque a poesia se retrai 
E dentro da alma se esvai
Em busca de uma ilusão.

Onde estás, tu, ó poeta
Que já não ousas sonhar?
Teu poema-borboleta
Não passa de silhueta
No horizonte a esvoaçar...

Se o teu tempo se esgotou
Sem tomar forma de poema
Que razão em ti se gerou
Ou mesmo se mascarou 
Agrilhoado num dilema?

Onde estás, tu, meu amigo
Que não vês a tua razão?
Se no meu seio és o trigo,
Hás de nascer aí comigo
Gravado em meu coração.

A ti, poeta, exposto ao vento
Como se foras moinho,
Quero-te neste lamento
Que abras o teu talento
Envolvido de carinho!

Agora, poeta, eu já te vi
Porque, por fim, te senti!

Frassino Machado
ODISSEIA DA ALMA