quarta-feira, 28 de maio de 2014

CRENÇA




CRENÇA


Já te sentiste diferente assim:

Num desses dias, por um minuto,
abriste os olhos devagar,
levantaste a cabeça
e percebeste
que já os olhos abriras mais do que era uso até então,
e sentiste-te grande…
Olhaste para baixo
e viste os teus pés mais compridos,
as tuas pernas mais longas
e as tuas mãos agigantadas…
De espanto movida, contorceste o teu tronco,
levantaste um pé depois do outro, num passo,
e com a força do impulso dos braços, nesse teu passo,
sacudiste as folhas das árvores, 
levantaste o pó do chão
e fizeste rolar umas pedras do teu caminho…

Já te sentiste por certo assim:
com o que chamo de crença,
pois que, só crendo,
minguarias distâncias,
removerias barreiras
e te sentirias tão grande…!

(tens impossíveis possíveis de ter…)

Sérgio Lizardo