terça-feira, 15 de agosto de 2017

DOU-TE A MÃO




DOU-TE A MÃO


À tua mão estendo
o meu corpo de verbo
dou-te a mão 
e conto-te meu segredo
de azul paixão
vermelha intenção
tocar a ponta dos teus dedos
e coroar a nossa união
perdida no silêncio
das palavras de sempre e então
uma letra miúda e pequena
que se estende no universo
no eco do horizonte 
um pulsar de coração
és tu meu irmão
uma folha caída na calçada
uma outra ainda despida
da tua sólida letra
que faz-se mantra
ilumina e conforta
todo o alfabeto 
que a linha divide e comporta
uma outra linha
que ninguém se importa
estendida no verbo do teu corpo
dás-me mais do que a mão
algo que não se define
por não ter definição
é incondicional e com razão
a promessa que cumpro missão

© Ana Carvalhosa