Canta-me dessa maneira…
Noutro tempo já se dizia
Que o fado era português
Somos um povo com alegria
E nosso coração vive a magia
Do amor que no fado se fez
Era assim que se cantava
E se alegravam os corações
É que o fado nos irmanava
Numa viela a nós se juntava
Vinham ao de cima as paixões
Cantava-se em qualquer colina
Da nossa bela Lisboa
Não abundava gente fina
Mas quem tinha na sua sina
Cantar até que a voz lhe doa
Cantava-se dessa maneira
Com o seu quê de espiritual
Era bendita a brincadeira
E até se dizia uma asneira
Era fado, não havia igual
Eram vozes de tão roucas
Que encantavam no seu chorar
E as guitarras em mãos moucas
Dedilhadas por gentes loucas
Mostravam como se devia amar
Ai quem me dera voltar a ouvir
Esses lindos fados d’outrora
Mas que beleza de sentir
Em que ninguém queria mentir
E não me apetecia vir embora
Armindo Loureiro