segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A MÃO DO POETA TEM MAGIA


A MÃO DO POETA TEM MAGIA


A mão do poeta dança
Como por magia.
Quando inspira o poema
Perfuma as palavras
Bota-lhe uma pitada de ironia.

Sua ilusão é como um sol
De polpa dura...
Difícil de levar à boca,
Como dois braços esguios
Deitados em bancos frios.

Sua mão eleva-se desde o chão
Entre os veios do sono e a memória
Na detestável solidão
Procura com imaginação
A ilusão no seu intimo ilusório.

Na sua mente sã
No seu sentido afã
Com a mais profunda magia
Escreve a mais linda poesia
Com a pena na mão.

Mão branquela e afilada
Escreve cada palavra
Em tons de terra, de ar, de nada,
Descreve anjos de asas coloridas
Que nascem e morrem eremitas.

Na frescura matinal
Quase orvalhada, põe a boca e o coração
Lembra lendas de rosas formosas
Dum regaço de rainha entornadas,
Adornando a mais fria estação.

Tantas e tantas vezes
A mão do poeta determina segredos
Envelhecem do pulso ao cérebro
Em noites de desvelo
Num calor baço sem abraço, sem zelos.

As mãos do poeta são delicadas
De excelência, tão linda.
Formadas pela natureza
Unidas num mesmo destino
Sucessivamente transformadas pela consciência.

Os poetas afortunados,
De graça têm mãos cheias
Tantas que nenhum papel as abarca
Tantas não caberiam
Ou ficariam sem graça.

© Naná G.