ACORDA-ME LÁ
PARA O FIM DE SETEMBRO
Acorda-me lá para o fim de Setembro
quando os patos selvagens partem
e as ilusões param
de cozinhar ao sol...
podemos então ficar na sombra
das últimas folhas a cair das árvores
e, suavemente ensaiar
cantos de despedida...
vindimar a vida
separar as castas
e beber vinho novo
e atravessar rios, ainda calmos...
por passadeiras de granito
firmes entre os rápidos de água fria...
das últimas folhas a cair das árvores
e, suavemente ensaiar
cantos de despedida...
vindimar a vida
separar as castas
e beber vinho novo
e atravessar rios, ainda calmos...
por passadeiras de granito
firmes entre os rápidos de água fria...
podemos então dormitar
ao sol doirado
do entardecer de nós...
olhar o céu
e deixar a alma migrar
até outras terras
onde ainda é permitido existir apenas
sem contas correntes, sem luto
sem a tormenta agonizante
sem a alternativa
de esperar o fim da nossa vida...
Acorda-me lá para o fim de Setembro
doirada ainda, vermelha e roxa
a ver se me lembro
de como se fermenta o mosto
do perfil honesto do meu rosto...
r.r. - Rosa Ralo
r.r. - Rosa Ralo