quinta-feira, 26 de junho de 2014

DEFINIÇÃO DO AMOR





DEFINIÇÃO DO AMOR


Bem ali, na esquina do verso, numa noite vestida de estrelas e envolvida em um manto de luar estava marcado o encontro... Um encontro dos deuses que compõem a estrutura do poema. A prosa não compareceu por pura falta de tempo devido ao gênio deveras prosa; estava toda enrolada a contar causos enormes e encantar leitores apaixonados! Na verdade, quis deixar o assunto para ser r...esolvido pelo poema e demais componentes do universo poético! Os gêneros lírico, dramático e épico, mandaram mensagem dizendo que estavam muito ocupados arrancando lágrimas emocionadas de corações preciosos, mas que, certamente estariam presentes na resolução do problema. A métrica não veio, porque a escansão dos últimos trabalhos estava toda errada, o que atrapalhou sua participação, ainda para piorar estava enfrentando uma desenvergonhada série de plágios em poemas consagrados, coisa de arrepiar! Descansava dessa luta em momentos que sorria em lindas e metrificadas obras! A falta de ritmo em um acervo de poemas deixara a estrutura poética meio que depressiva, mas precisava tocar em frente os ensejos desse mar de poetas sonhadores e sensíveis! No jardim das rimas emparelhadas a ordem era passar na esquina dos versos livres, um pouco acima da esquina do verso rimado, para irem juntos e isso complicou a vida destas, o que resolveu-se rapidamente com uma ajudinha do vento que muito solidário soprou com carinho a ajudou-as a chegar a tempo. Ficaram bem juntinhas, tagarelando sem parar; mal sabiam do que se tratava a reunião. As rimas alternadas, bem mais sensatas ficaram atentas e, de vez em quando davam uma olhada com jeito de mato para as rimas preciosas, que aparentavam serem um pouco orgulhosas! Metidas a besta, eu diria, não opinaram alegando que ocupavam uma posição privilegiada e não podiam ficar reclamando dos poetas, por aí. Eu, para falar bem a verdade às achei meio..., excêntricas. O tumulto ficou por conta das palavras que estavam indignadas pela mutilação que sofrem seguidamente. Também se sentiam indignadas com o lado podre que estava infiltrando palavras de baixo calão, escandalizando a senhora magia, tão meiga e cheia de luz. A pontuação estava de mau humor pela indiferença, ou com o mais que se torna menos... Mas, a calçada do poema conseguiu apaziguar os ânimos. A Poesia, linda em seu caráter que emociona, toca a sensibilidade e sugere emoções, com seus sonhos, alma e inspiração, ficou calada, pois não quisera pôr lenha na fogueira e qualquer manifestação da parte desse lado emotivo ferveria os ânimos... - Melhor ouvir sem intervenções (Afirmara com categoria). Alguns elementos chegaram depois que a reunião havia acabado, mas assinaram a ata, concordando com o resolvido. A calçada do poema abriu a reunião apresentando a pauta que denominava o seguinte conteúdo: Procura-se um poeta que defina o amor. E explicou: - Todos falam sobre ele, mas ninguém o define... Seria porque não tem definição para esse sentimento? Num dia o amor traz felicidade, no outro é motivo de dor e lágrimas... Enfim, lançamos o desafio e estamos a disposição dos poetas para ajudar - nesse ponto a poesia se manifestou e pediu que fosse colocada na resolução, porque definir amor, sem poesia é perder tempo. Discutidos os assuntos, marcaram a próxima reunião nas badaladas do tempo, com muitos poemas de amor em sua majestosa definição.


Elair Cabral