quinta-feira, 7 de maio de 2015

CEMITÉRIO DE SONHOS






“Lampedusa, meu amor”


No lusco-fusco daquela alta madrugada
Por entre inesperado e denso nevoeiro
Surge o fantasma de um barco forasteiro
Carregado de corpos co´ a sorte tramada
Desafiando a triste sina em tudo ou nada
Em troca de um destino, dito alvissareiro,
Chegaram finalmente ao éden derradeiro
Daquela terra promissória e encantada.

Lá mais p´ ra trás ficaram navios perdidos
Na tragédia do mar e nas marés suicidas 
Que sepultaram, sonho a sonho, tantas vidas…
E na mira da esperança, náufragos vencidos
Pela angústia, p´ la fome, p´ la sede e p´ lo medo
Repousam no teu cemitério de segredo.

- Mas até quando, ó Lampedusa meu amor,
Conseguirás ser âncora e asilo nessa dor
E nesse vazio oásis que se fez degredo?

É tão agreste o caminho da liberdade
E tão obscura a luta pela Eternidade!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA