sábado, 13 de agosto de 2016

VOU-TE AMAR...




VOU-TE AMAR...


vou-te amar... 
até que meus dedos me doam 
minhas mãos se evaporem 
e no vento a ti encontre a minha aurora 
meu amor de existir em ti 
e te ver partir mas comigo junto 
no mundo que as letras 
nas brisas dos silêncios 
nos der vir a acontecer... 
tens o sabor de chamar-me 
e eu de em ti sorrir 
chama que me arde 
na palavra silenciada 
no olhar calado 
e na frase inacabada...

vou-te amar...
até que meus braços tombem 
no teu abraço e se apertem 
na ventania encontre e desperte 
tardes da minha folia 
que esta cama não será fria 
se junto contigo na folha em branco 
estarei escutando o teu dizer calado 
no bico da caneta que por teu corpo 
desliza e traça, faz-me sorrir 
tombo na palavra que me arde 
silenciosa, calada 
no olhar que calo e fica silenciado...

vou-te amar...
até que os meus pés tropecem 
no teu poço profundo 
e no vácuo da queda 
em mais em ti me aprofunde 
e acorde teu 
no meu desejo de entrega 
letra que se forma na palavra já criada 
na folha não pintada pela frase não acabada 
no teu corpo sempre velho, 
no teu rosto sempre jovem 
que me chama e em mim arde 
no silêncio da noite acorda 
e eu sorrio e fico calada...

vou-te amar...
até que meu corpo se desfaça 
no encontro do teu padeça 
na mistura de sempre 
que nos chama e incendeia 
nos acalme e detenha no corpo que é nosso, 
folha em branco que te humedeça o meu sentir 
de corpo no pó que me chama transparente 
no tempo e para sempre 
se mantenha no calor do teu ser
que sei que me ama 
e por isso sorrio 
e ao silêncio me confio....

*vou-te amar, eterno sentir...

Ana Carvalhosa